Em geral, jogos de VR são feitos por times menores e orçamentos mais baixos. As exceções acabam sendo apenas os jogos first party, como Blood & Truth. Golem vem num meio termo. Ele definitivamente não é de baixo orçamento, e está entre os jogos mais ambiciosos da plataforma. Venha ler nossa análise Golem VR.
ANÁLISE GOLEM VR
Golem é feito pela Highwire Games, empresa formada por uma galerinha que trabalhou na Bungie em jogos como Halo. Mas este não é um shooter. Trata-se de uma interpretação light de uma mistura metroidvania com hack and slash. Acredito que é o primeiro jogo nesta linha feito para VR, o que é o suficiente para que ele chame a atenção. Muitas pessoas reclamam que temos apenas tech demos e jogos simples em VR. Este é um típico jogo de console. Os resultados atingidos são outra história.
Você controla uma criança capaz de controlar golens. Seu objetivo a princípio é apenas sair da área protegida da cidade em busca de tesouros. A região é patrulhada por golens hostis. Mas mais importante do que isso: várias áreas podem ser acessadas apenas por golens usando máscaras específicas. Então após a introdução mais linear, você basicamente sai procurando por outros golens que estão usando as máscaras que ainda não tem.
O jogo também tem um fator roguelike. O mundo é inteiro feito a mão, e igual para todo mundo. Porém, ao morrer, você volta para o seu workshop, basicamente na entrada da cidade. Não há checkpoints, mas há atalhos que, na tradição Dark Souls, são abertos após você ter feito o caminho mais longo e encontrado o outro lado.
Outro aspecto roguelike é que, quando seu golem é destruído, todo o equipamento é perdido. Você equipa cada golem com três itens: uma joia que determina sua vida, uma máscara que abre caminhos e uma arma que serve para… bem, ataque.
Assim, não vale a pena usar uma nova máscara a não ser que você saiba onde está a porta que ela abre, ou você pode perdê-la e ter que caçar outra. Há armas e joias básicas, mais fracas, então nunca rola um game over propriamente dito. Mas boa sorte tentando se defender com a espada enferrujada (a de menor nível).
DUELOS
Golem é um jogo de exploração e duelos. Ele é controlado com um único Move, ou com um Move e um Dualshock. No primeiro caso, você se movimenta inclinando sua cabeça para frente. Não é confortável. No segundo, o Dualshock serve apenas para você se movimentar com a alavanca.
O combate é interessante e intuitivo, ao mesmo tempo que é difícil e tenso. Quando você está frente a frente com um golem, deve bloquear seus ataques, fisicamente colocando sua arma na frente da dele. Após uma sequência de ataques, uma parte do corpo dele brilhará. É sua deixa para atacar ali e fazer dano.
Os inimigos vêm com vários tipos de armas, que devem ser bloqueados de formas diferentes. Se um ataque de espada pode ser bloqueado simplesmente segurando o Move de forma perpendicular ao golpe, uma lança deve ser golpeada antes de ela te atingir. E daí tem os golens gigantes que carregam machados. Estes eu imagino que você deve se movimentar para escapar de seus ataques até ele ficar vulnerável, mas admito que terminei o jogo sem ter vencido nenhum deles.
Há também inimigos mais fracos, que atacam com flechas. Estes morrem com um simples toque da sua arma, e são bem menos perigosos. E é assim que Golem funciona. Agora vamos para a parte opinativa da análise.
A PARTE OPINATIVA DA ANÁLISE GOLEM
Eu terminei Golem em três sentadas. Na primeira, fui obrigado a interromper o jogo, pois ele me deixou tão enjoado que estava a ponto de vomitar. Na segunda, a coisa rolou melhor, e eu consegui curtir a experiência. Na terceira, cheguei ao fim da história.
Golem segue aquela linha de gamedesign que está em voga nos últimos anos, de não guiar o jogador. Ele nunca diz para onde ir, o que fazer, ou com quem lutar. Há alguns trechos mais lineares, em que você passa por desafios e puzzles específicos, mas o grosso do gameplay é simplesmente procurar para onde ir.
Some isso ao fato de a morte ser bastante frustrante. Você pode não apenas perder 20 minutos ou mais de progresso, mas também “gastar” aquela arma pintuda da qual você só tinha achado uma. E essa é justamente a ideia. Golem se orgulha de ser um daqueles jogos high stakes, em que muito pode ser perdido com uma pequena distração.
E aí eu questiono: isso parece apropriado para VR? Golem não é especialmente longo (devo ter terminado a campanha em pouco mais de duas horas), mas se perder progresso já é ruim em um jogo normal, em VR é ainda pior, uma vez que a tecnologia está longe de ser especialmente confortável.
Tirando quando Golem me deixou enjoado, eu me diverti com ele. Mas não curti a tensão de perder muito progresso por uma bobeirinha. Além disso, ele não mostra sua barra de vida, mas não tem como recuperá-la. Isso significa que você está sempre fazendo um teste de resistência. Cada golpe levado é um a menos que dá para levar na próxima luta. Assim, o combate, que é o que ele tem de mais interessante, acaba sendo algo melhor evitado.
Golem é uma experiência única no PS VR, sendo um jogo muito mais tradicional do que o que normalmente vemos na plataforma. Ele exige, porém, alta tolerância a frustração e bastante paciência para refazer os mesmos caminhos muitas vezes. Se você se encaixa no perfil, vale conhecer.