Um brinde a jogos de ação descompromissados! Hoje é dia de nossa análise Evil West, um divertidíssimo game de porrada em que você é um cowboy distribuindo sopapos em vampiros. E, ao contrário do promissor e decepcionante Cowboys & Aliens, este consegue satisfazer com sua premissa ao mesmo tempo boba e divertida.

ANÁLISE EVIL WEST

Uma das primeiras coisas que chama atenção aqui é que, apesar de ser um game passado no velho oeste, ele não é de tiro. Sim, há tiros, mas ele é muito mais próximo de um beat’em up do que de um shoot’em up. Pense em um Devil May Cry, porém ao invés de espadas gigantes, o herói tem uma manopla avantajada.

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Eu chamo meus punhos de Leste e Oeste.

Assim como os games que o inspiraram (Devil May CryNinja Gaiden, etc), há uma infinidade de armas. Claro, tem os básicos revólver, rifle e escopeta, mas tem também lança-chamas, metralhadora e todas as mágicas absurdas que sua manopla do infinito é capaz de fazer. Por exemplo, dá para puxar os inimigos ao mesmo tempo em que os eletrocuta. Ou então dá para se teleportar até eles, ao mesmo tempo em que os eletrocuta. Não interessa o que faça, você os eletrocuta, é o que estou querendo dizer.

ANÁLISE EVIL WEST: EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ

Todas as armas de fogo e várias das suas habilidades mais poderosas funcionam em um sistema de cooldown. A escopeta, por exemplo, faz miséria com os vampirosos, mas tem que ficar um tempo “dormindo” até uma nova miséria. Também é legal como os controles adaptam várias armas sem precisar selecioná-las com antecedência. Por exemplo, o quadrado usa escopeta. R2 sem mirar usa revólver. Por fim, atirar com R2 enquanto mira com o L2 usa o rifle. Legal, né?

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O jogo faz um excelente trabalho em apresentar dezenas de armas e habilidades dando tempo para você aprender a usar todas com calma. Você passa literalmente toda a campanha adquirindo novas formas de matar vampiros, e não demora para se ver combinando todas as habilidades em um único combate.

Aí entra um pouco de Doom Eternal. Os inimigos mais fraquinhos servem basicamente para recuperar vida enquanto você machuca os pintudões. Então usar todas as habilidades não é um luxo ou vaidade, mas necessidade. Você precisa saber quando distribuir dano massivo ou quando usar seus movimentos de recuperação. Pelo menos na dificuldade padrão.

OPÇÕES DE DIFICULDADE

Eu comecei a jogar Evil West no normal, mas estava morrendo muito. Praticamente em todas as cenas de ação, eu morria algumas vezes. Não queria mudar para o easy, descrito pelo game como “uma opção sem dificuldade nenhuma, para quem quer focar na história”. Eventualmente, precisei mudar. E foi a melhor coisa que eu fiz. O easy é o equivalente ao normal em um Uncharted ou The Last of Us, muito distante de um modo história. Inclusive, acredito que deveria ter uma dificuldade mais baixa ainda, pois imagino que muita gente não será capaz de terminar Evil West nem no fácil.

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O primeiro grande chefe foi quem me convenceu a abaixar a dificuldade.

Especialmente os chefes são a única parte realmente pentelha do jogo, pois todos têm barras de vida enormes, em batalhas que duram muito mais do que o necessário. O chefe final, em especial, é daqueles que me dá uma preguiça de jogar de novo, só de pensar em repetir aquela luta.

LINDA SIMPLICIDADE

Evil West mostra bem a diferença entre simples e simplista. Temos aqui um jogo de ação, cujo único objetivo é divertir o jogador. As fases são lineares e cheias de porradaria. A história é uma divertida bobagem. Não é nada que vai marcar sua memória, mas usa bem a temática de misturar cowboys com vampiros em meio a piadas e linguagem de filmes B. E, claro, as cutscenes são totalmente animadas e faladas.

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Além disso, Evil West não tem nada daquelas pragas que infestam games de alto orçamento. Não tem lootsidequests, mundo aberto. Acredita que não tem nem crafting? Quando foi a última vez que você jogou um videogame sem crafting? 2008? Talvez 2010? E, meu amigo, é tão bom jogar algo em que suas melhorias são todas compradas com XP ou dinheiro, sem ter que fazer microgerenciamento de um milhão de moedas e materiais diferentes. Por que os jogos deixaram de ser assim mesmo?

FEIA SIMPLICIDADE

Na verdade minha principal reclamação com Evil West também deriva de sua simplicidade. As fases são legais. Artisticamente muito bonitas, com layouts interessantes e tudo. Porém, o combate existe quase exclusivamente em grandes arenas. Durante quase toda a campanha, você explora caminhos estreitos, resolve quebra-cabeças e tal, e então chega a uma arena bem larga. Daí começam a vir inimigos, dezenas deles de uma vez. Mate todo mundo e progrida para explorar mais um pouco.

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Isso é algo que me incomoda em outros games de ação, como Doom Eternal ou o próprio Shadow Warrior 3, também da Flying Wild Hog. Acredito que um jogo de ação deve ter algumas grandes arenas com batalhas épicas, mas não ser apenas isso. É legal encontrar inimigos pipocados pelas fases também. Evil West faz isso em alguns pontos, mas em geral você sabe exatamente quando as batalhas vão acontecer. Ou seja, sempre que aparece um espaço grande e circular.

A ARTE EM SER AA

Evil West é totalmente AA, um tipo de jogo que existia de montes na geração do PS3, mas que hoje em dia são mais raros do que unicórnios. São games bonitos, que até impressionam visualmente, mas trazem estéticas e qualidades diferentes da turma do big money.

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Evil West é muito bonito.

Em especial, Evil West tem um visual estilizado que me lembra bastante Darksiders – e eu adoro. A coisa não é realista como um The Last of Us. Tem um jeito de cartoon/gibi muito legal. A cara da coisa tudo deixa claro que não é um game de baixo orçamento, mas o jeitão estilizado permite que ele seja bonito e impressionante sem precisar do dinheiro e do tempo investidos em um God of War Ragnarok.

VERMELHO É A COR MAIS QUENTE

Visualmente, meu único incômodo com Evil West é que às vezes ele deixa as cores saturadas demais. Em especial, o vermelho. Tem fases, várias delas, que são tão vermelhas que chegam literalmente a machucar os olhos.

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Quando a única cor que você enxerga é vermelho.

Também encontrei alguns problemas técnicos que incomodaram bastante. Em especial com o som. Tem uma fase em que você precisa manipular uns bagulhos elétricos, que fica com chiado constante. Ou pelo menos eu achei que era intencional. Quando este mesmo chiado voltou a acontecer em uma fase sem trovões, estranhei e resolvi restaurar o save, e o problema foi resolvido.

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Algo de errado não está certo com este reflexo.

Estes pequenos problemas técnicos incomodam, assim como o fato de que para jogar a 60fps em um console de última geração, é necessário diminuir a resolução para 1080. A alternativa, que eu usei, era 4K/30, e mesmo assim tem quedas. Porém, é o tipo de comprometimento que estou disposto a fazer. Prefiro lidar com problemas técnicos e performance abaixo do esperado do que com lootssidequests.

ANÁLISE EVIL WEST: UMA DELÍCIA DE DUAS GERAÇÕES ATRÁS

Evil West é o tipo de jogo de ação que aparece uma ou duas vezes por ano atualmente. O tipo de experiência rara, que não traz os vícios dos AAA nem dos soulslikes. E, como tal, merece ser desfrutada com calma e apreço.

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Tipo assim.

É o tipo de jogo que eu comprava de montão para o meu PS3, games que não se tornavam grandes sucessos, mas que fazem a gente se lembrar que videogames existem, antes de mais nada, para divertir. A maioria desses games, infelizmente, ficou naquela geração (lembra de Wet?), sem terem recebido relançamentos ou versões retrocompatíveis no Xbox.

É um triste fim para obras que, para mim, definem videogames. Porém, de vez em quando temos novos lançamentos que restauram aquele tipo de experiência. E se você, assim como nosso amigo Danny Trejo, só quer “jogar um game”, Evil West é simplesmente imperdível.