Assista a um trailer. Veja imagens. Não tem como fugir disso, este é um Cuphead cover. As semelhanças são tantas que é até curioso que a editora Perp Games não cite a inspiração no release, como Salt and Sanctuary fazia com Dark Souls, por exemplo. Então adivinha só, hoje é dia da nossa análise Enchanted Portals.
ANÁLISE ENCHANTED PORTALS
Enchanted Portals é um run and gun, plataforma 2D, não tão diferente de Contra. O que o torna um cover de Cuphead é que o jogo usa as mesmas mecânicas, tem o mesmo feeling e, especialmente, o mesmo foco em batalhas contra chefes e visual de desenho animado.
O que o diferencia de Cuphead é que ele não é apenas uma sequência de chefes, mas um jogo run and gun mais tradicional. Antes de cada chefe, há fases tradicionais, do tipo “ande para a direita e atire”. Sim, Cuphead tinha algumas dessas, mas era bem pouco. Aqui todo chefe vem precedido de algumas fases normais.
A DIFICULDADE DE CUPHEAD
A primeira fase é extremamente fácil e chatinha. Fica ainda mais chatinha por causa da IA que faz os inimigos se posicionarem em pontos onde seus tiros não alcançam (você pode apenas atirar em oito direções). A dificuldade só aparece mesmo quando você chega no primeiro chefe. Porém, depois disso o jogo mostra os dentes, e demonstra ser difícil ao extremo em qualquer dificuldade, mesmo no easy. Morrer volta do início da tela ou do início do chefe. Porém, sair do jogo no chefe faz voltar ao início da fase, o que é extremamente desnecessário.
Assim como em Cuphead, os chefes te atacam em padrões, que não necessariamente dependem da sua localização na tela. Porém, eles enchem a tela de tiros e ataques, então é aquele esquema: você nunca vai passar de primeira. Precisa analisar os padrões e ver o trajeto que precisa fazer para ficar incólume.
Há uma barra de vida, mas é uma bolinha representada pelas cores verde, amarelo e vermelho, mas a cor não muda a cada ataque. Ou seja, você tem mais do que três hitpoints, mas não sabe quantos exatamente. Então nunca sabe a quantos hits está da morte. Os chefes são visualmente trabalhados e o visual em geral é muito legal. É impressionante ver um jogo que seja praticamente um desenho animado, e é difícil entender porque este tipo de visual não é mais usado atualmente.
SEM O CARISMA DE CUPHEAD
Apesar de o visual impressionar, tem alguma coisa errada aqui. Os controles não são tão precisos, e a sensação é que estamos jogando um daqueles jogos em flash do início dos anos 2000. Falta impacto e peso. Enchanted Portals remete a Cuphead, mas simplesmente não compartilha da sua qualidade de gameplay. Parece um cover de boteco, entende? E é curioso falar isso, porque, mesmo assim, o visual é bonito e impressiona.
Completando esta impressão de ser “amador”, as fases parecem ser aleatórias. Os inimigos vêm diferentes a cada nova tentativa. Na fase da selva, acima, você deve pular entre jacarés, como em Pitfall, e os jacarés pulam de vez em quando, matando quem estiver em cima. Porém, isso é totalmente aleatório, sem nenhum ritmo ou aviso de que eles estão para pular. É comum você pular na direção dele e imediatamente ele decidir atacar. Isso deixa muito mais frustrante e menos ritmado e polido do que seria um outro jogo de plataforma mais caprichado.
ANÁLISE ENCHANTED PORTALS: O FIM
Cuphead era tão bom que eu gostei dele, apesar da dificuldade exagerada. Enchanted Portals é bonito o suficiente que eu talvez tivesse gostado dele mesmo sem ele ser tão bom. Porém, ele não poderia ter a dificuldade exagerada que tem. Simplesmente não é legal ficar muito tempo passando das fases, chegar em um chefe e travar. Daí você resolve tentar de novo no dia seguinte e descobre que seu save ficou antes das fases pelas quais penou para passar.
Só dá para recomendar Enchanted Portals para aqueles que gostaram muito de Cuphead e querem jogar mais de algo naquele estilo, mesmo que seja muito inferior. Para outras pessoas, é melhor ficar com Cuphead mesmo. Ou com qualquer jogo mais fácil.