O que torna um jogo ruim? Ele não funcionar direito? O gameplay ser ruim? Falta clima ou criatividade? Seja qual for sua resposta a essa pergunta, pode apostar que isso será abordado na minha análise Dreadout 2.

ANÁLISE DREADOUT 2

Dreadout 2 é um survival horror que se passa e foi feito na Indonésia. Para nós, brasileiros, isso não deixa o jogo tão diferente do que um passado no Japão ou China. Ainda assim, ele traz aspectos da cultura indonésia que o tornam diferente e interessante. Não tanto quanto Fobia, por exemplo, mas o suficiente para eu querer dar uma chance a ele. Amigo delfonauta. Eu me arrependi forte.

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Dreadout 2 até tem uma temática bacana, mas infelizmente as qualidades param por aí. Não sei nem se começo falando dos seus muitos problemas técnicos ou do seu gameplay. Joguei uma moeda para cima para decidir. Quer saber o que deu?

ANÁLISE DREADOUT 2: GAMEPLAY

gameplay combina exploração, solução de quebra-cabeças e dois tipos de combate. Tudo isso, absolutamente tudo isso, é péssimo. Na exploração, você normalmente não sabe para onde ir. A maior parte do jogo é linear, no sentido que você deve ir a lugares específicos para avançar a história. Por exemplo, em um dos primeiros objetivos, você deve ir à escola e sentar na sua cadeira. Dá para pegar um táxi que te coloca na “fase escola”. Mas daí você aparece na entrada, com a escola inteira para explorar e absolutamente nenhuma dica de qual a sua sala e, dentro dela, qual a sua cadeira.

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Dica! Dica!

A escola tem vários andares, mais de uma dezena de salas de aula que você pode explorar. E mesmo quando você estiver na certa, precisa se aproximar de uma cadeira específica (entre mais de 40 disponíveis) na sala para acender o prompt de sentar, e então avançar a história. E são coisas que a protagonista deveria saber. Afinal, se não é seu primeiro dia na escola, espera-se que você saiba onde deve ir para as aulas.

Este é só um exemplo sem spoilers do início da campanha, mas este tipo de coisa acontece durante toda a campanha. Tirando as fases que são realmente lineares, do tipo que só tem um caminho para andar, você nunca sabe para onde ir. E mesmo nas lineares, os cenários costumam ser tão iguais que mais de uma vez eu me via voltando depois de um combate e só depois de um bom tempo andando sem nada acontecer, deduzia que precisava ir para o outro lado. E daí tem o combate. Dois deles.

ANÁLISE DREADOUT 2 E OS DOIS TIPOS DE COMBATE

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A coisa não é estratégica. Dependendo da fase, você tem que lutar de um jeito específico (o outro modo fica desativado). O mais tradicional envolve atacar com uma faca ou um machado. Você pode também segurar o X para usar o flash do celular e atordoar os inimigos. É lento demais, e carece de impacto. Um único ataque com o machado, por exemplo, deve durar cerca de quatro segundos. Se você erra a mira, fatalmente será atacado. Às vezes você é atacado mesmo acertando a mira. Mas pelo menos faz sentido. Você sabe quando errou e por qual motivo. Pior ainda é o combate com a câmera do celular.

Dreadout 2 tenta copiar o combate de Fatal Frame, mas falha miseravelmente nisso. Você machuca os fantasmas tirando fotos deles. Porém, não basta tirar fotos bem enquadradas, usar o filme correto ou outra coisa que faça sentido do Fatal Frame. Aqui parece aleatório. A câmera só machuca os bichos se você tirar a foto quando ela estiver dando um glitch.

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Mas como ativar esse glitch? Ninguém sabe! Alguns casos de inimigos mais fracos, basta manter a cabeça dele dentro da mira por alguns segundos. Mas a maioria precisa ser enquadrada em momentos específicos, de forma altamente específica, que nem assistindo a vídeos de outras pessoas jogando fica claro. Um dos muitos chefes, por exemplo, deve ser atacado quando está carregando uma bolinha brilhante.

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Olha ela aí.

O momento era claro. Porém, não importava se eu a focava perfeitamente, se segurava a mira alguns segundos nela… o glitch parecia aleatório. A ponto de eu ficar vários minutos tirando DEZENAS de fotos sem absolutamente nenhuma danificar a chefa.

O PIOR COMBATE CONSEGUE FICAR PIOR SE O JOGO NÃO É CLARO

Este combate com a câmera é ridículo de tão ruim. Chefes que deveriam ser vencidos em dois ou três minutos levavam 40 – e eu não estou exagerando. Não há barra de vida para a heroína, mas mesmo isso parece ser aleatório. O primeiro inimigo que você encontra te mata em dois golpes. Outros, maiores e aparentemente muito mais poderosos, te atacam dezenas de vezes sem acontecer nada além de cair no chão e levantar em seguida. A única comunicação que você tem do seu estado de saúde é que as cores da tela vão sumindo. Porém, nunca dá para saber com quantos golpes você morre.

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Assim, não é difícil de não morrer nos muitos chefes de Dreadout 2. Demora alguns minutos para se recuperar de uma tela em preto e branco para uma colorida, mas a maioria dos chefes demora o suficiente para te matar que dá para se afastar e recuperar vida.

Como demora para você morrer, mas você nunca sabe o que exatamente deve fazer para atacar, cada um desses chefes se alastra por dezenas de minutos. Às vezes você dá sorte e consegue machucá-lo três vezes em um minuto. Outra, mais de dez ciclos minutais se passam sem absolutamente nenhum avanço. Absolutamente todos os chefes do jogo, ao serem vencidos, arrancaram de mim alguma reclamação do tipo: “caramba, até que enfim!”.

ANÁLISE DREADOUT 2 NÃO FUNCIONA

E daí chegamos aos glitches. Para começar, a taxa de quadros é uma das piores que eu já vi. O jogo constantemente dá pausas de até um segundo. Sim, sempre quando salva, mas também quando você está simplesmente girando a câmera ou falando com outro personagem. Além disso, os gráficos já não são bonitos, mas ficam constantemente “sendo construídos” na sua frente. Tipo, se você está andando na grama, a textura e as folhas aparecem quando estão quase a seus pés. E isso nos leva ao principal e mais inadmissível problema.

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Isso não é um lago com reflexos. É o chão que não carregou.
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Aquela sombra ao longe deveria ser revelada em breve de forma assustadora. Mas a parede não carregou, e eu vi um spoiler antes da hora.

Isso acontece A TODA HORA! Tem fases lineares que você precisa parar de avançar para esperar a fase carregar. Você fica parado, olhando para o nada, esperando o cenário aparecer.

Tem uma cena em que você deve fugir de um monstro. E acredita que o meio do caminho não carrega a tempo? Se você correr o mais rápido possível, como normalmente se faz nessas cenas em jogos de terror, vai chegar em uma área sem chão e cair no infinito. Sério mesmo.

Eu morri várias vezes para passar daí porque o monstro me alcançava antes de o caminho aparecer. Na vez que passei, fui até a pontinha do chão visível e, quando o monstro estava chegando, o chão carregou, e eu pude avançar. Ridículo, cara!

POR QUE VOCÊ CONTINUOU JOGANDO?

Boa pergunta, delfonauta do intertítulo misterioso! Eu queria gostar de Dreadout 2. Ele tem momentos intrigantes, em que dá para sentir que ele estava perto de ficar legal. Porém, a construção do jogo nunca é boa o suficiente. É como uma casa que até parece bonitinha, mas quando você chega perto, vê que é de papel e ela desaba na sua cabeça. Mas o papel tem peso de chumbo.

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Esta imagem, por exemplo, parece de um jogo muito melhor do que o que descrevo aqui, não acha?

Mas a resposta real é que eu peguei Dreadout 2 a trabalho. Cada vez que sou obrigado a desistir de um jogo e me contentar em escrever um artigo de impressões, me sinto derrotado. E normalmente isso é o que acontece mesmo. Quase todo artigo de impressões que você vê escrito aqui no DELFOS é porque, por mais que tentasse, eu não conseguia avançar mais. Geralmente isso acontece pelo jogo ser difícil demais e não dar opções, mas já aconteceu de o jogo ser quebrado e ter a progressão impossível mesmo.

Nenhum desses casos se aplicava a Dreadout 2. Ele é quebrado, mas nenhum dos seus problemas impediu meu progresso em definitivo. E, mesmo nos chefes que eu conseguia atacar uma vez a cada cinco minutos, eu eventualmente conseguia algum progresso. Minha campanha em Dreadout 2 consistiu de eu constantemente pensando que era hora de desistir, mas daí passava e resolvia jogar mais um pouco. No fim, consegui terminar a história, mas foi sofrido e não me diverti nem um pouco. Dreadout 2 é uma porcaria irredimível. Não gaste seu tempo nela.

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Que foi? Eu… uhn… me cortei fazendo a barba.
REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-dreadout-2-reviewDisponível: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Windows<br> Analisada: Xbox Series X<br> Desenvolvedora: Digital Happiness<br> Editora: Digital Happiness/Digerati<br> Lançamento: 21 de fevereiro de 2020 (Windows), 15 de julho de 2022 (consoles) Gênero: Survival Horror