Double Cross é vendido como um Mega Man-like, mas sabe que, tirando o visual, eu não vi muita semelhança entre os dois? Esta é nossa análise Double Cross.
ANÁLISE DOUBLE CROSS
Curiosamente, o jogo que Double Cross mais me lembrou foi Guacamelee, curiosamente, meu escolhido para o melhor game de 2018. Double Cross não é um metroidvania, mas um jogo de ação dividido em fases lineares. Porém, o gameplay, as habilidades da protagonista, os desafios e até o combate são bem semelhantes aos de Guacamelee.
Infelizmente, Double Cross não é tão gostoso de jogar quanto sua potencial inspiração. Na verdade, embora ele nunca seja ruim, raramente é mais do que um entretenimento passageiro.
Há bastante foco na história. Você é a agente Sinclair, funcionária do Rift, uma agência que cuida de viagens interdimensionais. Um ataque pega a agência inteira de surpresa, e tudo indica que foi um trabalho interno. Cabe a você agora acumular dicas e solucionar o mistério de quem é o traidor.
MEGA MAN-LIKE
Talvez a fonte de inspiração mais clara que este tem em Mega Man é que você pode jogar cada uma de suas nove fases principais em qualquer ordem. Elas são divididas em três casos (mundos). Ao contrário do clássico da Capcom, não há uma ordem certa. Você precisa passar por todas e vai recebendo as supracitadas dicas conforme avança a história. Junte todas as dicas de um caso e você abre a fase final daquele mundo, onde você deve prender um dos bandidos, o que obviamente gera uma batalha contra um chefe grandão.
Solucione os três casos e você abre a área final. Neste aspecto é parecido com Mega Man, mas jogá-lo é bem diferente. Aqui você é muito mais ágil do que o robozinho azul, e ataca com socos e chutes, não com tiros.
As fases são bem diferentes entre si, o que é ao mesmo tempo bom e ruim.
BOM E RUIM
Acontece que em quase todas elas há uma nova mecânica. Algumas são focadas em porrada. Outras são plataformas normais. Em outras, você usa ganchos e em outras ainda, tirolesas. É bom porque a variação de gameplay é enorme. E é ruim porque algumas delas, como as tirolesas, são excelentes, e são usadas apenas uma vez.
A exceção é a última área, que combina tudo que você aprendeu ao longo de toda a campanha e, desta forma, acaba sendo o melhor ponto do jogo. Neste aspecto, ele me lembrou aquele Prince of Persia de 2008, em que cada nova área apresenta uma nova habilidade, mas só a última combina tudo. E, assim como no Prince of Persia, isso é uma oportunidade perdida.
Isso também deixa o jogo um tanto irregular, pois se algumas das mecânicas são bacanas, outras tornam algumas frases bem sofridas. Duas, em especial, se destacam negativamente: uma composta por uma sequência de minigames em que você precisa fazer uma quantidade específica de pontos, e outra que envolve ser perseguido por uma geleca gigante.
A maior parte das missões, na real, são meio sem sal mesmo. Teve umas três que me empolgaram, mas na maior parte do tempo elas eram bem basiconas. E, convenhamos, o audiovisual não ajuda.
IMAGENS EM AÇÃO
Os personagens desenhados à mão são bem simpáticos, em especial o agente Abacaxi que é, adivinha só, um abacaxi mestre dos disfarces.
Porém, a beleza do jogo acaba aí. Embora os bonecos sejam bonitinhos parados, eles são muito mal animados. O cenário também é totalmente sem inspiração, com poucos detalhes e cores. Mas ei, pelo menos não é pixelado.
A música é ainda pior. Em geral, uma trilha sonora fraca é facilmente ignorável nos games, mas este é um dos raros casos que ela detrai da experiência. A maioria das canções são apenas barulhinhos aleatórios, sem ritmo ou melodia. Apenas duas me agradaram – e uma delas toca apenas nos créditos. As outras literalmente me incomodavam enquanto jogava.
Isso é uma pena, uma vez que jogos de plataforma são, talvez, os mais focados em diversão. E um esplendor audiovisual colabora bastante para isso. Sabe aquela alegria que você sente jogando um clássico do Super Mario enquanto cantarola as musiquinhas? Double Cross está no extremo oposto.
Assim, ele subsiste graças ao seu gameplay, mas mesmo neste aspecto é rara alguma inspiração considerável.
RAZOABILIDADE
Double Cross não é ruim, mas falha em empolgar. É o tipo de jogo que você joga até o final numa boa, modestamente entretido, mas dificilmente vai se lembrar um tempo depois.