O delfonauta sabe que eu adoro beat’em ups. Um dos representantes modernos do gênero mais queridos é Castle Crashers, clara inspiração para Die For Valhalla, tanto no visual quanto na jogabilidade.

DIE FOR VALHALLA!

E o visual é muito bonitinho. É cartunesco e cheio de animações engraçadinhas, o que contrasta com a violência da ação.

Die For Valhalla, Delfos
As boquinhas, em especial, sempre me faziam rir.

As músicas também são legais. Totalmente épicas, também contrastam com o visual fofinho e o humor inocente das cutscenes.

VALHALLA, DELIVERANCE

O combate é rápido e simples. No Switch, onde joguei, você ataca quase o tempo todo com o Y, e o X usa um ataque especial que consome stamina. Há pulo, defesa e evasão, e é basicamente isso. É muito parecido mesmo com Castle Crashers e, no início, é tão divertido quanto.

Die For Valhalla, Delfos
Cada túmulo pode virar um personagem jogável.

O jogo também tem um esquema único bastante interessante. Você joga com uma Valquíria, mas não é ela que vai controlar na maior parte do tempo. Espalhado pelo cenário, há uma pá de túmulos e é possível ressuscitar e possuir os guerreiros vikings que jazem ali.

Isso significa que, quando está dentro de um viking, você é praticamente invencível. Quando um deles é derrotado, a valquíria aparece, e daí você fica vulnerável. Se matarem sua valquíria, volta para o início da fase (há uma dificuldade com permadeath para quem gosta desse tipo de coisa). Porém, sempre há túmulos no cenário, e o próprio guerreiro que você controlava vira um túmulo segundos depois de sua morte. Então basta fugir com vontade quando estiver na pele da valquíria e possuir alguém o mais rápido possível.

Die For Valhalla, Delfos
Com vocês, o Cthulhinho!

Perder um viking vem quase sem punição. Você perde apenas o efeito de poções, que servem como danos elementais para sua arma. Parece fácil, e de fato, na maior parte do tempo é, pelo menos na dificuldade padrão.

WHY’VE YOU EVER FORGOTTEN ME?

Porém, o jogo tem um problema considerável, e a coisa é de design. Ele é procedural. Tudo, desde os desafios de cada uma das fases até o layout dos mapas, é aleatório. Funciona assim, você popa em um mapinha e escolhe a próxima fase entre as opções que dá para acessar.

Die For Valhalla, Delfos
Tipo assim.

Reparou aí em cima que não tem um objetivo claro? Pois é isso mesmo. Você vai simplesmente fazendo uma fase depois da outra, até que o jogo diz que você está pronto para continuar. Neste momento, o objetivo popa.

Die For Valhalla, Delfos
O mesmo mapa, depois de o objetivo aparecer.

Se você sair do jogo e voltar, o layout do mapa será diferente.

O problema de verdade vem nas fases em si. Elas são todas iguais, com apenas umas poucas opções de cenários e sem nenhum senso de progressão. Os inimigos são bem repetitivos. No final de cada capítulo, tem algum desafio aleatório entre alguns poucos disponíveis, como sobreviver um determinado tempo ou proteger um altar.

Die For Valhalla, Delfos
Nunca é uma boa ideia proteger algo.

Se você morrer e escolher o mesmo ponto no mapa, a fase será diferente. Eventualmente, aparece um chefe, que é basicamente um inimigo normal com barra de vida azul e que demora muito – MUITO – para morrer.

PROCEDURAL

As fases de objetivo sempre têm um chefe mais único, e estes demoram ainda mais para morrer. Sem exagero, são batalhas que podem durar 10 minutos ou mais. Impossível não ficar entediado.

Die For Valhalla, Delfos
Este, em especial, pareceu demorar mais de 30 minutos até eu esgotar a barra de vida dele.

O fato de ele ser procedural impediu que eu realmente me animasse desde o início. Porém, depois que você cumpre o primeiro grande objetivo (destruir um de três portais), quase todos os inimigos vêm com essas vidas infladas. Vira e mexe eu ficava simplesmente de frente para um inimigo, batendo três vezes, defendendo e repetindo até o jogo dizer chega.

Não ajuda o fato de Die For Valhalla! ser muito mais longo do que deveria. Eu o joguei por 19 horas e não cheguei a destruir o terceiro portal simplesmente porque não era capaz de suportar mais tamanha repetição.

Die For Valhalla, Delfos
Boa parte do tempo eu não sabia onde estava, mas sabia que tinha que ficar martelando o Y.

Eu queria gostar de Die For Valhalla!, mas ele é simplesmente repetitivo demais para ser recomendável. Beat’em ups são normalmente repetitivos, mas a diferença deste para um Final Fight ou Streets of Rage, ou mesmo Castle Crashers está no fato de que suas fases são todas construídas a mão. Isso permite que o desenvolvedor pense em grupos de inimigos que se complementem e cenários que passem alguma progressão. Aqui, você se sente sempre na mesma arena.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-die-for-valhallaDisponível: PS4, Xbox One, Switch e PC<br> Analisada: Switch<br> Desenvolvedora: Moster Couch<br> Editora: Monster Couch<br> Lançamento: 29 de maio de 2018<br> Gênero: Beat'em up procedural