Surpresas são deliciosas. Por muito pouco eu deixo este jogo passar, mas resolvi investir o tempo e, veja só, gostei MUITO do que encontrei. Venha comigo na nossa análise Bramble The Mountain King.
ANÁLISE BRAMBLE THE MOUNTAIN KING
Vamos começar com o óbvio. Bramble The Mountain King é uma aventura narrativa tematizada nas histórias populares nórdicas. Você controla um menino que sai de casa uma noite para encontrar a irmã. O game começa extremamente lúdico, mas logo fica realmente pesado. Você vai, em alguns minutos, de brincar de esconde-esconde com gnomos e conhecer o Rei Sapo a se arrastar em meio a carne e membros decepados. Tem até assassinato de bebês aqui.
O game começa com um daqueles avisos de conteúdo, dizendo que envolveria temáticas como suicídio e violência contra crianças. Isso já me surpreendeu, mas achei que seria algo mais sutiil. Quando o terror de fato começou, mesmo tendo um aviso prévio fiquei chocado. Sinceramente não esperava que Bramble fosse tão adulto.
ANÁLISE BRAMBLE E OS PEQUENOS PESADELOS
Falando do gameplay, o game mais parecido com Bramble que me vem à mente é o tremendão Little Nightmares. Outro que pode ser citado como semelhante é Inside. Mas Bramble é menos focado em puzzles do que esses. É um game mais direto, em que você está sempre avançando através de um mundo 3D com câmera fixa. Você passa de um perigo a outro, de uma set piece a outra. Eventualmente, tem momentos fortes de leveza, como o esconde-esconde com gnomos. Estes trechos te lembram que você joga com uma criança e acabam tanto servindo como respiro para o terror como também para potencializá-lo enormemente.
A interpretação que ele dá às histórias populares nórdicas é realmente bacana, e diria que gosto até mais dela do que da de God of War Ragnarok. Aqui ele bebe bem mais forte no fantástico e no épico. Tem muito mais criaturas enormes e o mundo é repleto de mágica. O fato de ele se alternar de forma magistral entre o horror e a leveza, em especial, é algo que valorizo muito.
ANÁLISE BRAMBLE E O AUDIOVISUAL
Os gráficos de Bramble The Mountain King são excelentes. São lindos como o Ghost of Tsushima, embora não pareçam caros como The Callisto Protocol. Para mim, pelo menos, o game é esteticamente mais agradável do que o monocromático (e excelente) Callisto. A iluminação e vegetação, em especial, são lindas e impressionantes.
O que o afasta do visual mais realista de um AAA como The Callisto Protocol são os personagens humanos. Não dá para negar que estes aqui estão bem feinhos, a ponto que talvez uma estética mais cartunesca estilo Unravel deixasse o visual mais redondo. Mas a gente sabe que é muito mais difícil – e caro – fazer humanos realistas do que cenários, animais e criaturas, então ainda assim é incrível o que nossos amigos independentes da Dimfrost Studio alcançaram em Bramble. Por outro lado, são poucos os momentos em que os humanos aparecem realmente de perto e, como personagem jogável, o menino funciona bem.
Os sons, por outro lado, são perfeitos. O game é sonoramente um espetáculo. Músicas lindas e assustadoras se revezam com efeitos sonoros e surround impressionantes. A atmosfera é algo vital em qualquer jogo de terror, e Bramble manda muito bem nesse aspecto.
LEVEL DESIGN
Os desafios e coisas que você de fato faz no jogo não são especialmente únicos. Você tem, por exemplo, que se esconder atrás do cenário para escapar do olhar luminoso de um monstro. Tem combate, mas é bem pontual, quase limitado a alguns chefes.
Falando dos chefes, o primeiro que você encontra, o açougueiro, é sensacional. É uma batalha épica e assustadora, mas que dura o que tem que durar e não vai travar ninguém. Eu até pensei que seria legal ter outros chefes desse jeito. Ao mesmo tempo, pensei que a única coisa que impediria Bramble de levar nota máxima é justamente se aparecessem chefes pentelhos. Bom, apareceram.
A segunda chefa, em especial, é até aceitável, embora dure tempo demais. O problema é que quando você a vence, ela levanta e a batalha começa de novo mais complicada. E depois isso acontece de novo. A primeira vez já tinha, para mim, durado mais do que deveria. Ela acontecer três vezes foi o principal motivo para eu me ver obrigado a diminuir a nota final. Pelo menos tem checkpoint entre cada fase, mas não muda o fato de que é uma batalha que pode durar cerca de 30 minutos, sem incluir suas derrotas. Tempo demais para um jogo que, antes disso, era bastante variado.
CONCLUINDO A ANÁLISE BRAMBLE
Um chefe ruim pode ser o suficiente para estragar um jogo, mas felizmente isso não acontece com Bramble. Sim, seria ótimo ter um botão para pular a batalha em questão, mas o resto da campanha é envolvente e emocionante. Bem o tipo de jogo que eu amo, linear e cinematográfico.
Bramble não é um jogo AAA, mas fornece o tipo de experiência que anteriormente era quase exclusiva dos games de alto orçamento. É altamente recomendável para qualquer pessoa que ensaia um sorriso ao ouvir as palavras “linear e cinematográfico”. Se você é um deles, não deixe passar a oportunidade e divirta-se com esta experiência mágica e horrível – no bom sentido.