A trilha sonora da trilogia De Volta Para o Futuro

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Tremendões – DeLorean
De Volta para o Futuro Parte III

A trilogia De Volta Para o Futuro é muito tremendona. Isso é indiscutível. Igualmente fantástica é sua trilha sonora, tanto as músicas incidentais, quanto as canções presentes no filme. Por isso, decidimos analisar o aspecto musical das aventuras de Marty McFly e do Dr. Emmett Brown.

Vamos começar pela trilha incidental, a cargo de Alan Silvestri. Nos extras da caixa de DVDs da trilogia, o diretor Robert Zemeckis conta que o primeiro filme na verdade é uma produção menor do que aparenta. Para fazer parecer mais grandioso do que realmente é, contou com a força da trilha incidental de Alan Silvestri.

Realmente fica difícil de imaginar como seriam os filmes sem as composições de Silvestri. Atingindo o objetivo em cheio, Alan conseguiu tornar a música tema uma das mais conhecidas do cinema, digna de figurar ao lado de outras grandes composições, como as músicas de Tubarão, Indiana Jones, Superman e Star Wars, por sinal, todas elas de John Williams.

A música tema é realmente grandiosa, extremamente assobiável, e, por isso mesmo, gruda na cabeça. Em suma, é impossível pensar em De Volta Para o Futuro sem que ela venha imediatamente à cabeça.

Merece destaque também sua composição para os momentos de tensão do filme. Trata-se de uma música toda calcada em instrumentos de percussão, algo um tanto incomum em se tratando de temas incidentais para cinema.

As outras peças compostas por Silvestri são variações em cima do tema principal para diversos momentos da película e funciona que é uma beleza.

A trilha de Alan é basicamente a mesma nos dois primeiros filmes. Porém, para a terceira parte, passada no velho oeste, ele decidiu brincar um pouco com a temática, fazendo uma versão da música tema com uma singela gaita e criando músicas com influências de outros westerns e do Bluegrass (música caipira estadunidense), como pode ser conferido na cena do baile.

Agora que já falei da trilha incidental, vamos às canções presentes na trilha sonora. A primeira parte da trilogia é a que tem mais canções. Aliás, são as músicas mais legais de todos os três filmes.

Para começar, Huey Lewis and the News, uma banda famosa nos anos 80, cedeu duas músicas. A primeira, The Power of Love, virou a canção tema da primeira parte. Ela toca logo no início do filme. Extremamente dançante, é uma típica música Pop da década de 80, com sintetizadores, guitarrinha suingada e riff grudento. Resume bem o divertido espírito da fita. A segunda, Back In Time, mesmo composta especialmente para a obra de Zemeckis, não atingiu o mesmo sucesso e, portanto, não é tão conhecida. De fato, ela não é tão boa quanto The Power of Love, mas merece uma ouvida. Back in Time é a canção que acompanha os créditos finais.

Aliás, o próprio Huey Lewis faz uma ponta no filme. Ele é um dos jurados do concurso de bandas da escola de Marty. É ele quem manda a banda de McFly parar de tocar porque é muito barulhenta. O curioso é que eles estão tocando justamente The Power of Love, numa versão mais pesada.

Quando Marty vai parar em 1955, a canção que toca quando ele chega em Hill Valley é Mr. Sandman, dos Four Aces, um clássico do cancioneiro estadunidense e que já foi gravada até pelo Blind Guardian. A música combina perfeitamente com a ambientação nos anos 50 e a letra, com referências a Sandman, o senhor dos sonhos, ajuda a criar a atmosfera de desorientação de Marty.

A cena do baile Encanto Submarino é, sem dúvida, um dos grandes momentos de toda a trilogia De Volta Para o Futuro. E, como se trata de um baile, não poderia faltar música. A banda fictícia Marvin Berry and the Starlighters apresenta três números. O primeiro é Night Train, uma instrumental levada pelo saxofone. É a música que a banda toca enquanto George McFly dança desengonçadamente, esperando sua hora de entrar em ação.

Depois de uma confusão, Marty assume a guitarra na banda. A canção que eles estão tocando quando McFly começa a desaparecer chama-se Earth Angel (Will You Be Mine), da banda Temptations, uma baladona dos primórdios do Rock N’ Roll, perfeita para o momento em que George beija Lorraine pela primeira vez, salvando a existência de Marty.

Para finalizar, McFly arrebenta tocando e cantando um dos maiores clássicos do Rock ‘N’ Roll. Nada menos que Johhny B. Goode, do mestre Chuck Berry (e que já foi até gravada pelo Judas Priest), um Blues acelerado em “Si”, nas palavras do próprio Marty. Quem nunca vibrou com Marty fazendo o duck walk (aqueles pulinho que o Chuck Berry fazia e que depois seria copiado por Angus Young, do AC/DC) e perdendo o controle no solo simplesmente não teve infância.

Detalhe: com exceção de Johnny B. Goode, que foi gravada para o filme antes mesmo de Michael J. Fox ser escalado, as outras duas músicas estão nas versões originais dos artistas citados. Apesar disso, nos créditos finais, elas estão creditadas a Marvin Berry and the Starlighters, sendo Johnny B. Goode creditada a Marty McFly and the Starlighters. Claro, isso é apenas uma brincadeira da produção.

De Volta Para o Futuro Parte II tem poucas músicas e não possui uma canção tema como a de Huey Lewis no primeiro.

Em 2015, quando Marty entra no Cafe 80’s, de temática dos anos 80 (óbvio), Beat It do Michael Jackson está bombando nas caixas de som. Afinal, ninguém melhor que o ex-rei do Pop para representar tal década. E, no caso dessa música, melhor ainda pois, para quem não sabe, Michael está acompanhado por Eddie Van Halen nas guitarras.

E falando nisso, quando ele vai parar no 1985 alternativo, vagando pela praça da cidade, um Hard Rock acompanha a cena. Trata-se de I Can’t Drive 55, de Sammy Hagar. Para quem não sabe, Hagar substituiu David Lee Roth nos vocais do Van Halen, por sinal uma das influências musicais de Marty, visto a cena do primeiro filme onde ele tortura George com uma fita do Eddie Van Halen. Na trilha da Parte II, há ainda a divertida Papa Loves Mambo de Perry Como, uma peça bem conhecida.

Se Alan Silvestri criou novos temas para a última parte da trilogia, a seleção de canções deixou a desejar. O ZZ Top foi recrutado para tentar fazer o que Huey Lewis fez no primeiro filme. O trabalho dos barbudos, Doubleback, um típico Rock de bar, não conseguiu o mesmo feito, tornando-se uma música descartável.

Bom mesmo é escutar novamente The Power of Love, presente no final do filme, quando Marty e Jennifer encontram Needles, que o chama para um pega. A música toca no rádio do carro de Needles.

Então é isso, uma trilha incidental excelente e uma boa seleção de canções compõem a trilha sonora da trilogia. Assista aos filmes, escute as músicas e cantarole-as o dia inteiro, pois elas não vão sair tão facilmente da sua cabeça. Afinal, como você acha que eu escrevi este texto?