Sabe aqueles filmes que contam uma história tão específica a uma determinada cultura que não dizem absolutamente nada a quem não pertence a ela? A Senhora da Van é um desses casos. Ou ao menos ele não conseguiu causar qualquer tipo de conexão comigo.
Baseado em uma história real, tudo começa quando uma velha louca (Maggie Smith), que mora dentro de uma van (assim esclarecendo o mistério de seu título), estaciona sua casa sobre rodas em frente à casa sobre fundações de um escritor e dramaturgo. Para azar do cara, ela seria sua vizinha pelos próximos quinze anos.
O filme basicamente conta a relação entre os dois. Porém, não temos aqui exatamente uma história de amizade entre duas pessoas aparentemente diferentes que descobrem muito em comum, como ditaria o clichê do gênero. E na verdade esse é o grande problema. É uma condução inglesa demais, tão sem conflito quanto chocha.
O escritor se incomoda com a velha, mas vai deixando ela ficar porque ele é educado e tímido demais (o chamado english way) para forçar um confronto e tirá-la da frente da sua casa. Já a velha, além das excentricidades, é grossa, antipática e porca. Não tem nenhum traço redentor e nada que faça o espectador gostar, quanto mais se importar com ela.
Aí fica difícil de aturar a condução lenta da trama, que vai do nada ao lugar nenhum, sem qualquer tipo de emoção ou humor. Mesmo quando vai lentamente desvendando o passado da senhora até explicar porque ela passou a morar numa van, consegue prender a atenção ou ser digno de alguma nota.
Vale dizer que o filme não é uma porcaria. Tecnicamente é bem realizado e as atuações são muito boas. Contudo, em nenhum momento me entreteve. Pelo contrário, me deixou bastante entediado durante toda a sua duração e, como já havia dito, falhou em criar qualquer tipo de conexão emocional comigo.
A história simplesmente não rende um longa-metragem, não é interessante e não diz a que veio. Vai ver para os ingleses, uma trama de convivência entre um homem de classe média e uma moradora de rua seja algo mais fora do comum, mas aqui no Brasil é apenas cotidiano. Desta forma, A Senhora da Van acaba não funcionando, o que deixa difícil de recomendá-lo para alguém.
