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Após Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais, chega uma nova animação em stop motion, A Noiva-Cadáver. Repare no título de um e depois de outro. Pois é, o segundo é, digamos, mais sugestivo. Ou vai me dizer que a idéia de necrofilia nunca passou pela sua cabeça?
Mas calma, é apenas mais um filme de Tim Burton. Por esse ângulo, o título até que é bem normal. Doze anos depois de O Estranho Mundo de Jack (que Burton apenas produziu, mas sua assinatura visual está em cada fotograma), Burton volta ao campo da animação com um filme de temática semelhante. E dessa vez, na direção, junto com Mike Johnson.
Victor Van Dort (Johnny Depp, de Em Busca da Terra do Nunca ) está noivo de Victoria Everglot (Emily Watson), que ele nem conhece. Acontece que o casamento foi arranjado pelos pais dos noivos. Os Van Dort, novos ricos, querem aceitação da alta sociedade. Os Everglot, nobres decadentes, precisam da ajuda financeira que a união irá proporcionar. Mas, por uma jogada do destino, Victor vai acabar noivo de Emily (Helena Bonham Carter, de Peixe Grande), uma cadáver. Ela leva seu novo amor para o mundo dos mortos e agora o jovem Van Dort precisa dar um jeito de se livrar dessa enrascada.
Preciso dizer que, visualmente, o filme é magnífico. Sem brincadeira, acho que foi a animação em stop motion mais linda e perfeita que já vi. Os bonecos são de um design sensacional, os cenários de uma criatividade impressionante, especialmente a terra dos mortos e os movimentos irretocáveis. Um espetáculo técnico.
A trama do filme é típica de Burton. Elementos macabros tratados como se fossem a coisa mais natural do mundo, criam uma fantasia divertida e engraçada. O filme tem apelo tanto para os adultos quanto para as crianças. Só mesmo Tim Burton para pegar esses elementos que, à primeira vista, parecem pouco atrativos, e transformá-los em diversão de primeira.
A trilha sonora de Danny Elfman (colaborador habitual de Burton) também merece destaque, com canções no mesmo estilo das que ele fez para A Fantástica Fábrica de Chocolate, embora até hoje eu não entenda porque toda animação precisa ter números musicais… Mas essa é uma outra história (eu tenho um problema com números musicais. Qualquer dia eu conto).
O único ponto negativo é que o filme é demasiado curto. Míseros 76 minutos! Você está lá, se divertindo a valer e, de repente, o filme acaba. Sacanagem. Essa sensação é acentuada pelo final deveras apressado. Todas as pontas do roteiro são amarradas e nada fica em aberto, mas acontece que tudo se resolve em menos de cinco minutos e aí o filme acaba de sopetão. Esse finalzinho podia ter um desenvolvimento um pouco mais calmo, sem precisar acelerar tanto. Mas também não é nada que comprometa o conjunto da obra.
Este filme, assim como O Estranho Mundo de Jack, tem tudo para virar cult. Então, sugiro que ao terminar de ler esta resenha, o amigo corra para o cinema. Afinal, não é todo dia que temos em cartaz entretenimento de primeira.