Deve ser carma. Duas cabines de dois filmes dirigidos por atores na mesma semana é algo realmente sofrível (o outro foi Apocalypto). Só que Clint Eastwood é praticamente o contrário de Mel Gibson. Enquanto este último escolhe temas interessantes e faz coisas chulé, Eastwood pega temas nhé e faz longas… como direi? Bem… nhé. Ou melhor, faz oscarizáveis, um dos piores gêneros cinematográficos desde que Deus decidiu nos punir por nossos pecados criando a comédia romântica. Aliás, será que eu sou a única pessoa que não gostou de Menina de Ouro? Não que isso mude minha opinião, que mantenho mesmo depois de ter assistido novamente à obra em questão, mas voltemos e avancemos com a tradicional sinopse.
Estamos na Guerra do Pacífico. A famosa foto dos soldados erguendo a bandeira estadunidense acaba de ser tirada (essa imagem foi inclusive recriada pelo Savatage para a capa do álbum Fight For The Rock). Pouco tempo depois, os três sobreviventes são mandados de volta para os EUA com a função de fazer uma turnê pelo país pedindo grana para o povo e assim possibilitando que a terra de Bush compre mais armas para matar mais japoneses. Um deles adora ser chamado de herói e ser assediado pelas meninas. Outro, odeia. E o terceiro, fica no meio.
Sinceramente, eu não consigo entender esse respeito e admiração que estadunidenses têm por heróis de guerra. Guerras nunca tornaram ninguém grande, já disse um certo jedi baixinho e verde. Como admirar alguém que foi viajar apenas para matar outras pessoas? Tudo bem que normalmente as pessoas não têm opção, mas um mercenário também pode dizer que não tinha escolha pois precisava alimentar sua família e mesmo assim ser preso por assassinato.
Em nenhum momento é explicado no filme o motivo da guerra e acredito que a maioria estadunidense nem sabe isso. A maioria nem deve se importar, para dizer a verdade. Aliás, o tema guerras sem causas (ou por causas ocultas, desconhecidas dos soldados) daria um bom filme, mas A Conquista da Honra não vai por aí. Pelo contrário, é um típico filme de guerra estadunidense, embora o foco não seja na batalha, mas nos tais “heróis”.
Para os estadunidenses, basta saber que o país está em guerra e pronto, a testosterona já sobe. Aliás, mesmo que o país não esteja em guerra, eles vão sair pelo mundo procurando lugares e batalhas para se meter no meio em nome da “democracia e da liberdade”. Os EUA são os bullies do mundo e, justamente por causa disso, é muito difícil para qualquer pessoa que pense por conta própria conseguir simpatizar com um filme que retrata o lado deles de uma disputa. Aliás, o filme seguinte de Eastwood, Cartas de Iwo Jima, que estréia em breve, vai retratar a versão japonesa e, simplesmente por causa disso, tem tudo para ser melhor, afinal, o que eu tenho de antipatia pelos EUA, tenho de simpatia pelo Japão. Mas este aqui é um filme de guerra bem tradicional e sem sal. Talvez tendo assistido aos dois, fique mais interessante, mas eu ainda não tive essa experiência, então aguarde a resenha do segundo longa para saber. 😉
Para terminar, gostaria de colocar uma citação mostrada no jogo Call of Duty 3. Não me lembro de quem é e a tradução é aproximada, pois não estou lendo a frase original agora, mas é algo a se pensar. Saca só: “Guerra é a coisa mais horrível que existe. Quando estamos em guerra, enchemos o nosso coração de ódio pelos nossos vizinhos ao invés de amor e destruímos toda a beleza do mundo em que vivemos”.