Tem uma coisa que vem me incomodando adoidado ultimamente: jogos que não deixam você jogá-los uma segunda vez. Há muitos exemplos disso. Control é um deles. Se você deseja jogar sua história desde o início, o único jeito de fazer isso é apagando seu save e começando de novo.
Outros, como Paper Mario: The Origami King, sequer têm uma opção de New Game no menu principal. Neste mais recente Paper Mario, ele deixa você carregar seu save, com o jogo completo, ou então criar uma nova conta no Switch. Se quiser jogar uma segunda vez na sua própria conta, você precisa ir para o sistema do console e apagar o save manualmente.
Eu não entendo de programação, e não sei quão difícil é criar mais de um slot para save. Porém, lá em 1990, Super Mario World já tinha um número plural de saves. E estamos falando de uma época em que a maioria dos jogos dependia do terrível sistema de passwords. Saves nessa época eram raríssimos. Imagino que, de lá para cá, deve ter ficado bem mais fácil fazer isso. Por isso, creio que esse problema acaba sendo causado por falta de capricho/cuidado/decisão criativa.
JOGANDO NINTENDO PELA SEGUNDA VEZ
Eu venho já há muitos meses tendo vontade de jogar vários dos first parties da Nintendo lançados nessa geração de novo. Especialmente Splatoon 2, Donkey Kong Country: Tropical Freeze, Breath of the Wild e New Super Mario Bros. U. Porém, a simples possibilidade de não conseguir iniciá-los de novo sem apagar meu save anterior tem me causado ansiedade.
Muitos desses jogos, da Nintendo ou não, não permitem criar novos saves, mas têm seleção de fases. É o caso, por exemplo, de Astro Bot Rescue Mission, aquela pérola de PS VR que é praticamente um Super Mario da Sony. Porém, isso não é o suficiente para mim. Isso seria uma espécie de New Game Plus. Eu gosto bem mais de fazer um New Game, vendo a história de novo, ganhando novamente os upgrades e armas. Tem seu valor revisitar fases anteriores já totalmente turbinado, mas isso é algo legal de se fazer logo depois de terminar a campanha pela primeira vez. Se você não joga há uns anos, iniciar a história de novo é bem mais proveitoso.
O problema de apagar seu primeiro save é que, pelo menos para mim, minha primeira jogada costuma ser a mais completa. Assim, eu posso querer jogar a história de novo e, em seguida, recarregar meu save velho para tentar fazer 100%.
Como a minha vontade é especialmente de jogar os first parties da Nintendo, resolvi entrar em vários dos que tenho aqui e ver quais dão possibilidade de começar de novo sem apagar o que você fez antes.
A LISTA DE SWITCH
Os seguintes jogos permitem começar uma nova história em novos slots:
Donkey Kong Country: Tropical Freeze, New Super Mario Bros U, Link’s Awakening, Super Mario Odyssey, Luigi’s Mansion.
Todos esses têm pelo menos três slots de saves. New Super Mario tem ainda slots separados para o jogo principal e para o New Super Luigi U, o que foi uma agradável surpresa.
Já estes têm alguma forma de level select, mas não dá para recomeçar do zero:
Super Mario Maker 2, Mario Kart 8, Yoshi’s Crafted World, Kirby Star Allies, Splatoon 2.
Isso é um meio termo, mas não é o suficiente para mim na maior parte dos casos. Super Mario Maker, um jogo sem upgrades e praticamente sem história, é ok. Yoshi’s Crafted World já me incomoda um pouco, pois a simples seleção de fases exclui totalmente a narrativa. Por fim, Splatoon 2 é o que mais incomoda, e um dos que eu mais queria jogar de novo. Neste, além da história, você vai destravando habilidades e armas ao longo da campanha. Como, no meu caso, eu não o jogo desde 2017, ter que aprender tudo novamente tendo todas as possibilidades disponíveis é, na falta de uma palavra melhor, overwhelming.
Por fim, estes não têm qualquer forma de reinício ou seleção de fases, a não ser apagar o save.
Breath of the Wild, Paper Mario: The Origami King.
Em Breath of the Wild, iniciar um novo jogo não apaga imediatamente seu save anterior. Porém, se você salvar manualmente, vai substituir seu save manual anterior, e os autosaves vão aos poucos substituindo tudo, apagando totalmente seu progresso. Já The Origami King, como abordado anteriormente, é o mais radical. Para reiniciar a história, você precisa apagar o save pelo sistema do Switch. Ambos os casos são bem incômodos. Afinal, são jogos mais abertos, em que, por design, a história e as missões não são rejogáveis. Você pode explorar o mundo recarregando seu save, mas, uma vez que a história é completada, fica totalmente sem estrutura.
UM PROBLEMA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR
Eu foquei nos first parties da Nintendo aqui porque foi onde fiz minha pesquisa, já que queria muito jogá-los novamente. Porém, não é um problema único da Nintendo, e nem é algo recente. Prince of Persia: The Forgotten Sands, da geração passada, já tinha esse problema, por exemplo.
Eu venho percebendo que é algo que acontece muito em jogos de plataforma – talvez por isso eu tenha percebido bastante nos first parties da Nintendo. New Super Lucky’s Tale, que saiu recentemente para Xbox One e PS4 (depois de algum tempo como exclusivo do Switch), por exemplo, é outra vítima dessa prática.
Eu sinceramente queria saber porque os devs optam por limitar tanto seus jogos. Até onde sei, o interesse deles é que você jogue suas obras várias vezes, da forma que desejar. E acredito que ninguém gosta de deletar saves anteriores para começar um novo, especialmente quando o anterior está nos 100%, o que por si só já é uma medalha.
Em alguns casos, como Kirby Star Allies, Yoshi’s Crafted World e Astro Bot Rescue Mission, talvez tenham pensado que simplesmente não fosse necessário, uma vez que o mapinha com a seleção de fases sempre está disponível. Porém, venho por meio desta dizer que, sim, é necessário. Às vezes você pode querer reiniciar do zero, ver a história de novo, pegar todos os colecionáveis. Super Mario World entendia isso em 1990. Por que Splatoon 2 não entende em 2017?