Nesta análise Infinite Beyond the Mind, você vai conhecer esse joguinho indie, desenvolvido aparentemente por uma única mulher. Em seus 90 minutos de duração, ele passa de altamente divertido e empolgante para incrivelmente frustrante. Ao terminá-lo, eu fiquei com um gosto amargo na boca, mas será que isso é o suficiente para apagar a diversão que também tive com ele?
ANÁLISE INFINITE BEYOND THE MIND
Infinite Beyond the Mind é bem fácil de definir. Trata-se de um jogo de plataforma 2D com alto foco na ação. A porradaria segue o estilo de Ninja Gaiden, enquanto a temática e os gráficos estão na linha de um Metal Slug. É um estilo forte. A ação é boa, o level design idem. Os gráficos são bonitos e a trilha sonora é empolgante.
Quando eu falei que o combate segue o estilo de Ninja Gaiden, você pensou no de Nintendinho? Pois aqui eu me refiro mais à versão do Game Gear. No Nintendinho, a ação era mais cadenciada. Você avançava mais lentamente. Já na versão da Seguinha, era tudo muito mais rápido. Você estava sempre correndo, e não precisava parar para atacar. Infinite Beyond the Mind é assim. Um jogo com muita adrenalina, no qual você nunca quer parar de correr e pular.
A campanha é dividida em fases, cada uma com um chefe no final. Estes são, em sua maioria, bem bacanas. Apesar de os upgrades serem limitados, você se sente muito mais poderoso no decorrer da campanha. O jogo começa em uma cidade, com você lutando contra soldados. Conforme avança, passa a derrubar helicópteros repletos de inimigos com uma espadada, destruir robôs gigantes e até ir ao espaço.
As fases normais têm seu ritmo variado com partes em que você entra em um tanque estático, mas o mais legal são as fases “de navinha”. Nessas, sua personagem voa automaticamente para a direita enquanto você atira nos inimigos que vêm a rodo. É bem legal.
MAS…
Pois é, tem um “mas” considerável aqui. E é algo totalmente evitável, e que constantemente estraga os jogos retrô: limite de vidas. Na dificuldade normal, você começa com três vidas. Perder uma delas volta ao início da tela. Perder todas, ao início da fase. É o padrão para jogos como esse. Mas é chato pra burro.
O jogo em geral não é difícil, mas a possibilidade de perder várias telas de progresso por morrer três vezes é pentelha paca. A dificuldade, tirando isso, é bacana. Os chefes duram o que deveriam durar, e o jogo não é excessivamente punitivo.
Eu comecei a me desanimar quando cheguei a um chefe no qual morri e tive que reiniciar a fase do início. Daí na segunda tentativa, venci e, claro, apareceu outro chefe imediatamente. Morri uma vez, e tive que matar o primeiro de novo. Só isso já é pentelho, mas pensar que, se morresse mais duas, teria que não apenas vencer o primeiro, mas passar por toda a fase de novo antes de poder tentar mais uma vez, sinceramente me fez querer parar de jogar.
Eu venci, mas a diversão não voltou mais. Ela deu lugar à preocupação de perder tempo, o que para mim é imperdoável. Joguei até a fase de gelo, onde outro vício do passado me destruiu: assim como em Ninja Gaiden, ser atacado faz você dar um pulo para trás. No início do jogo, que tem foco em combate, isso não atrapalha muito. Porém, os desafios de plataforma se tornam cada vez mais elaborados. Eventualmente, você passa a lutar em plataformas pouco maiores que o personagem, onde qualquer erro faz cair, perder vida e voltar ao início. E, na fase de gelo, ainda escorrega. Eu desisti, e fiz o que deveria ter feito há muito tempo: reiniciei no easy (aliás, dá para acreditar que ainda façam jogos que não permitem mudar a dificuldade no meio da campanha?).
JOGANDO NO EASY
Infinite Beyond the Mind muda pra caramba no easy. Chefes que me deram trabalho no normal passaram a cair em literalmente menos de cinco segundos. A dificuldade que estava bacana no normal, não fosse o limite de vidas, ficou fácil demais. O jogo passou a ser chatinho, especialmente por eu estar jogando pela segunda vez algo que tinha jogado uma hora atrás.
Além disso, morrer no easy não volta para o início da fase. Você perde a vida, mas continua jogando, de onde parou. Isso não é um problema, mas torna o jogo ainda mais trivial. Demorei 90 minutos para chegar na fase do gelo no normal. No easy, cheguei lá em 40 minutos.
Passei toda a minha segunda campanha querendo que o jogo me deixasse jogar no normal, mas sem a arbitrária limitação de vidas. Até chegar no chefe da penúltima fase. Este é um monstrão que destrói o chão assim que aparece. Ou seja, para se manter vivo, você precisa ficar fazendo wall jump ininterruptamente. Errou o pulo, perde uma vida.
Eu consegui vencê-lo, mas perdi DEZ fuckin’ vidas na batalha. No normal, em que perder uma vida reiniciaria a luta, eu jamais conseguiria vencê-lo. Só consegui fazê-lo no easy pela quantidade de vidas que acumulei ao longo da campanha, que foi fácil demais.
E depois desse chefe vem a última fase, que se não é tão difícil, é bem chatinha. Mesmo as músicas, que são tão empolgantes e divertidas por 70% do jogo, se tornam bem pentelhas no último ato. Eu nunca tinha jogado um game cujas músicas me fizessem aumentar o som e cantarolar suas melodias, mas que eventualmente ficassem tão ruins ao ponto de me dar vontade de desligá-las. E isso demonstra o principal problema com Infinite Beyond the Mind.
ELE É IRREGULAR DEMAIS
Infinite Beyond the Mind tem pontos altos altíssimos e pontos baixos que são difíceis de aturar. Nos seus melhores momentos, ele é um jogo excelente, empolgante e muito divertido. Mas precisa de muita paciência para jogar até o fim, com seu limite de vidas, aquele chefe do wall jump e as músicas e cenários ruins do final da campanha.
Eu já vi jogos muito bons que têm algumas partes ruins, mas nunca um disparate tão grande entre seus extremos. Assim, fica difícil de recomendar sem ressalvas. A nota final é a de um jogo nada, mas isso demonstra a ineficácia das notas, pois ele não é um jogo nada. Infinite Beyond the Mind vai do excelente ao péssimo em 90 minutos de campanha. Cabe a você decidir se quer aguentar o ruim para se divertir com o ótimo.