Dawn of Fear é um jogo do estúdio espanhol Brok3nsite que visa trazer de volta o jeitão clássico dos survival horrors. Pense em Resident Evil 1Alone in the Dark e você terá uma excelente ideia do que vai encontrar por aqui.

DAWN OF FEAR

As câmeras são fixas. A munição é escassa. A casa é enorme, cheia de puzzles e portas trancadas. Zumbis e outros monstros vagueiam soltos pela mansão. Até o visual é parecido, com bonecos bastante datados, mas cenários super detalhados.

Dawn of Fear, Brok3nsite, Delfos
Os cenários são muito mais detalhados que os personagens.

Defeitos também são compartilhados entre as duas franquias, tanto intencionais quanto acidentais. Neste último grupo, por exemplo, temos as eternas quebras de eixo. Aquelas mudanças de câmera bruscas que de repente transformam o que era baixo em cima, não raro causando mortes.

Do lado de semelhança intencional, temos aquilo que, para mim, impede Dawn of Fear de alcançar as alturas que ele almeja: os saves são limitados. Para salvar, você acende uma vela e, uma vez acesa, não pode acendê-la de novo. Isso significa que cada área com save pode ser usada um número limitado de vezes, o que eu diria que é até pior do que em Resident Evil. Afinal, no jogo da Capcom, você pode salvar onde quiser, desde que tenha ink ribbons. Aqui, uma vez que salvou três vezes na área central da casa, vai precisar buscar pelas áreas periféricas.

Dawn of Fear, Brok3nsite, Delfos
Em algumas áreas, você só vai poder salvar uma vez.

Isso é um problema porque, assim como Resident EvilDawn of Fear é um jogo de exploração, cheio de vai e volta. Eu o joguei até o primeiro chefe e, curiosamente, todo o caminho que levava até o chefe não tinha nenhum lugar para salvar. O grandão me matou, e eu percebi que teria que voltar até a área central da casa. No caminho, venci dezenas de zumbis e muito tempo se passou. Assim, não tive opção a não ser abandonar o jogo. Olhando um guia, imagino que estava mais ou menos na metade do jogo. O jogo deve durar cerca de quatro horas.

O CORRALES RESIDENTE

Isso é, obviamente, intencional. Embora eu odeie esse tipo de coisa, faz parte da experiência que a Brok3nsite queria criar. O que não fazia parte, no entanto, são os glitches, controles ruins e textos cheios de erros de digitação. A gente sabe que Dawn of Fear é um jogo altamente independente, feito com suor, sangue e lágrimas, mais do que com dinheiro. Mas era realmente o caso de ter investido um pouco mais na parte técnica da coisa.

Dawn of Fear, Brok3nsite, Delfos
Vem cá, dá um abraço!

Tem glitches como paredes inteiras que não aparecem, o que literalmente impede você de ver a saída da sala em que se encontra. Os controles também são bem temperamentais. Você pode estar parado em cima da munição, mas o jogo não te deixa coletá-la até que fique exatamente no pixel que causa a aparição do prompt.

SOZINHO NO GÊNERO

Apesar dos problemas, Dawn of Fear se posiciona em um gênero que não existe mais hoje em dia. Claro, temos survival horrors como os novos Resident Evil ou Outlast, mas este estilo clássico, focado em puzzles e exploração com câmera fixa, está praticamente morto. Tirando os relançamentos da Capcom, acredito que não existe nenhum jogo moderno, feito para a geração atual, que siga esse estilo. Isso coloca Dawn of Fear numa posição invejável, pronto para atender um nicho carente de novidades.

Dawn of Fear, Brok3nsite, Delfos
Esse é o primeiro chefe.

No final das contas, o que me fez desistir não foram nem os glitches, mas os saves. Até faz algum sentido que esse tipo de mecânica seja incorporado hoje em dia, mas sempre de forma opcional, como os próprios Resident Evils modernos têm feito. Assim, quem tem nostalgia pela mecânica pode curtir sem alienar aqueles que simplesmente não têm tempo para perder tanto progresso.

Ainda assim, a quantidade de glitches e problemas em geral impede Dawn of Fear de ser o revival moderno dos survival horrors clássicos que eu gostaria que ele fosse. Tem qualidade e potencial, mas precisava de mais tempo no forno para realmente ser recomendado.