Mas que joguinho exótico é este Monkey King: Hero is Back. Trata-se de um beat’em up em 3D, baseado em um longa animado chinês lançado em 2015. Este filme foi um grande sucesso na China, tendo sido o recordista em arrecadação para uma animação no país até ser ultrapassado por Kung Fu Panda 3. Até onde sei, ele não passou nos cinemas brasileiros, e eu nunca tinha ouvido falar dele, mas durante a pesquisa para esta resenha, descobri que está disponível no Netflix brasileiro.

O longa – e consequentemente o jogo – é baseado na famosa lenda Journey To The West, que inspirou Dragon BallEnslaved e tantos outros exemplos da cultura pop. Muitas coisas neste lançamento são curiosos. Do gênero – praticamente extinto hoje em dia – ao fato de ser lançado hoje, mais de quatro anos depois do filme. Bora conferir se é bom?

ANÁLISE MONKEY KING GAME

Monkey King: Hero is Back parece um jogo da geração passada. E não me refiro aos gráficos, e nem mesmo ao gênero. Mas a todo seu funcionamento. Isso vem com diversas peculiaridades, algumas boas e outras nem tanto. Ele tem tanto jeito de ser um jogo de 2009 que eu fiquei com a sensação de estar jogando um relançamento. Mas não, é uma obra totalmente nova.

Monkey King: Hero is Back, Análise Monkey King game, Delfos

Comecemos, obviamente, pelo gameplay. Temos aqui um autêntico beat’em up 3D. Ou seja, um jogo de porrada, linear, dividido em fases. Esta geração de consoles viu apenas dois outros jogos neste gênero: Ryse (que eu considero o melhor jogo dos últimos anos) e Devil May Cry 5. Ok, se você quiser discutir semântica, estes dois na verdade são hack and slashes, mas a diferença deste gênero para um beat’em up é que o primeiro usa armas cortantes e o segundo foca nos punhos. Na prática é quase igual.

Aqui não há nenhuma distração ou baboseira. Sidemissions? Sai fora! Equipamentos cheios de estatísticas complicadas? De jeito nenhum! Mundo aberto? Vai ouvir pagode! Monkey King: Hero is Back é um jogo de ação com foco total no combate.

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O máximo de complexidade que você vai ver aqui é a necessidade de seguir por dois caminhos diferentes em busca de chaves que abrem a porta do caminho central. Tirando isso, e alguns caminhos contendo segredos e upgrades, a ideia é andar para frente e bater em tudo que se mexe. E sabe o que mais? Eu adoro isso!

COMBATE

A verdade é que, embora seja (muito) divertido, Monkey King: Hero is Back não é melhor, nem mesmo tão bom, quanto Ryse ou Devil May Cry 5. O escopo e o orçamento são bem menores, e o combate não é tão fluido e agradável quanto nestes dois. Dificilmente alguém vai eleger este jogo como um dos melhores da geração, ou mesmo do ano.

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Pense naquele jogo do Wolverine lançado na geração passada. Eu colocaria Monkey King na mesma leva. Tipo, é competente e diverte bastante, mas não é especialmente marcante. Porém, devo dizer que em matéria de diversão pura e simples, me divirto muito mais em um jogo de ação focado do que em um que atira em todas as direções, como Assassin’s Creed Odyssey.

O combate não causa uma primeira impressão muito boa. Porém, colete deuses da terra e foque seus upgrades na técnica. A descrição diz apenas que “aumenta seu combo”, mas também aumenta bastante sua força e deixa as lutas bem mais agradáveis.

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Dica: Sempre que você encontrar um vasinho isolado, atire algo nele. Tem um deus da terra lá dentro.

Além disso, o jogo não é especialmente difícil, e é possível acumular uma grande quantidade de itens que recupera vida, então morrer não é exatamente um problema.

ALAKAZAM

Além de socos, chutes e armas coletadas do chão (esquema Double Dragon mesmo), tem mágicas. Estas são desbloqueadas conforme você avança na história, mas demora muito para aparecer qualquer mágica realmente útil nas lutas. Eventualmente aparece, claro, mas até lá você vai ter jogado umas boas horas praticamente ignorando a barra de mana.

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Esta, por exemplo, só popa perto do final.

Além do combate, há também trechos rápidos e rudimentares de stealth e plataforma, que não são o foco, mas também não atrapalham.

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Até agora eu falei das coisas boas, as características de jogos de ação que a indústria nunca deveria ter abandonado. Pois Monkey King: Hero is Back tem uma pá de coisas que realmente fazem parecer um jogo lançado em 2009.

MONKEY KING: UM JOGO DE PS3

Há várias características por aqui que a indústria abandonou por bons motivos. Por exemplo, o personagem é extremamente lento. Simplesmente andar através de um corredor leva muito mais tempo do que deveria.

Mas tem mais. A câmera é inconveniente. Os NPCs que te acompanham durante toda a aventura estão sempre bloqueando seu caminho. Até os saves são estranhos. Vou até mudar de parágrafo para falar deles.

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Você salva em estátuas que popam ocasionalmente no seu caminho. Mas não basta passar por elas, ou interagir. Ao ativá-las, o jogo abre o menu do PS4, literalmente fora do jogo. Lá, você deve escolher o arquivo no qual vai salvar, e só depois da operação volta para a tela do game. O jogo funciona como o primeiro God of War, ou seja, há checkpoints independente dos saves. Não é um esquema especialmente ruim, mas também não é tão conveniente quanto simplesmente autossalvar cada checkpoint.

Outra coisa bem chatinha é a quantidade de loads. São todos bem rápidos, em geral duram menos de 10 segundos, mas são frequentes. É comum você precisar apertar bola no meio de um corredor e esperar uma tela de carregamento só para poder continuar andando.

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Estes pontinhos significam que você precisa passar por um loading para poder continuar andando nesta direção.

Isso é especialmente enervante em áreas em que você explora casinhas. Entrar e sair em cada casa envolve um carregamento. E quando você tem quatro ou cinco casas próximas para explorar, isso se torna um grande inconveniente.

Também há problemas de performance, como quedas frequentes de framerate. Em geral são pequenas inconveniências, mas impedem Monkey King de ser realmente excelente, ou mesmo de parecer um revival moderno de um gênero esquecido. Ele parece simplesmente antigo.

SUSTÂNCIA

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Dito isso, as coisas boas que ele traz de volta do passado em muito ultrapassam as ruins. Este é um dos meus gêneros preferidos e eu sinto muita falta dele. Apenas três jogos do estilo em toda uma geração de consoles é muito pouco. Há mais pandas no mundo do que beat’em ups/hack and slashes 3D lançados nos últimos oito anos. A gente teve mais Assassin’s Creed nesta geração do que todo um gênero de games que um dia foi popular, acredita nisso?

Outra coisa legal é que é um jogo com alguma sustância, mas não tanta. Não é um daqueles casos em que você mata o jogo todo em uma tarde, mas também não é necessário colocar sua vida em pausa por causa dele, como é comum atualmente. Cá entre nós, ele tem a duração ideal para um gamer adulto, com outros hobbies e responsabilidades.

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E tem poças! Chupa, Insomniac!

Eu recomendo? Sim, com todas as minhas forças. Em outro momento da indústria, talvez Monkey King passasse despercebido entre os fãs de jogos de ação. Hoje em dia, no entanto, a ação é deixada de lado em nome de lootsidemissions e dificuldades altíssimas. Se você quer simplesmente uma diversão descompromissada envolvendo uns sopapos, Monkey King: Hero is Back é uma excelente pedida.