Alguns jogos têm o objetivo de serem obras criativas, trazendo experiências inéditas. Outros, por outro lado, vêm carregados de nostalgia, tentando recriar a sensação de se jogar um clássico do passado. Esta é nossa análise Road Redemption.
ANÁLISE ROAD REDEMPTION
Levante a mão quem lembra com carinho do Mega Drive! Pois se você levantou a mão (você levantou, não?), com certeza passou muitas horas jogando Road Rash. Este clássico da EA era sobre corrida de motos. Mas tinha um twist. Os motoqueiros saíam na porrada!
Road Redemption se apresenta como uma sequência espiritual de Road Rash. Pois é, se a EA abandonou sua propriedade intelectual após o relançamento de Road Rash: Jailbreak no Gameboy Advance, coube aos fãs da Pixel Dash Studios e EQ Games trazer esta saudosa experiência para os consoles modernos.
E o que há de mais moderno hoje em dia do que…
ROGUELITE
A campanha de Road Redemption é roguelite, o que me decepcionou bastante a princípio. Porém, depois de passar algumas horas com ele, a decepção sumiu completamente. Não é como se Road Rash tivesse pistas realmente trabalhadas e criativas, então os cursos aleatórios de Road Redemption funcionam igualmente bem.
DELFOS explica: qual a diferença entre roguelike e roguelite?
O legal é que o gameplay é tão fiel à experiência clássica que é capaz até mesmo de enganar os fãs do Mega Drive se fosse apresentado como um novo Road Rash.
A campanha funciona assim: são 20 corridas com objetivos aleatórios. Em alguns, você deve chegar entre os primeiros. Em outro, deve derrubar NPCs específicos. Outros, ainda, envolvem apenas sobreviver ou vencer o relógio.
Você escolhe uma moto e um motoqueiro, cada um deles com estatísticas e armas diferentes. Cada caboclo que você derruba concede um pouquinho de saúde, XP, nitro e dinheiro. Entre cada fase, use seu dinheiro para comprar upgrades ou recuperar suas barras de vida e de nitro.
Ao morrer, você perde todo o dinheiro, progresso e upgrades comprados com dinheiro. Mas pode usar o XP conseguido na partida para comprar upgrades definitivos, dentre os quais a possibilidade de começar sua campanha nas fases 3, 6 ou 9.
Embora o jogo seja imediatamente divertido, este tipo de proposta não me agrada. Então eu decidi jogá-lo até ele deixar de ser divertido, sem preocupação com terminá-lo. E assim o fiz.
PACIÊNCIA E DIVERSÃO
Em várias das minhas primeiras jogadas, eu mal conseguia passar da terceira fase. Tinha vezes que morria sem faturar XP suficiente para um mísero upgrade permanente. E o que você não usa no game over é perdido para sempre, não vai acumulando com as próximas partidas.
E assim fui jogando enquanto me divertia. Até que finalmente consegui comprar o upgrade que me permitia começar da terceira fase. Fiz isso e, para minha surpresa, nesta jogada, consegui chegar até o fim.
Embora não haja um grande aumento de dificuldade ao longo da campanha, fiquei bastante estressado depois de uma dezena de fases, pensando quão frustrante seria morrer ali.
Mas não morri. Fui até o final. Acredito que é o primeiro roguelite que consigo terminar. Uma jogada completa da campanha leva em torno de 60 minutos.
NOVIDADES DE GAMEPLAY
“Mas, Corrales”, exclama o delfonauta com um capacete de moto. “Não tem nenhuma novidade no gameplay em relação aos Road Rashs clássicos?”. “Tem sim, delfonauta de capacete”, respondo enquanto aceno para que ele tire o capacete. Há vários tipos de armas que podem ser encontrados no meio das corridas. E cada uma delas tem funções específicas.
As armas de impacto (como bastões ou chaves inglesas), são as paus-pra-toda-obra. Daí tem a espada, que arranca a cabeça dos desafetos com poucos golpes, e é eficiente contra escudos, mas é fraquinha contra quem usa capacete. Explosivos, por outro lado, servem para motoqueiros de armadura ou veículos maiores. Por fim, armas de fogo são boas para atirar naqueles caboclos que insistem em ficar na sua frente na corrida.
Apesar de parecer consideravelmente mais complexo do que Road Rash, os controles são bem apropriados. No começo, eu me limitei a usar as armas padrão, mas quando começaram a aparecer os sujeitos de escudo, não foi difícil me adaptar a usar a espada. Tive mais trabalho com a galera de armadura, mas consegui pegar o jeito depois de morrer algumas vezes.
“Mas, Corrales”, grita o delfonauta que outrora usava um capacete e que agora está totalmente descabelado. “Parece que tem muitas formas de jogo diferentes. Eu só queria corridas com porrada no estilo Road Rash”. E eu respondo: “pois seus problemas acabaram. E vá pentear os cabelos, moleque!”.
ROAD RASH CLÁSSICO
Existem dois modos de jogo bem diferentes. Há a campanha, que é o roguelite acima descrito. E há o quickplay. Porém, o quickplay funciona basicamente como as campanhas dos Road Rashs de outrora. Você escolhe a pista (estas criadas a mão mesmo) e tenta chegar em primeiro. Acumulando medalhas, você libera novas pistas. É praticamente uma campanha à parte, e há várias pistas aqui.
Basicamente, o quickplay é a continuação de Road Rash com a qual a gente sonha desde os anos 90. E não tem nada de rogue aqui. Pistas destravadas continuam destravadas. Se você morrer, é só reiniciar a corrida. Se eu gostei da campanha, apesar de ser rogue, o quickplay eu consigo recomendar sem nenhum “apesar”. É simplesmente pura diversão Road Rash old-school.
Sabe, eu não esperava muito de Road Redemption, mas acabei me surpreendendo positivamente e tendo umas boas horas de diversão com ele. Se você gosta de rogues, se pá vai se divertir ainda mais, pois há recompensas para terminar a campanha várias vezes com motoqueiros diferentes, além de uma campanha extra, mais difícil.
Agora, mesmo que rogues não sejam sua praia, mas você goste de Road Rash, vale a compra mesmo que apenas pelo quickplay. De uma forma ou de outra, Road Redemption é divertido o suficiente para merecer ser jogado.