Um músico veterano e já meio decadente encontra por acaso um jovem talento musical. Ele passa a apadrinhá-la, bem como a ter um relacionamento amoroso com ela. E enquanto ela ascende ao estrelato, ele se encaminha para o fundo do poço.
Esta é a sinopse bem resumida de Nasce uma Estrela, estreia do ator Bradley Cooper na direção, e que parece dar o pontapé inicial na temporada de Oscarizáveis 2019. Trata-se também do quarto remake da mesma história!
O longa original se chama Hollywood (What Price Hollywood?, no original) e é de 1932. Conta a história de uma garçonete transformada em estrela por um produtor bêbado de Hollywood. A história voltaria às telas já em 1937, agora sim com o título Nasce uma Estrela. Mas o filme de Cooper é baseado nas duas últimas versões, de 1954 e 1976, que transferem a trama para o meio musical.
Cooper é Jackson Maine, cantor e guitarrista de country rock que descobre por acaso a jovem Ally (Lady Gaga), cantora talentosa. Decide ajudá-la com sua carreira, e ambos acabam se apaixonando. Só que ao mesmo tempo em que Ally começa a estourar, e a perder sua identidade musical no processo, os problemas de Jackson com bebida e drogas começam a interferir na relação entre eles.
Geralmente eu gosto de filmes com a música como tema ou pano de fundo, e esse aqui até é legalzinho, mas está longe de ser um dos melhores. Ainda que ele comece muito bem, na verdade.
CAINDO FEITO UM METEORO
O primeiro encontro dos dois, toda a conversa que se segue e seus primeiros dias juntos são bacanas e respondem pelos melhores momentos do filme. Só que ele vai esfriando gradativamente depois disso, até chegar a um final que abusa da cafonice. Ao menos ele não chega a passar a sensação de que seus 135 minutos são excessivos. Quando isso começa a acontecer, ele acaba.
As músicas, tanto as de Jackson, quanto as de Ally, definitivamente não são para mim, e isso também não ajuda, já que há várias delas espalhadas pelo longa. E o excesso de clichês é outro fator que depõe contra.
Após o começo bacana, a coisa vira aquele lugar comum do astro tendo de lidar com seu vício em drogas e birita e os papelões que ele causa sob o efeito delas. Já a jovem cantora acaba se “vendendo” para chegar ao estrelato como uma cantora pop mainstream, deixando suas composições mais sentimentais de lado para cantar sobre rebolar a buzanfa em canções superproduzidas (no sentido de excessivas, não no de caprichadas). Não deixa de ser irônico que Lady Gaga é mais ou menos isso na vida real, uma cantora de boa voz e que sabe tocar, mas que chama mais atenção pela bizarrice dos figurinos e pelas músicas pop descartáveis e tolas cheias de excessos de produção.
Enfim, se mantivesse o tom simpático de seu primeiro ato, focado na química entre os protagonistas, e não descambasse para um monte de clichês desse tipo de história nos dois atos seguintes, Nasce uma Estrela seria um filme bem legal. Mas como não conseguiu segurar a onda, ficou razoável, mas com claro potencial desperdiçado. Para quem gosta da Lady Gaga e/ou desse tipo de história, vale uma assistida, desde que não se espere tanto assim dele.