Ferrugem é um filme nacional que explora os perigos da nova tecnologia, em especial na vida dos jovens. Confira nossa crítica.
FERRUGEM
Se Ferrugem tem algo de realmente marcante é o seu pôster. Se liga.
Esta imagem tem um poder imagético muito grande, e também possibilita muitos caminhos narrativos. Sem dúvida é um filme que aborda os perigos da tecnologia. Só é uma pena que isso siga um caminho tão burocrático.
Aqui conhecemos um grupo de alunos de uma escola de Curitiba. Uma garota perde o celular, e no dia seguinte todo mundo assistiu a um vídeo dela fazendo um agradinho no seu ex-namorado. Isso arruína a reputação dela, que começa a ser xingada e atormentada sem motivo por seus colegas.
Trata-se de uma história que já vimos muitas vezes, tanto em notícias como na cultura pop. O que diferencia Ferrugem é o fato de ser um filme nacional e, portanto, mais próximo da nossa realidade.
PARTE 2
A história segue todos os desdobramentos praticamente inevitáveis deste tipo de caso, mas admito que o filme me surpreendeu por ter tido as bolas de seguir pelo caminho que segue, ainda que seja um desenrolamento perfeitamente natural.
O filme segue os efeitos do vazamento do vídeo na vida da menina e na do cara com quem ela ficou na noite anterior (que não é o que está no vídeo). Ambos são afetados de formas bastante diferentes, claro, e aí está a pluralidade da narrativa presente na obra.
Uma coisa que me chamou a atenção é que quase todas as cenas em que há um ou mais adultos presentes, estes são filmados de forma indireta, ou ficam de fora dos planos. Sinceramente, não foi intencional, mas isso me lembrou Snoopy, e acabou trazendo algum humor para um filme que se leva bastante a sério.
O pôster, no entanto, promete uma narrativa mais pungente, que nunca se realiza. Talvez seja pelo fato de ser uma história já bastante batida – e que já foi feita com maior sucesso em obras como 13 Reasons Why.
Ferrugem não é um filme ruim. Ele é, inclusive, acima da média, ainda que não se destaque. A questão é que o cinema nacional tem lançado obras excelentes nas últimas semanas, como O Animal Cordial e Como É Cruel Viver Assim. Desta forma, eu ainda fico feliz de ver a temática do cinema tupiniquim se expandindo, mas há filmes brasileiros mais interessantes em cartaz neste momento.