Eu não sabia o que esperar de Maize. O material de divulgação mostrava umas simpáticas espigas de milho e citava Monty Python. Estas características chamaram minha atenção, mas eu sequer sabia qual era o gênero ou como seria o jogo.
Pois o que temos aqui, amigo delfonauta, é um adventure point and click em primeira pessoa. Pense nos clássicos do detetive Tex Murphy, como Pandora Directive, e terá uma boa ideia do que vai encontrar. Já o humor, que é a principal característica de Maize, tem bem aquele jeitão nonsense e simpático, não tanto do Monty Python, mas mais parecido mesmo com O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Muito do humor vem das descrições dos itens que você pega, que tira sarro da sua tendência em ficar pegando coisas inúteis e às vezes até rola umas pérolas filosóficas. Por exemplo, aqui está o que o jogo diz quando você resolve pegar uma pedra.
Se você riu da descrição acima, pode comprar Maize sem medo, pois você vai gostar tanto dele quanto eu.
NOVOS AMIGOS
O começo do jogo, que envolve explorar um milharal sem muito contexto, dá a impressão que esta será uma aventura onde você ficará sozinho o tempo todo. Não se engane, no entanto. Você logo vai começar a cruzar com as espigas de milho conscientes, inclusive uma malvada chamada Cornacabra e uma rainha sem pudor para lhe dar ordens.
Sua principal companhia, no entanto, vai ser Vladdy. Um mal humorado ursinho mecânico com sotaque russo que te segue quase o jogo inteiro, sempre reclamando e em boa parte do tempo soltando xingamentos em russo.
Também não demora para você entrar em uma instalação científica que, não dá para negar, lembra um bocado a Aperture. Lá dentro, além das espigas de milho e do vilão, você vai encontrar muitos post-its dos dois cientistas que fundaram o local, Ted e Bob. Ted é reclamão e vive enchendo o saco de Bob, que sempre dá um jeitinho e responde com a maior simpatia. Não ajuda o fato de que Bob vive com ideias mirabolantes, como trazer pessoas para conhecer a instalação secreta que ambos fundaram ou transformá-la em um cassino.
Você nunca encontra Bob e Ted, mas seus bilhetinhos são tão frequentes e tão engraçados que no final do jogo você vai conhecê-los tão bem quanto Vladdy.
MAIZE, NÃO MAZE!
Maize ocasionalmente é bem bonito, especialmente quando você está explorando ao ar livre. No entanto, é visível que ele não é um jogo de alto orçamento e é bastante comum você se deparar com texturas de baixa resolução. No entanto, como todo adventure, você joga este pela história, e especialmente pelo humor.
O jogo faz um excelente trabalho guiando você através de seus cenários grandes e abertos. No início, admito, eu senti muita falta de um mapa, mas o fato de as espigas de milho fecharem seu caminho com caixas laranjas ajuda bastante para manter o jogador sempre no caminho certo.
Isso faz com que, apesar de ser um adventure com claras influências dos clássicos da Lucasarts, a possibilidade de você travar é bem menor. Isso também faz com que o jogo seja curtinho, embora seja divertido e engraçado durante as três ou quatro horas que ele dura.
A história é bem nonsense, e envolve cientistas que queriam usar espigas de milho conscientes como armas, mas ao ganharem consciência, os milhos só queriam saber de tirar uma soneca. Algo aconteceu na instalação, no entanto, e agora ela é habitada apenas pelos milhos, e cabe a você ajudá-los a cumprir seu objetivo e seguir caminho rumo à terra prometida.
Maize não é um jogo de lá muita sustância, mas embora curto, é tão simpático e tão engraçado que é altamente recomendável para qualquer pessoa que tenha algum apreço por humor nonsense. E se você está no DELFOS, eu diria que há grandes chances de isso descrever você. Como tal, Maize leva dois polegares para cima!