Num primeiro momento, o título 12 Horas para Sobreviver – O Ano da Eleição pode não lhe dizer nada. No entanto, a título de elucidação, o que temos aqui nada mais é do que a terceira parte da franquia Uma Noite de Crime. É no mínimo estranho que a distribuidora tenha optado por rebatizar uma série já bem estabelecida. É tão estranha essa escolha que eu só descobri que se tratava do terceiro The Purge ao ler a sinopse oficial.
E já que falei em sinopse, vamos a ela: passados dois anos de Uma Noite de Crime: Anarquia, reencontramos o personagem Leo Barnes (Frank Grillo), agora trabalhando de guarda-costas para uma senadora (Elizabeth Mitchell, a Juliet de Lost) concorrendo à presidência dos EUA. Se eleita, ela promete acabar com a noite do expurgo.
Você sabe, o período de 12 horas em que todos os crimes, incluindo assassinato, são liberados e os serviços de emergência deixam de funcionar, criado com o propósito de satisfazer os instintos mais baixos da população e assim deixá-la mais controlável no resto do ano.
Acontece que os outros políticos não ficam felizes com a proposta e durante mais um expurgo anual resolvem eliminar a ameaça política. Leo Barnes, claro, fará de tudo para manter a senadora segura até que a noite acabe.
Se você leu minhas resenhas dos outros dois filmes da franquia, sabe que eu gosto bastante dela. Ela evoluiu bem desde o primeiro longa e este aqui dá mais um, ainda que bem pequeno, passo à frente. Continua sendo um filme de ação como o segundo. Na verdade, bastante similar, para ser perfeitamente franco.
Mas todas as possibilidades que a premissa da existência do expurgo podem gerar são muito bacanas. Eu realmente adoro essa ideia. Novamente, aqui elas servem muito mais como pano de fundo, mas é um background que dá toda a graça para a coisa. Elementos que foram pincelados na película anterior, principalmente a carga política, são melhor explorados aqui.
Ainda que não necessariamente desenvolvidos, e muito menos colocados no centro da ribalta, eles ainda fazem toda a diferença para deixar a série acima de outras franquias de ação/suspense mais genéricas. Outros pequenos detalhes inseridos neste, ainda que de forma rápida e superficial, como estrangeiros indo fazer “turismo assassino” nos EUA durante o dia do expurgo, por exemplo, tornam tudo mais interessante.
Fica aquela dicotomia, é uma pena que não se trate de uma série de ficção científica mais dramática, para explorar melhor a mitologia sócio-política desse universo. Mas já está mais que estabelecido que o negócio aqui é focado mesmo na ação e no suspense. Assim, o jeito é aceitar e se divertir com o que o roteiro oferece.
Contudo, também é preciso avaliar que se ele vai enveredar pela ação, também não é algo tão especial assim. Como obra do gênero dos tiroteios e explosões, é eficiente, porém esquemático e bem longe de ser memorável. Na verdade, não fosse pelo pano de fundo já tão elogiado, seria até bem genérico.
O grande problema deste é que ele não tem o mesmo impacto do segundo. Anarquia havia acertado ao passar de suspense para ação pura e ao sair de um único ambiente para as ruas da cidade. Como já disse antes, O Ano da Eleição apenas repete a mesma estrutura do segundo, eliminando assim a surpresa de apresentar uma mudança de ambientação e mesmo de gênero.
Resumindo, não teve o salto do primeiro para o segundo, tornando-o mais do mesmo. Muito bem feito, é verdade, e apresentando mais alguns elementos de seu universo já constituído. Mas ainda assim, faltou novidade.
12 Horas para Sobreviver – O Ano da Eleição, caso seja o final da trilogia, funciona bem como desfecho. Ou, se o lucro ditar que a série continue, é um capítulo que ainda mantém a boa média de qualidade. Certamente fãs da série não devem ter o que reclamar dele. Contudo, se a saga continuar, também é hora de pensar em novos ares e novos conceitos.