Ghost in the Shell, ou O Fantasma do Futuro, como foi chamado quando chegou aqui originalmente, talvez seja, ao lado de Akira, o longa-metragem de animação japonesa mais famoso pelo mundo, angariando sempre boas críticas e servindo de influência para outros animês e até mesmo para trabalhos ocidentais como Matrix, dos então irmãos Wachowski.
Baseado no mangá de Masamune Shirow (também publicado por aqui), ele está prestes a ganhar uma versão hollywoodiana estrelada pela Scarlett Johansson e com um visual que parece bem respeitoso à versão animada. Enfim, quando o longa estrear em nossas telas, no próximo dia 30, poderemos conferir.
O assunto aqui é a animação de 1995. Eu já a havia assistido alguns anos atrás e não me lembrava de absolutamente nada até reassistir para escrever esta resenha. Admito que ele não me pegou. Embora eu até goste da sinopse e de todos os elementos cyberpunk presentes, algo não bateu e achei bem “mé”. É, “mé”.
Ao ver de novo, minha impressão melhorou um pouco, mas ainda assim não foi algo exatamente empolgante. Mas estou me adiantando, vou dar a sinopse antes de falar um pouco mais sobre isso.
No ano de 2029, a ciborgue Major Motoko é integrante de um ramo do serviço secreto. Entre um assassinato político e outro, o governo passa a ser atacado por um habilidoso hacker. E claro, a missão de capturá-lo recairá sobre a Major e seus parceiros. Obviamente a história é mais complexa do que isso, mas contar mais tira a graça do desenrolar dos acontecimentos.
A qualidade da animação é muito boa e se sustenta até hoje, embora alguns dos efeitos mais “especiais”, como as telas verdes, as renderizações tridimensionais e quando a Major acessa as redes de informação, por exemplo, deram uma boa envelhecida. Mas ainda mantêm lá um charme retrô.
O que eu mais gostei na nova assistida, e que não havia dado o devido valor da primeira vez, foi justamente a temática central da trama. O que é humano e o que é artificial? Tudo bem, é um assunto que hoje em dia é até batido, pois já foi utilizado em muitas obras de ficção, mas a forma como ele apresenta essa questão, até mesmo tratando a alma como um “fantasma” capaz de habitar máquinas, é muito bem desenvolvida.
A própria Major, que possui um corpo inteiramente cibernético, questiona sua humanidade. Ela teria mesmo um fantasma dentro dela ou apenas acredita que sim pois faz parte da sua programação?
Outros elementos fazem a alegria do pessoal que curte cyberpunk, como a capacidade de se ligar diretamente a uma rede de informações, pessoas com próteses biônicas e outras melhorias tecnológicas em seus corpos e os limites entre o biológico e o tecnológico ficando cada vez mais turvos.
Contudo, há coisas que não tinha gostado da primeira vez e continuei não gostando nessa. O principal é que, para uma animação tão curta, apenas 83 minutos, ela é deveras arrastada. Há diversos momentos que são, e que me perdoem os fãs, muito chatos.
Há diálogos inteiros totalmente enfadonhos, cuja única função é a exposição. E passagens mais filosóficas, quando personagens começar a fazer monólogos, também contribuem para isso. Eu entendo que são importantes, mas essas partes me tiraram totalmente do clima.
Também tem a tendência de querer complicar excessivamente uma trama que, em sua essência, é bastante simples. Como se quisesse passar a impressão de ser algo mais elaborado do que verdadeiramente é. Mesmo assim, ainda se trata de um bom filme.
Considerado um clássico dos animês, uma animação cult e figurando costumeiramente em listas das melhores ficções científicas, Ghost in the Shell merece ser assistido por quem gosta de todos esses elementos.
E quem quiser vê-lo na tela grande do cinema terá a oportunidade. A rede Cinemark irá exibi-lo em salas selecionadas no dia 14 (vulgo amanhã) como uma espécie de “esquenta” para a estreia de Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, a já referida versão em live action com a Scarlett Johansson.