Alguns jogos têm uma proposta tão legal que não dá para não experimentar. Sim, eu sei, já me dei mal em alguns casos, mas é meu dever jogar os jogos ruins para que você não precise fazê-lo.
Among the Sleep não é um jogo ruim, mas está longe de ser imperdível. Fui atraído a ele pela sua ideia deveras interessante. Saca só: você é um nenê, naquela idade que está aprendendo a andar, e acorda no meio da noite. Você sai pela casa, procurando por sua mãe, mas onde está ela? Sumiu! E agora?
Agora você deve encontrá-la, e para isso conta com os poderes e habilidades proporcionais aos de um… nenê. Pois é, você pode cambalear pelos cenários ou então desistir de andar e engatinhar, o que é mais rápido, mas te deixa mais baixo. E quando você é um nenê, a altura faz diferença para pegar coisas e abrir portas.
Boa parte do jogo consiste em explorar os cenários, algumas vezes procurando formas criativas de seguir em frente, por exemplo, empurrando um banquinho para perto de uma porta para conseguir alcançar a maçaneta.
O que realmente me atraiu em Among the Sleep foi o fato de ele ser um jogo de terror contado do ponto de vista de uma criancinha. Porém, ele falha um pouco no quesito medo.
A sua atmosfera é cuidadosamente desenvolvida, mas o cenário e o tom da aventura me passaram mais uma característica onírica do que propriamente assustadora. Pense em algo como Alice no País das Maravilhas, só que mais escuro.
Quando está muito escuro, no entanto, você pode abraçar seu inseparável ursinho de pelúcia, o que vai emitir uma luz fraquinha, mas que ajuda a sair de uns perrengues.
Durante boa parte do jogo, não há perigo nenhum, é pura exploração. Na última hora, no entanto, aparece um monstro que, se te pegar, faz voltar para o último checkpoint. Isso deixa tudo um pouquinho mais assustador, especialmente pelos gritos do monstro, mas não é nada que possamos chamar realmente de medo. Não dá para comparar com as sensações causadas por jogos como Outlast e Alien: Isolation. Além disso, é bem facinho escapar do monstro, acho que ele me pegou só umas três vezes no jogo inteiro.
No final, tudo que aconteceu de fato é revelado, e neste ponto deixa um pouco a dever, pois escolheram passar exatamente a mesma mensagem de outro jogo indie. Selecione se quiser saber qual é, mas olha o spoiler: Papo & Yo.
Talvez se o jogo supracitado não tivesse saído alguns anos antes e emocionado tanta gente com sua mensagem, Among the Sleep fosse mais marcante. Só que ele saiu, fez o maior sucesso e gerou muitos comentários sobre sua temática, o que enfraquece sobremaneira o jogo do nenê.
Depois de acabar a campanha, que dura algo entre duas a três horas, você pode escolher no menu um capítulo extra que, apesar de ser chamado de “prólogo” e estar originalmente desbloqueado, é melhor ser jogado apenas após a conclusão da história principal.
O prólogo, originalmente lançado como um DLC na versão de PC (mas que já vem incluído na versão de PS4) acrescenta mais uns 30 minutos à aventura, colocando o jogador novamente na pele do nenê explorando uma casa na qual bichos de pelúcia estão congelados.
Ao contrário de I Am Bread, que me atraiu pela temática criativa mas se revelou uma grande cilada, eu gostei de ter jogado Among the Sleep. No entanto, ele não é tão marcante quanto sua premissa faz parecer, e sua temática perde muita força por já ter sido abordada exatamente da mesma forma em outro jogo. Assim, fica difícil recomendar que você realmente o compre a preço cheio, mas se tiver oportunidade de jogá-lo através de uma promoção ou caso ele seja um dia distribuído como parte da Plus ou da Games With Gold, vale uma jogada.