Ano passado, a heroína Lara Croft esteve na nossa lista de melhores games de 2014 com o divertido e descompromissado Lara Croft and the Temple of Osiris. Ela estará novamente em um lugar de destaque na lista dos melhores de 2015, desta vez com um jogo maior e mais elaborado. Pois é, delfonauta, Rise of the Tomb Raider é, tal qual seu antecessor, de 2013, um jogaço! Na verdade, ele é bem parecido, e não digo isso como algo ruim.
Sua exclusividade temporária comprada pela Microsoft para evitar que o jogo saia para PS4 por um ano, se você pensar, faz todo o sentido. Afinal, o Xbox One tem um monte de bons exclusivos, mas não tinha nenhuma aventura à Indiana Jones capaz de competir com Uncharted. Agora tem, por mais que esta exclusividade temporária tenha deixado muita gente brava considerando que Tomb Raider sempre foi uma série multiplataforma.
A CIDADE PERDIDA
O pai da Lara morreu desacreditado por passar boa parte de sua vida investigando algo que poderia levar ao segredo da vida eterna. Lara continuou o trabalho de seu progenitor, e encontrou novas pistas que ele não tinha encontrado e que parecem apontar para uma cidade perdida. Obviamente, ela vai embarcar em uma nova aventura em busca de comprovar se a tal cidade perdida existe mesmo, e se há de fato alguma relação dela com a imortalidade.
Claro que temos um antagonista, aqui representado por uma organização secreta chamada Trinity, que está em busca do mesmo segredo para utilizá-lo para objetivos escusos.
No jogo anterior, temos uma história de origem e acompanhamos Lara indo de uma garota inocente a um exército de um homem só, passando pela dor de seu primeiro assassinato. Aqui ela já é uma serial killer que mata sem esboçar reação, e a história poderia estar em qualquer Tomb Raider, mesmo antes do reboot. Com isso, quero dizer que temos uma aventura menos marcante. É apenas mais uma história da Lara Croft, e não está cheia de momentos narrativos marcantes como o anterior.
Aqui, você logo se cruza com nativos que estão de alguma forma relacionados com a cidade perdida e passa boa parte do jogo ajudando a defendê-los da Trinity. É algo menos pessoal, mais padrão.
METROIDVANIA
A rotina do jogo segue o estilão do primeiro. Você passa por cenários belíssimos e grandes, repletos de colecionáveis e de caminhos a serem explorados. Boa parte desses caminhos vão precisar de ferramentas ou habilidades que você vai adquirir ao longo do jogo, o que vai tornar backtracking algo necessário se você quiser pegar todos os itens, upgrades e colecionáveis.
Na verdade, este é meu único problema com este jogo e com o anterior: o excesso de coisas chatinhas para fazer. Eu não quero encontrar a entrada de uma tumba secreta só para receber uma mensagem de que ainda não tenho um upgrade necessário para entrar lá e devo voltar depois.
O excesso de colecionáveis e de backtracking é, a meu ver, a única coisa que impede este Tomb Raider pós-reboot de ser tão legal e tão divertido quanto Uncharted. Afinal, embora as séries tenham uma diferença de tom considerável (Tomb Raider é mais sério, enquanto Uncharted tem um climão mais descompromissado), ambas são aventuras de exploração envolvendo mitos e folclore e são muito boas no que pretendem fazer.
GAMEPLAY SENSACIONAL
E o gameplay de Rise of the Tomb Raider, tal como o de seu antecessor, é nada menos que sensacional. Quando há inimigos próximos, Larinha automaticamente se abaixa atrás de coberturas e para você atirar basta apertar o botão de mirar (o gatilho esquerdo). Gosto muito desse esquema, que o diferencia de Uncharted, que usa as “coberturas grudentas” mais tradicionais, onde você aperta um botão para “grudar” nas paredes.
Há também muitos momentos de stealth e boa parte das suas armas vai eventualmente ganhar um silenciador, possibilitando que você assassine desafetos furtivamente de várias formas diferentes.
No entanto, a maior parte do seu jogo não vai ser banhada em sangue. Não, os melhores momentos de Rise of the Tomb Raider envolvem exploração e as formas criativas e habilidosas com que Lara escapa do hostil ambiente em que se encontra.
Por mais que o gameplay das armas seja excelente, as partes mais inesquecíveis deste jogo são mesmo simplesmente as escaladas nas quais você fica embasbacado com a beleza e o quase fotorrealismo dos cenários.
SIDEMISSIONS
Uma coisa que é nova nesta continuação é a presença de sidemissions. Em alguns momentos, você vai encontrar personagens que vão pedir sua ajuda e em troca darão upgrades ou roupinhas. As sidemissions podem envolver coisas legais, como explorar uma parte anteriormente fechada do mapa, até coisas chatas, como coletar suprimentos pelo cenário ou voltar a regiões previamente exploradas. Em geral, são desnecessárias.
Um tipo de sidemission que já estava no anterior, e que é muito boa: as tumbas, que trazem aquela sensação de exploração e descoberta que Tomb Raider faz tão bem.
Em geral para chegar nelas você vai explorar uma caverna ou outro lugar escondido e passar por vários obstáculos até chegar à tumba propriamente dita, onde terá que resolver um puzzle para chegar ao tesouro. São os momentos de Tomb Raider que mais se aproximam de fazer o jogador se sentir um grande arqueólogo e são muito legais. Só achei um tremendo desperdício que, quando você resolve uma tumba, não aparece mais a frase “tomb raided” que aparecia no anterior.
As tumbas a meu ver deveriam ser o único tipo de sidemission presente no jogo, mas as outras são facilmente ignoráveis se você não tiver TOC, como eu.
UPGRADES
Há uma pá de upgrades por aqui. Assim como no anterior, temos as habilidades que são compradas com pontos ganhados a cada level up e também upgrades feitos nas armas e equipamentos, além de coisas que podem ser compradas em uma lojinha com dinheiro (do jogo, não microtransações).
Estes upgrades de equipamento exigem uma combinação de vários tipos de moedas, que vão de metal a peles de animais. Neste ponto, o sistema do primeiro era mais simples e prático. Se você sabia que queria um upgrade, era só ver o seu preço e esperar acumular aquela quantidade de salvage.
Aqui como cada upgrade custa uma combinação de três ou quatro moedas, cada uma delas representada por um ícone, eu acabei fazendo os upgrades quando ele avisava que eu tinha algo disponível, não ficava tentando juntar para comprar habilidades específicas.
PEQUENOS DETALHES
Rise of the Tomb Raider tem um monte de pequenos detalhes que fazem com que o jogo seja tão especial. Da neblina aos efeitos de neve, das músicas às animações, do design dos tesouros aos comentários que a Lara faz, é tudo de um capricho considerável.
Uma coisa que me chamou muito a atenção é o uso que o jogo faz da vibração do controle, em especial dos gatilhos. Infelizmente, os gatilhos não vibram com cada tiro que você dispara, mas eles vibram cada vez que você enfia o machado numa parede que está escalando de forma muito legal.
Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi a vibração dos gatilhos quando você está em uma tirolesa. Eles vibram de forma alternada e suave que são bem semelhantes à vibração que você sente ao estar em uma tirolesa na vida real, e achei surpreendente que eles tenham conseguido criar isso com algo tão limitado quanto a vibração de um controle. Só faltou mesmo o ventinho na cara.
UM JOGAÇO
Rise of the Tomb Raider é mais um jogaço a engordar a larga fileira de excelentes exclusivos do Xbox One. Muito provavelmente vai disputar com Halo 5: Guardians o primeiro lugar na lista de melhores jogos de 2015. Qual deles vai ficar em primeiro? Isso eu não vou revelar ainda. Mantenha-se delfonado!
Rise of the Tomb Raider sai amanhã, dia 10 de novembro de 2015.