Admito que achei o título deste filme divertido. Talvez por isso tenha escolhido assisti-lo, apesar do elenco noveleiro não ser exatamente um bom indicador de uma obra de qualidade. O longa, no entanto, é totalmente diferente do que eu esperava, e mesmo do que a sinopse oficial prometia.
Aqui um sujeito se mata na frente da webcam. Os vizinhos ouvem o tiro e, assustados, entram no apartamento do cara para ver o que aconteceu. Eles não sabem que estão sendo filmados, e a reação de cada um dos muitos personagens é absurda, desde uma mulher que começa a tirar selfies com o presunto até o porteiro que fica simulando sexo com a esposa.
Por incrível que pareça, no entanto, por mais absurda que sejam as reações dos personagens, o negócio nunca cai para o nonsense. Na verdade, não duvido que muita gente reagiria exatamente da forma mostrada aqui.
Admito, por mais desrespeitoso com o expirado que seja, eu dei umas risadas. O negócio é totalmente humor negro, no entanto, mas até funciona no que se propõe a ser.
O que mais me chamou a atenção, no entanto, é que o filme inteiro é uma cena só. O que estamos assistindo é o tal vídeo filmado pela webcam e não existem cortes. Tem alguns momentos que alguém coloca o dedo na câmera ou esbarra com uma bolsa que podem ter sido usados para cortes, mas são poucos e são bem sutis, o que significa que deve ter exigido bastante dos atores, pois um erro significa ter que repetir muita coisa.
O delfonauta dedicado sabe que eu sou um grande fã de plano sequência. Filmes como o clássico Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, ficam ainda melhores por serem feitos dessa forma. No entanto, aqui a câmera é fixa o tempo todo, o que dá ao longa um jeitão mais de peça de teatro do que de um filme em plano sequência propriamente dito.
Por causa disso, dos filmes de “uma cena só”, este é um dos mais simples. Apenas um erro dos atores poderia obrigar a reiniciar, e não o fato de um enquadramento dar errado ou a câmera esbarrar em algo. Ainda assim, para fãs da técnica ou de humor negro, pode valer a pena. Não é um primor e nem vai ser estudado em cursos de comunicação como uma referência em planos sequência, mas vale uma assistida.