Johnny Marr – Playland

0

Na resenha de seu primeiro disco solo, The Messenger, ressaltei que Johnny Marr levou 26 anos para finalmente se lançar em carreira solo e concluí o texto desejando que ele não demorasse tanto tempo para lançar o próximo. Pois o cara parece ter lido minha resenha, afinal, todo mundo sabe que os astros do rock acompanham o DELFOS regularmente.

E um ano depois do álbum de estreia ele já solta um novo disco, como se quisesse recuperar todo o tempo perdido. Bom para ele, que quer aproveitar esse excelente momento de sua carreira, e bom para nós, pois Playland é tão tremendão quanto seu debute.

A sonoridade é absolutamente a mesma de seu trabalho anterior. Com isso etenda guitarras marcantes dominando as canções de forte acento Britpop e pegada extremamente grudenta, capaz de agradar tanto quem gosta do lado mais alternativo quanto quem curte um Rock mais próximo do Pop e radiofônico.

Marr também se mostra muito mais confiante como vocalista, tendo evoluído bem e cantando muito mais à vontade, o que deixa canções como a grudenta Easy Money e a agitada faixa que dá nome ao disco ainda mais bacanas.

Este segundo álbum também está mais enxuto, com uma duração menor que o anterior, o que o deixa bastante dinâmico e suas 11 faixas sem arestas, nenhuma está presente sem merecer. Nenhuma canção é pulável e todas elas poderiam ser facilmente singles em potencial.

Mas algumas das que mais me saltaram aos ouvidos fora as já citadas foram Speak Out Reach Out, com uma guitarra cheia de efeitos legais, a acelerada Boys Get Straight, com uma energia que muita banda de moleques não consegue passar e também a faixa que abre o disco, Back in the Box, que inicia as festividades já com o pique lá em cima.

Outras um pouco mais lentas e comedidas, como Dynamo, Candidate e The Trap, ganham pela atmosfera totalmente cool que conseguem passar, casando muito bem com os momentos mais barulhentos do disco e tornando-o bastante balanceado, mostrando que Marr tem mais cartas na manga do que apenas uma batida acelerada.

Johnny Marr apresenta neste Playland mais do mesmo, mas domina tão bem a fórmula e apresenta as novas e excelentes canções com uma competência tão absurda que isso vira uma força e não um demérito. Logo, quem gostou de The Messenger já sabe que vai ouvir uma nova coleção de músicas igualmente empolgante.

Por enquanto, o cara iniciou sua carreira solo com os dois pés na porta, com uma dupla de discos quase perfeitos. Se continuar com essa velocidade e qualidade de lançamentos, tenho certeza que logo não tardará a ganhar o cobiçado Selo Delfiano Supremo, a honraria que falta para a coroação total de sua carreira. Enquanto isso não acontece, vale a pena ouvir Playland, que já está bom demais.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorTerra-Média: Sombras de Mordor
Próximo artigoOperação Big Hero
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
johnny-marr-playlandAno: 2014<br> Gênero: Rock Alternativo<br> Duração: 41:37<br> Artista: Johnny Marr<br> Número de Faixas: 11<br> Produtor: Johnny Marr<br> Gravadora: New Voodoo<br>