Puxa vida, faz apenas algumas semanas que Chef estreou e agora chega aos nossos cinemas outro filme que tem comida como elemento principal. Não é à toa que Hollywood tem a regra que determina que determinados temas sempre rendem dois longas com lançamento muito próximo entre eles.
Mas enquanto Chef era uma produção pequena de ares cool, este A 100 Passos de um sonho é uma produção de orçamento maior e estética mais clássica do cinemão estadunidense. E com isso leia-se um roteiro mais padrão, com situações mais clichê e previsíveis.
É a história de uma família de imigrantes indianos que se estabelece numa cidadezinha francesa e decide abrir um restaurante de comida indiana (meio óbvio, mas tudo bem). O problema é que exatamente do outro lado da rua fica um dos restaurantes mais respeitados da região, e a dona dele (Helen Mirren) não encara com bons olhos a competição dos novos vizinhos.
Acontece mais coisa durante a projeção, mas convém não falar aqui. O que convém falar é que este é mais um longa com a cara de seu diretor, o sueco Lasse Hallström, especialista em produções açucaradas, melodramáticas e edificantes. Ou filme para senhoras de meia-idade, como gosto de me referir a eles.
Mas é preciso dar o braço a torcer e admitir que o cara segue esses ditames com competência, e mesmo usando sempre o mesmo esquema batido, consegue tirar alguma coisa de bom dele. Sim, A 100 Passos de um Sonho é cheio de lugares-comuns e situações meticulosamente e artificialmente programadas para arrancar ora sorrisos, ora lágrimas do espectador. E funciona.
Devo dizer que acabei gostando do filme, mesmo ele não apresentando nenhuma novidade e eu conseguindo identificar cada passo que a história tomaria a seguir. Mas por ser leve, com um visual belíssimo do interior francês e boas atuações, especialmente do patriarca da família indiana, conseguiu angariar minha simpatia. E verdade seja dita, bem que eu estava no clima para ver algo mais descompromissado e bobinho. Isso, sem dúvida, também contou pontos a favor.
Claro, a criatividade é zero e o terceiro ato se estende além da conta, ameaçando arrastar o ritmo da película para baixo. Tivesse terminado no ponto que parecia natural, poderia até ter recebido mais meio Alfredo. Mas optaram por continuar e fazer o tradicional final “megaultrahiperfeliz”, que acaba se estendendo além da conta. Mas mesmo isso acaba não interferindo tanto no saldo geral.
Desta forma, A 100 Passos de um Sonho funciona direitinho para quem gosta deste estilo de filme e até mesmo para quem não é muito fã, mas calhe de se encontrar no estado de espírito correto. Se é o seu caso, uma sessão até que desce bem.