Quando recebi o convite para essa cabine, fiquei com a certeza de que já havia assistido a este tal de Profissão de Risco, e muitos anos atrás, ainda por cima. Após uma rápida pesquisa, confirmei o fato: assisti sim, mas o longa era outro. No caso, Blow, de 2001, estrelado por Johnny Depp e Penélope Cruz, o qual recebeu exatamente este mesmo nome por aqui.
Treze longos anos depois o mesmo título é reaproveitado para batizar este The Bag Man. Agora que esclareci a confusão, passemos à sinopse. Jack é um assassino profissional a serviço de um chefão da máfia. O patrão lhe passa uma tarefa aparentemente simples: buscar uma bolsa num lugar tal e levá-la até um hotel de beira-de-estrada, onde deve esperar ele chegar para buscá-la. Enquanto isso, Jack não deve olhar de jeito nenhum o que tem dentro dela.
Porém, se fosse só isso o filme seria um tanto curto e sem emoção. Por isso o hotel marcado para o encontro mais parece algo saído da cabeça de David Lynch. Ele é habitado por personagens bizarros, do gerente do lugar (Crispin Glover, o pai do Marty McFly) à dupla de cafetões formada por um anão e um sujeito de tapa-olho.
Este é um daqueles típicos longas onde o protagonista passa por uma noite daquelas, onde tudo parece dar errado e uma simples tarefa como entregar uma bolsa misteriosa a seu chefe se transforma numa enorme dificuldade, dadas as altas confusões que ocorrem durante o processo.
O thriller, cheio de reviravoltas, é complementado por uma bem-vinda pitada de humor negro que arranca alguns sorrisos em vários momentos, ainda que o filme como um todo nunca ultrapasse a barreira do apenas Ok.
Também não faz muito sentido a relação de Jack com a prostituta Rivka (interpretada pela brasileira Rebecca da Costa), que praticamente se materializa no quarto dele. Isso só acontece porque é contra a lei de Hollywood não dar um interesse amoroso ao protagonista, mesmo não havendo motivo ou espaço para tal. Ainda assim, quando ela aparece pela primeira vez com a peruca azul, o filme subitamente fica muito mais interessante. Depois que ela a tira, no entanto, perde toda a graça.
Não há nenhuma novidade na história, mas ela até que diverte por suas bizarrices e pelo MacGuffin da bolsa. E aos curiosos, que desejam saber se o conteúdo é mostrado ou não já adianto o spoiler: sim, eles até mostram o que tem lá dentro, mas não é tão legal.
O resultado poderia até ser um tanto superior se a última virada, quando o filme praticamente já acabou, não fosse completamente desnecessária, sem contar que não faz o menor sentido. Tivessem limado isso, não só não faria a menor falta, como até melhoraria a qualidade geral da produção.
Profissão de Risco não escapa de ser genérico, a exemplo de seu título nacional já utilizado antes, mas até que funciona direitinho pelo teor de humor negro e pelas esquisitices que o protagonista tem de inventar. É pouco para gastar uma grana no ingresso, mas para ver em casa já vale mais a pena.