Rhapsody of Fire – Dark Wings of Steel

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A menos que você tenha passado uma temporada lutando contra as hostes do Esqueleto em Etérnia, provavelmente sabe que após mais de quinze anos lutando pelo rei, pela terra, pelas montanhas e pelos vales verdes onde os dragões voam, os cabeças por trás do Rhapsody of Fire, o guitarrista Luca Turilli e o tecladista Alex Staropoli se separaram amigavelmente e seguiram rumos distintos: Alex continuou com o Rhapsody of Fire, e com a guarda das crianças ao lado do vocalista Fabio Lione e do baterista Alex Holzwarth. Já Luca Turilli, formou um projeto totalmente novo, o Luca Turilli’s Rhapsody, que conta com a participação de Dominique Leurquin, o segundo guitarrista do Rhapsody of Fire, que só tocava em shows.

Lançado no ano passado, o álbum de estreia do Luca Turilli’s Rhapsody, Ascending to Infinity, não fez feio e conseguiu uma boa aceitação de crítica e público. Com isso, algumas dúvidas surgiram acerca da outra banda: será que o Rhapsody of Fire conseguiria repetir o mesmo feito de seu irmão desgarrado? Será que Alex seria capaz de fazer um álbum de qualidade sem o seu parceiro? Bem, Dark Wings of Steel veio para responder a estas dúvidas.

ASAS DE AÇO NEGRO

Se você estava cético quanto à qualidade do álbum, não se preocupe, delfonauta: mesmo sem Luca Turilli, este é um genuíno álbum do Rhapsody of Fire. Quase todos os elementos que fizeram da banda o que ela é hoje estão aqui: solos de guitarras pomposos e frenéticos, refrãos grudentos, uma orquestra completa, e uma faixa de abertura de um minuto e vinte com o título em italiano e coros épicos.

Porém você reparou no “quase” lá em cima, não é? Pois então, há alguns elementos da cartilha “rhapsódica” que foram mudados para este álbum. O que sentimos já de cara é a falta de uma linha narrativa. Sim, delfonauta, você pode achar isso estranho, mas para uma banda que ficou famosa por escrever letras de forma linear sobre a busca da espada esmeralda, fazer um álbum sem uma história é algo que merece, no mínimo, uma nota. Há pessoas que realmente se importam com estas coisas e eu sou uma delas.

Imagino eu que isto se deve ao fato de que, embora todas as composições dos álbuns anteriores fossem feitas em conjunto por Luca e Alex, a história e as letras sempre ficaram somente nas mãos do senhor Turilli. Isto não chega a ser um problema, pois mesmo sem uma ligação entre elas, as letras continuam bastante épicas e algumas até possuem alguma carga de sentimento, como My Sacrifice e a balada Custode di Pace.

Aliás, eu sinto que não são só as letras que estão menos complicadas, mas o disco em si está bem mais enxuto e relativamente simples. Não me entenda mal, delfonauta: os solos de guitarras pomposos ainda estão aqui. A bateria e o baixo ainda são versáteis, os teclados ainda dominam a música inteira e Fabio Lione ainda continua com sua voz magistral, mas tudo está muito mais descarregado, ao contrário da tonelada de pós-produção aplicada no álbum anterior, o excelente From Chaos to Eternity. Isso realmente me surpreendeu de início, pois esperava algo extremamente bombástico, com zilhões de linhas sobrepostas, mas comecei a me afeiçoar à mudança conforme o disco progredia.

Esta leveza muitas vezes nos leva de volta ao passado. Muitas das faixas aqui não ficariam deslocadas se inseridas nos primeiros álbuns do Rhapsody, em especial no Legendary Tales e no Symphony of Enchanted Lands, embora seja possível identificar algumas faixas que se encaixariam no Triumph Or Agony e até mesmo no The Frozen Tears of Angels, como a ótima canção Sad Mystic Moon.

Entre as faixas que mais gostei, estão a ótima faixa de abertura Rising From Tragic Flames e a grudenta Angel of Light, mas, para ser bem sincero, todas as faixas têm algo de especial, portanto, o ideal seria ouvir o disco todo e escolher as suas preferidas.

Apesar da falta de história, e consequentemente da falta de uma épica faixa de encerramento de 20 minutos, a única coisa que realmente me decepcionou no álbum é que em nenhuma faixa o Fabio Lione usa seus “recém-adquiridos” vocais rasgados, pois eles realmente são muito bons, como pudemos conferir na excelente faixa Aeons of Raging Darkness, do álbum anterior. Só espero que ele os use nos próximos álbuns.

No fim, Dark Wings of Steel é um ótimo álbum. Menos bombástico e menos massivo do que a maioria dos álbuns recentes do Rhapsody of Fire, mas mesmo assim não deixa os fãs na mão e lhes apresenta um trabalho fabuloso que ainda faz jus ao legado da banda.

CURIOSIDADES:

– Embora nunca tenha tocado em um álbum do Rhapsody propriamente dito, o novo guitarrista Roberto De Micheli não é estranho à banda. Ele fazia parte da primeira formação do grupo, quando eles ainda se chamavam Thundercross, em 1993.

– Este é o primeiro disco de estúdio da banda com o baixista Olivier Holzwarth, que tocou durante anos como o baixista ao vivo do Blind Guardian e é irmão do baterista Alex Holzwarth.

Cristopher Lee não está neste disco.