Nos idos de 2007, publicamos duas matérias analisando a evolução dos consoles. Foi uma retrospectiva da época do Atari até a geração atual, em uma época em que Xbox 360, PS3 e Wii ainda eram pouco mais do que promessas. Hoje, com o fim dessa geração, podemos fazer uma análise mais justa dos seus erros e acertos, e aproveitar e falar um pouco das promessas do Wii U, PS4 e Xbox One. Vamos nessa.
A GERAÇÃO ATUAL – 2005 A 2013
Analisando hoje, eu diria que essa geração não apenas cumpriu o que prometia, mas acabou se tornando a melhor desde a época do Mega Drive/Super Nintendo. Os games evoluíram muito nestes oito anos desde o lançamento do Xbox 360, e curiosamente eu não me refiro a sensores de movimentos.
Na mudança para os jogos com gráficos poligonais, os games perderam muito de sua acessibilidade. Era difícil saber para onde ir, os saves eram manuais (e muitas vezes era necessário usar itens para poder salvar) e o excesso de caixas a serem empurradas era irritante. Jogar se tornou um passatempo pra lá de hardcore, e isso foi resolvido nestes últimos anos.
Muitos dizem que os jogos hoje são muito mais fáceis do que eram na época do Nintendinho, e isso é a mais pura verdade. Eles também são mais intuitivos do que eram na época do PS1/PS2. Tudo isso contribui para uma maior acessibilidade e, na minha visão, aumentam a diversão. Eu gosto de jogar podendo parar a hora que eu quiser, sem me preocupar com ficar salvando, e sempre fui um adepto das vidas infinitas. Entendo quem discorda, mas essa é minha opinião.
Some a isso jogos repletos de atores famosos (o elenco de Sleeping Dogs é de fazer inveja a muito blockbuster), trilhas sonoras orquestradas compostas por grandes compositores e gravadas por algumas das melhores orquestras do mundo, e temos um refinamento geral em todos os aspectos, o que torna os jogos atuais os melhores em muito tempo. Agora é só a gente conseguir se livrar da obsessão em colecionar porcarias aleatórias (Killzone 3 já se livrou disso, mas ainda é um dos poucos vanguardistas) e o futuro será glorioso.
XBOX 360
Fabricante: Microsoft
Lançamento: 2005
A geração também teve seus problemas, e alguns bem sérios. Não dá para esquecer do do Xbox 360 e das três luzes vermelhas da morte, o que acabou vendendo mais PS3 do que qualquer propaganda da Sony.
O Xbox também trouxe o mundo online para os consoles e mesmo a Xbox Live de muitos anos atrás ainda era muito melhor do que a PSN é hoje, uma vez que o console da Sony carece de algumas funções muito básicas (chat por voz e sincronização instantânea de troféus, por exemplo). Eu também gosto mais do sistema de Gamerscore usado pelos achievements do Xbox 360 do que dos troféus do Playstation 3.
– LEIA AQUI NOSSA RESENHA DO XBOX 360!
Porém, devo dizer que, do tempo em que tive meus dois falecidos Xbox 360, meus jogos preferidos eram todos multiplataforma. O único exclusivo que eu realmente adorei foi Gears of War, e infelizmente só joguei o primeiro. Por outro lado, na concorrência…
PLAYSTATION 3
Fabricante: Sony
Lançamento: 2006
Quando eu comprei meu PS3, já comprei junto dois exclusivos. Metal Gear Solid 4 e Ratchet and Clank: Tools of Destruction. Começou aí uma paixão pelos exclusivos da Sony que me fez praticamente esquecer o coração partido pela morte dos meus Xboxes.
Logo veio Uncharted (e convenhamos, o segundo é potencialmente o melhor jogo dessa geração), Heavy Rain e tantos outros exclusivos tremendões. E isso porque estou falando apenas dos AAA, pois para quem gosta dos indies, o PS3 foi imbatível. Journey, por exemplo, é uma experiência inesquecível, e não é o único dessa linha que só quem tem PS3 pode jogar.
A PSN de fato é muito inferior à Xbox Live, mas se você, como eu, não faz muita questão de jogar online e gosta mais é do single player, os exclusivos acabam compensando a compra. E outra vantagem é que a jogatina online não é cobrada, possivelmente pela última vez na história, já que o PS4 vai começar a cobrar.
– LEIA AQUI NOSSA RESENHA DO PS3!
A PS Plus costuma ser citada também como uma grande vantagem do PS3. Eu experimentei ela nesse último ano, e devo dizer que, além de lotar meu HD com jogos que eu não uso, ela não me apeteceu tanto não. Peguei alguns excelentes descontos (mas não gosto da ideia de pagar para ter descontos) e ela possibilitou que eu jogasse alguns games que nunca teria comprado, como Darksiders ou Hitman Absolution.
Porém, a quantidade de porcaria que é oferecida é muito grande. Muitos jogos ruins, desconhecidos e velhos, além de muitas coisas serem dadas para o PS Vita em um mês e o mesmíssimo jogo ser dado para o PS3 no mês seguinte. Por tudo isso, não considero a PS Plus algo que realmente justifique ter um PS3, a não ser que você tenha a europeia (essa sim, dá muita coisa legal e jogos AAA mais recentes).
O PS3 também teve seus problemas técnicos, mas pela minha experiência, os consoles duravam três ou quatro vezes mais do que o Xbox 360. Ainda assim, não deveria quebrar nunca e estes problemas técnicos seriam para mim os principais problemas da geração atual. A não ser, é claro, que você tenha escolhido um…
WII
Fabricante: Nintendo
Lançamento: 2006
O Wii foi o único videogame 100% confiável da geração atual. Todo mundo que eu conheço que teve um Xbox 360 teve que lidar com ele quebrando e cerca de metade das pessoas que tiveram um PS3 também. Porém, não conheço nenhum Wii que tenha falecido.
Isso provavelmente se deve ao fato de que ele é muito menos poderoso do que a concorrência. Ele é basicamente um PS2/Gamecube com um controle diferente. E esse controle, meu amigo, foi responsável por tornar o Wii ao mesmo tempo um fenômeno de vendas e uma piada.
Absolutamente todo mundo queria jogar o Wii quando ele saiu. Era uma experiência nova, afinal de contas. Convenhamos, a primeira vez que você joga Wii Sports é inesquecível. Mas, ao mesmo tempo, é muito rápido para enjoar.
Eu ouvi uma vez alguém falando que o Wii era como um vírus. O sujeito compra, jogava por algumas semanas e aposentava. Um dia, recebia um amigo que queria experimentar, eles jogavam Wii Sports, o amigo se apaixonava, comprava um, jogava por algumas semanas e aposentava. Até um dia ele receber um outro amigo. E assim, o vírus do Wii se alastrava, fazendo o console vender pra caramba, mas ao mesmo tempo sendo relegado a acumular poeira nas estantes dos gamers que queriam uma jogatina mais elaborada.
Particularmente, para mim a força da Nintendo sempre foram os jogos do Mario. Eu posso dizer sem medo de errar que comprei meu Wii para jogar Super Mario Galaxy. E ele e sua continuação foram dois dos pouquíssimos jogos que eu de fato levei até o final.
Teve outros jogos que me apeteceram muito. WarioWare: Smooth Moves, por exemplo, me rendeu uma das tardes mais divertidas da minha vida. Mas eu nunca mais tive vontade de jogar de novo. Eventualmente, eu acabei aposentando meu Wii, investindo meu tempo e dinheiro no PS3.
– LEIA AQUI NOSSA RESENHA DO WII!
Foi exatamente isso que tornou o console uma piada entre os gamers. O console vendeu pra caramba, mas os jogos vendiam tão pouco que eventualmente todas as third-parties pararam de desenvolver para ele. Esta foi justamente uma das grandes promessas da Nintendo para o Wii U quando este foi anunciado, mas parece que acabou não vingando muito. E já que falamos no Wii U…
– LEIA AQUI A BATALHA PS3 VS. XBOX 360 VS. WII!
A NEXT-GEN – 2012 A ?
A next-gen teve sua largada em 2012, com o lançamento do Wii U. Porém, muitos consideram que ela começou de fato apenas semanas atrás, quando o Xbox One e o PS4 chegaram às lojas. Eu ainda não experimentei nenhum dos três, então aqui darei minhas opiniões baseadas em resenhas e nas informações disponíveis internet afora.
WII U
Fabricante: Nintendo
Lançamento: 2012
O Wii U é ao mesmo tempo uma continuação do Wii e uma tentativa para corrigir seus erros. Ele é uma continuação por tentar levar o mundo dos games adiante, baseado em um controle diferente, semelhante a um tablet. A Nintendo nunca teve medo de inovar nos seus hardwares e isso é parte do que a torna uma empresa tão querida.
A outra parte são seus personagens, que possivelmente são os únicos oriundos de games conhecidos e queridos por pessoas que nem são gamers. Experimente dar uma pelúcia do Toad para sua namorada, mesmo que ela não seja gamer. Te garanto que ela vai gostar!
Porém, na questão de correção dos erros, é fácil dizer que ela falhou. Os gráficos de fato são melhores do que os do Wii, mas estão basicamente no mesmo nível dos do Xbox 360 e do PS3. Com o lançamento dos sucessores destes consoles, a Nintendo novamente se posiciona uma geração atrás.
Além disso, o tão alardeado suporte das third-parties parece ter minguado consideravelmente desde seu anúncio. Rayman Legends, por exemplo, era para ser um exclusivo e acabou saindo para todas as plataformas imagináveis. E de cabeça, o único exclusivo que não é desenvolvido pela Nintendo que eu me lembro é ZombiU, que parece ser bem legal, mas está longe de ser um system-seller.
Esta categoria é preenchida pelos mesmos de sempre. Mario, Zelda e afins. Eu não tenho nenhuma vontade de comprar um Wii U hoje, mas se o fizesse iria direto para os Marios. E daí aproveitaria para jogar Bayonetta 2, mas depois disso provavelmente ele ficaria tão aposentado quanto meu Wii.
PS4
Fabricante: Sony
Lançamento: 2013
O PS4 seria meu videogame de escolha nesta geração, e eu inclusive pretendia comprá-lo próximo ao seu lançamento. Isso, claro, até a Sony divulgar que o preço no Brasil seria de dolorosos quatro fuckin’ mil reais. E pior, o console nem vem com lubrificante. Aí não dá, Sony!
Porém, eu compraria o PS4 muito mais pelo seu potencial do que pelo de fato ele está mostrando até o momento. Não tenho a menor intenção de colocar minha jogatina no Youtube. Quero um videogame simplesmente para jogar, e admito que não gostei nem um pouco da Sony exigir a PS Plus para jogar online. Embora eu seja um assinante atual, isso me torna mais propenso a não renovar minha assinatura, pois não gosto da ideia de pagar extra para usar funções de um jogo que comprei.
O potencial, no entanto, parece apetitoso. O PS4 aparentemente continuará sendo um paraíso para os desenvolvedores indies e eu espero ver muitas obras-primas na linha de Journey no console. Também espero exclusivos AAA suculentos, embora a lista do lançamento não tenha me apetecido.
Eu até gosto de Killzone, e provavelmente ele seria minha escolha de acompanhamento se fosse comprar o console hoje. Porém, ele não me apetece tanto assim para justificar a compra. Hoje, eu usaria o console para jogar os multiplataformas mesmo, tipo Assassin’s Creed IV, por exemplo. Já o Xbox One é outra história…
XBOX ONE
Fabricante: Microsoft
Lançamento: 2013
O Xbox One é um console cujo line-up oficial me apetece muito. Além dos multiplataformas, ele tem dois exclusivos que devo dizer que estou empolgadíssimo para experimentar e que com certeza compraria junto com o console: Ryse: Son of Rome e Dead Rising 3.
Ryse não está sendo muito bem avaliado, mas ao mesmo tempo, lendo as resenhas, ele parece ser feito para mim. Império Romano é uma temática que muito me apetece. O gênero hack’n’slash idem. Eu não me importo com ele ser linear ou com os quicktime events. Na verdade, eu até gosto dessas características. Então tenho quase certeza que me divertiria muito com ele.
Dead Rising 3 é a nova iteração da franquia de games de zumbis mais romeriana da história. E, pelo que ando lendo por aí, parece ser O jogo para se jogar neste lançamento.
Tem também um novo Forza, um system seller para muitos, mas que eu provavelmente deixaria passar batido, já que gosto dos meus jogos de corrida menos realistas.
As outras funções do Xbox One, como comando por voz ou os apps também não são para mim. Muito menos assistir TV através do console. Por que eu faria isso? Não, novamente eu quero um videogame para jogar. E preciso de uma máquina que faça isso bem.
No Brasil, o Xbox One tem a imensa vantagem do preço. Tendo sido lançado no Brasil no MESMO DIA do lançamento mundial e com o preço originalmente sugerido de R$2199, eu quase o comprei quando o preço do PS4 foi anunciado. Daí poucos dias depois a Microsoft resolveu inflacionar o preço em 100 contos, totalizando R$2299, o que eu achei uma atitude deprimente.
A justificativa foi a alta do dólar, uma desculpa curiosa uma vez que o console é fabricado em Manaus. Não, a verdade foi que eles viram o preço do concorrente e falaram “ei, o que são 100 reais a mais se a concorrência vai cobrar o dobro?”. E assim resolveram aumentar.
Também me preocupo com o histórico da Microsoft em não fazer hardwares confiáveis. Não quero investir tamanho tutu no videogame para ele morrer em poucos meses, como acontecia com o Xbox 360.
Porém, quero acreditar que isso não vai acontecer mais na geração atual e que as empresas aprenderam com os erros do passado. Hoje, tenho mais vontade de comprar o Xbox One do que um PS4, pelo preço e pelos dois exclusivos supracitados. Porém, se comprar um Xbox One hoje, vou acabar comprando um PS4 mais pra frente. O inverso não é verdade. Se eu comprar um PS4 hoje, não acho que vá comprar um Xbox One. Então pelo momento eu estou esperando, tentando passar incólume pelo hype do lançamento. E, meu amigo, está difícil.
E você? Já comprou algum? Já decidiu comprar algum? Ou vai esperar até o potencial dos consoles estar mais plenamente realizado? Esta matéria continua nos comentários com as suas opiniões.
LEIA TAMBÉM:
– A evolução dos consoles – Parte 1: do Atari ao 32X.
– A evolução dos consoles – Parte 2: do Saturn ao PS3.