Apenas Uma Noite

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Ah, o sexo. Esse troço tão polêmico e proibido, mas ao mesmo tempo tão natural, além de ser a única motivação para absolutamente qualquer coisa que os homens fazem. Não faltam filmes que tratam sobre o assunto, alguns de forma séria, vários outros de forma escrachada. Este é sério. Bem sério.

Aqui conhecemos o casal formado por Keira Knightley e o sempre insípido Sam Worthington. Durante uma viagem de negócios do sujeito, ambos vão sofrer tentações. Sam será seduzido por Eva Mendes, enquanto Keira vai tentar resistir aos avanços de Guillaume Canet.

O charme do filme é justamente ver como cada um dos dois reagirá à possibilidade que se apresenta diante deles. Como todos sabemos, homens e mulheres são bem diferentes no quesito traição, e esse assunto já foi extensivamente discutido em um antigo texto do DELFOS. O curioso é que a forma que o filme problematiza o assunto corrobora exatamente com o meu texto de 2007.

Hoje estou mais velho e menos tarado, mas a minha opinião continua a mesma: para os homens, a traição comumente é algo efêmero, sem importância e que vem seguida de forte arrependimento. Para as mulheres, é um sinal de infelicidade com o relacionamento atual e existe uma possibilidade real de ela estar considerando um upgrade. Isso é refletido até na escolha dos atores. Eva Mendes é a definição da femme fatale, enquanto Canet tem seu charme europeu e intelectual.

O legal é a forma como o filme trata isso, sem cair na armadilha de vilanizar qualquer um dos personagens. É fácil se colocar no lugar de ambos, e entender suas motivações e suas resistências. Ainda assim, talvez por eu ser homem ou talvez pelo próprio filme ser conduzido dessa forma, achei muito mais pesado um simples abraço entre a Keira e seu pretendente do que um beijo entre os outros dois. Seria interessante ver como uma mulher encararia este filme e o desfecho de cada um dos casos.

Eu gostei bastante deste Apenas Uma Noite (segundo a DataDelfos, este é o 742º filme a ganhar este título no Brasil), mas infelizmente a coisa degringola no final. Tem uma cena perfeita para terminar, quando o cara está voltando da viagem, e vemos todos os personagens reagindo de formas diferentes para o que aconteceu na noite passada.

O problema é que o filme continua para mostrar o casal se reencontrando. Beleza. Ainda assim poderia ser legal. Mas o final é totalmente repentino, corta LITERALMENTE no meio de uma frase. Ao tentar forçar um final aberto, o diretor e roteirista Massy Tadjedin acabou destruindo uma obra que estava excelente até o momento. Finais abertos podem ser legais, mas têm que ser feitos com cuidado. A Origem é um exemplo perfeito de um final aberto que funciona. Isso porque o filme não responde todas as questões e deixa o espectador em dúvida, mas ele TERMINA. Apenas Uma Noite não termina, ele é cortado no meio de uma cena.

O conjunto geral ainda é positivo, no entanto. Temos aqui um chick flick, mas não aquele chick flick tradicional. Vai agradar às mulheres, sim, mas é mais cerebral do que os que costumam focar especialmente nesse público. É um filme que trata as mulheres com o respeito que elas merecem, não simplesmente as retratando como máquinas de se apaixonar. Assim, sendo você homem ou mulher, se você gosta de filmes sobre relacionamentos humanos, vai encontrar em Apenas Uma Noite uma boa opção.