É muito legal quando um filme nos surpreende positivamente. Especialmente quando essa surpresa vem por homenagens a coisas que você curte. Super 8 é uma homenagem aos filmes Sessão da Tarde dos anos 80 (aliás, você já leu esse nosso especial de 2007?) e é tão divertido quanto.
A sinopse não poderia ser diferente. Uma turminha de jovens do barulho resolve se encontrar à meia-noite para fazer algo estúpido e acabam se envolvendo em altas confusões. No caso, o algo estúpido que eles estavam fazendo era um filme de zumbis. E as altas confusões se referem a um monstro que acaba sendo liberado. Eu sei, WTF.
Todos os personagens da turminha do barulho são engraçados e o mais legal é que eles realmente agem como crianças, com seus xingamentos e tiração de sarro constante. Tudo bem, eles parecem entender um pouco demais de cinema, mas dá pra dar um desconto. Afinal, eles estão fazendo um flme de zumbis! m/
A relação deles e seu filme amador acabam sendo tão divertidos que você acaba se envolvendo bastante. O tal do monstro só entra na história depois de muuuito tempo, e acaba soando forçado quando acontece. Ainda assim, o foco continua sendo nas crianças, pelo menos até bem próximo do final, quando o monstro se torna o centro das atenções.
E aí está o problema: o monstro. Além de demorar demais para entrar na história, todas as cenas com ele seguem a mesma fórmula do Cloverfield: ele sai matando e destruindo indiscriminadamente, mas o vemos apenas de relance, pelo menos até bem próximo do final.
Sim, eu sei, nosso amigo J.J. Abrams fez fama e fortuna explorando a curiosidade humana em Lost (aliás, analisando em retrospecto, a série era basicamente isso), mas essa história de “mostra-não-mostra-mostra-na-última-cena” é uma técnica tão sem sal que o cinema já deveria ter abandonado nos anos 60.
Além disso, tem alguns furos de roteiro bem feios envolvendo o monstro, e só quem quer saber deve selecionar o espaço em branco abaixo. Mas cuidado, pois quem fizer isso verá alguns dos mais malvados estragões já publicados por aqui.
– Qual é o critério para quem o monstro vai matar ou raptar? A importância para a trama? A idade? Os raptos dele não fazem sentido e nem servem a um propósito além de colocar a garota no papel de donzela em perigo.
– No final fica claro que ele poderia dar uma de Magneto, construir sua nave com qualquer bugiganga, e assim sair do planeta a qualquer momento. Então por que ele fica matando e raptando pessoas até um dos moleques chegar pra ele e dizer “eu sei que você quer sair daqui! Então vá!”. Ora, ele estava esperando a permissão de um fedelho para dar no pé?
Esses são exemplos de coisas que diminuíram consideravelmente a nota do filme. Mas a seu favor temos o climão de Sessão da Tarde misturado a um terror bem leve (pode dar medo em algumas crianças). Pense em algo na linha de Gremlins ou A Hora do Espanto, pois são dois filmes que me vieram à mente várias vezes durante a projeção.
O visual também é cuidadosamente elaborado para parecer um filme antigo, com granulados e cores menos vivas. Isso lembra o Mega Man 9, sabe? Um jogo que sai para os consoles modernos com gráficos de Nintendinho… Aqui temos um blockbuster milionário que imita um visual que só existiu por limitações técnicas. Ainda assim, pode ser divertido para quem quer reviver a época.
Super 8 é divertido, engraçado e um pouquinho (bem pouquinho) assustador, um futuro clássico da Sessão da Tarde. Não é perfeito, mas é uma pena que não façam mais filmes assim.
CURIOSIDADES:
– Durante os créditos, podemos ver o filme que as crianças fizeram na íntegra. E é muito legal!