Eu pensava que Fúria Sobre Rodas, mais conhecido aqui no DELFOS por Drive Angry, era um documentário sobre o trânsito de São Paulo. Veja só, o título me enganou feio, pois de fato não tem muito a ver com a história. O protagonista nem é assim tão bravo. Eu diria que um título melhor e mais apropriado seria Highway to Hell. E quando você assistir, vai entender o porquê. Mas antes disso, a sinopse.
Um grupo de adoradores de Satanás quer sacrificar um nenê mágico para trazer o Inferno à Terra. Big mistake, porque esse nenê é neto do Nicolas Cage, e ele vai fazer os satanistas mariquinhas implorarem por perdão.
Se a sinopse já fez o amigo delfonauta abrir um sorrisão sádico, regozije-se, pois ele é justificado. Fúria Sobre Rodas cumpre tudo o que a sinopse acima promete. Ele é ridículo no bom sentido, com cenas de ação exageradas, estilosas e extremamente violentas. Para melhorar, não se leva a sério em nenhum momento e apresenta coisas singelas, como explosões e desmembramentos a rodo. Em outras palavras, é absolutamente tudo que delfianos e delfonautas esperam do cinema. E sim, também tem moças bonitas, e até mesmo algumas cenas de nudez, coisa cada vez mais rara no cinema de hoje em dia.
Como a Warner é espertinha e já reparou que o público começou a evitar o cinema 3D por causa daquelas porcarias convertidas, anda anunciando que este foi filmado em 3D. E eu digo para você, que diferença.
Atualmente, de cada quatro cabines que eu vou, três são em 3D e em nenhuma delas o óculos faz alguma diferença. Aqui não, o 3D realmente é perceptível, especialmente nas divertidíssimas cenas de ação. Ok, tenho impressão que algumas das cenas de diálogos não foram filmadas em 3D coisa nenhuma, pois tem hora que o efeito desaparece, mas pelo menos quando realmente importa (quando tem coisa explodindo), a profundidade está lá.
E as cenas de ação, meu amigo, são de gargalhar de tão exageradas. Tem uma hora que um caminhão capota e o carro do protagonista passa por baixo e, em seguida, a câmera se afasta enquanto o caminhão para de rodar. Eu fiquei pensando comigo mesmo “explode, explode”. Daí explodiu. Foi lindo, delfonauta! Só de lembrar disso agora, lágrimas começam a sair de meus olhos. Ao ver isso, eu não tive outra opção a não ser levantar e aplaudir lentamente. Abaixo vai uma representação livre de como isso rolou:
Além de tudo isso, Fúria Sobre Rodas tem o personagem mais estiloso desde o Agente Smith. Falo, claro, do Contador, e aposto que você vai virar fã dele também.
Nesse ponto, o delfonauta já está pensando em me bullynar como fez na resenha de Megamente exigindo um Selo Delfiano Supremo para o filme. Então antes que a bullynação comece, eu já vou explicar porque não levou.
Se você é escolado em filmes de ação, já deve ter pensado no excelente Mandando Bala ao ler que o McGuffin da história é um nenê, certo?
Mas não fica só nisso e no clima “filme de ação exagerado e engraçado”. Os caras chegaram ao ponto de chupinhar uma das cenas mais marcantes do Mandando Bala, aquela em que o Clive Owen faz miséria com a Monica Bellucci no meio de um tiroteio. Aqui temos a mesma fuckin’ cena, só que cheia de efeitos estilosos de câmera. Isso não se faz.
A impressão que dá é que o diretor Patrick Lussier assistiu ao Mandando Bala e pensou “também quero fazer um desses”. E isso é legítimo. Mas ele foi um pouco longe demais na influência, ao ponto de que Fúria Sobre Rodas parece um remake from hell de Mandando Bala. E isso nos leva ao outro ponto negativo: Nicolas Cage.
Já zoamos esse cara várias vezes aqui no DELFOS dizendo que ele só faz filmes ruins. Ok, ele fez Kick-Ass, mas não era o protagonista.
Em Fúria Sobre Rodas ele é. E não convence. Acontece que o Nicolas Cage tem uma cara de tristeza eterna. Tenho impressão que a qualquer momento ele vai desabar e chorar. Talvez isso encaixe bem num oscarizável, mas num Testosterona Total cujo protagonista é um badass quase imortal não rola.
Mas ok, até dá para ignorar a atuação num filme de ação, mas não dá para ignorar um filme que quer ser outro. E, por causa disso, por mais que Fúria Sobre Rodas seja divertidão, ele perdeu a chance de ganhar o Selo Delfiano Supremo. Mas ainda assim é o melhor filme do ano até o momento e merece ser assistido no cinema, então não perca.