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Diante dos acontecimentos recentes no mundo do rock, como as mortes de Dio, Paul Gray e Gary Shider, posso dizer que, até certo ponto, é uma tarefa ingrata escrever um especial para o dia do rock. Mas o rock sempre renasceu das cinzas ou de qualquer lugar que o tenham colocado, então não temos que ficar lamentando as perdas que tivemos. Temos que celebrar o legado dessa turma e não deixar o rock n’ roll morrer.
Aliás, o rock nunca morre porque sempre tem alguém descobrindo o estilo em algum lugar do mundo. Seja porque descobriu um vinil do pai nas coisas velhas (todo rockstar fala que descobriu o rock assim, já percebeu?) ou por que já nasceu em uma família de músicos. A forma não importa, o que vale é ter sempre alguém próximo ao rock. Eu mesmo descobri o rock de uma maneira que posso considerar normal. Não sei se é comum, mas me pareceu normal na época, e ainda parece.
MEUS PRIMEIROS ACORDES
Não vou lembrar bem o ano, mas acredito que foi em 1993. Na época, eu estava com 10 anos (hoje eu tenho 27). As pessoas não costumam ter muita personalidade musical com essa idade. Oficialmente, eu ainda era uma criança, tentando entrar na pré-adolescência.
Lembro de estar assistindo televisão com a minha mãe na sala de casa. Com aquela idade, não temos como ter acesso ao controle remoto da TV, então eu assistia o que ela assistia. De repente ela para em um canal que estava tocando música. Era a MTV. Nossa! Um canal que toca música?
Sim, um canal que toca música. Lembro de ter assistido alguns clipes sem importância, já que não conhecia muita coisa. E aí me aparece um clipe que tinha algumas imagens de guerra. Lembro de quatro caras cabeludos tocando um som agradavelmente pesado. Um deles gritava em inglês. Todos balançavam o cabelo. Eles estavam sujos de lama. Que tremendão! Eu não sabia que minha mãe gostava disso. Aliás, eu não sabia que existia algo legal assim. Ela tentou mudar de canal antes do fim. Eu quase gritei para ela deixar o clipe tocar até o final.
Minha mãe, Irene, deixou, e deve ter se espantado por eu ter gostado daquilo, afinal, antes eu tinha acesso somente ao rock nacional e sertanejo, coisa que meus pais ouviam direto. Quando terminou o clipe, ela perguntou se eu tinha gostado. Disse que sim. E aí a dona Irene disse algo que me surpreendeu: eles são brasileiros… Peraí, como assim? Do Brasil? Mas eles não estavam cantando em português. Como pode isso? Ela me disse que eles faziam sucesso lá no exterior e por isso cantavam em inglês, mas eram brasileiros. Quem são eles? Ela disse que o nome da banda era Sepultura e o clipe que eu acabei de assistir de boca aberta era Territory, do álbum Chaos A.D.
Depois que ela me apresentou o clipe, eu fiquei com o pensamento lá longe, querendo saber mais sobre eles. E aí ela veio me dizer que o nosso vizinho, o Rodrigo (não o Pixáiti), que era uns três ou quatro anos mais velho do que eu, tinha dois LPs (não é CD, era LP mesmo) do Sepultura, o Chaos A.D. e o Arise. Fui lá falar com ele e pedi para gravar os álbuns em duas fitas K-7. Lembro de ter passado tardes inteiras ouvindo as fitas, começando a balançar a cabeça em frente ao som.
Não sei se existe um estudo científico quanto a isso, mas parece ser instintivo balançar a cabeça quando rola um som pesado perto de você, já reparou?
DESCOBRINDO A MTV
Como o delfonauta percebeu, minha mãe teve uma influência positiva na minha vida musical. Mas posso dizer que tive outra mãe que me influenciou mais ainda: a MTV. Sei que muito delfonauta vai pensar que eu sou louco em dizer isso, afinal, se pararmos hoje para assistir à MTV, estaremos sujeitos a clipes da Lady Gaga ou d, Restart. Mas em 1994, época em que comecei a assistir ao canal musical, a coisa era bem diferente.
O Top 10 MTV era um programa decente. Aliás, ele nem tinha esse nome. O nome original era Disk MTV. E como era legal assistí-lo. Conheci muitas bandas boas, que não eram de metal e isso mudou o meu gosto musical. Eu assistia constantemente Oasis, Raimundos, Aerosmith e Red Hot Chili Peppers (na época do Dave Navarro). Acompanhei o nascimento do Foo Fighters e o seu clipe legalzudo de Big Me. Vi o primeiro clipe da Alanis Morissette, You Oughta Know, conheci os já extintos Nirvana e Blind Melon. Nossa, a lista é imensa e eu poderia passar 10 parágrafos só falando dos clipes legais que passavam constantemente na MTV naquela época. E isso era só no Disk MTV.
Lembro de programas como o Gás Total, que tocava bastante hard rock, e foi lá que conheci o Jane’s Addiction e o Stone Temple Pilots. Lembro do Feijão MTV, do Lado B, com o tremendão Fábio Massari, que redefiniu o meu gosto musical, e também do Fúria MTV, programa totalmente dedicado ao metal onde descobri Megadeth, Slayer e Pantera, só pra citar os principais. Esse é o tipo de programa, junto com o Gás Total, que valeria um sacrifício coletivo de bodes para que voltassem ao ar. Mas sabemos que o atual cenário musical exibido na MTV não permitiria programas desse gênero. As menininhas fãs do Restart morreriam com o impacto musical e convenhamos que isso seria uma sacanagem.
E como todo adolescente que se prezava naquela época, tive meus primeiros ídolos musicais. Fiquei um bom tempo fissurado em Guns N’ Roses e Nirvana. Tive, e ainda tenho, todos os CDs dessas bandas. Sei cantar todas as músicas e tinha, até pouco tempo atrás, diversos shows gravados em VHS. E não é qualquer show, se querem saber. A MTV tinha costume de exibir algumas raridades na sua programação e eu conseguia gravar esse material.
Para quem não sabe ou não lembra, na década de 90, a internet ainda engatinhava e todo o material que eu conseguia era através da MTV ou da Galeria do Rock. VHS com shows na Argentina, Inglaterra ou em qualquer outro país do mundo estavam disponíveis. Um dos meus preferidos era um show do Guns em Paris. Tinha a participação do Lenny Kravitz e do Aerosmith e era bem tremendão. E o melhor de tudo é que tinha qualidade quase que profissional de imagem e som. Outro que eu gostava bastante era do Alice in Chains no Hollywood Rock.
Mas minha principal fonte de pesquisa era a MTV. Principalmente a madrugada. Como eu não trabalhava na época e só estudava de manhã, passei muito dos meus dias em frente à TV, gravando clipes, shows e entrevistas. De tarde, era possível assistir clipes das bandas de sucesso. Oasis, Red Hot Chili Peppers, Rage Against The Machine e Faith No More eram constantes. De noite, passava o TOP 10 EUA, que só tocava o “melhor” dos Estados Unidos. Lembro que deixei de assistir a esse programa quando o Hanson entrou na parada. Depois disso, era a melhor parte. Shows e mais shows. Era Metallica, Rage Against The Machine, Faith no More, Alanis Morissette, R.E.M., Ozzy Osbourne e mais uma porrada de bandas legais. E a maioria dessas apresentações eu nunca mais vi, nem na internet. Tenho um baú de ouro em casa!
GASTANDO O RICO DINHEIRINHO
Junto com essa parte da MTV, eu comecei a descobrir as lojas de CD. Cara, como isso vicia. Eu comprava muito CD na década de 90. Naquela época, o CD era barato e com 15 reais, você comprava um álbum de qualquer banda. Hoje em dia você não compra um CD por menos de 27 reais.
O primeiro CD que me lembro de ter comprado foi o da estranha banda The Presidents Of The USA. Alguém lembra deles? Eu sei que o delfonauta não lembra, então vou colocar o clipe aqui:
Se fosse hoje, eu não sei se compraria esse CD, mas quando o adquiri, achei tremendão. Logo depois desse, vieram One Hot Minute do Red Hot Chili Peppers, Jagged Little Pill da Alanis Morissette, Razorblade Suitcase do Bush, Tragic Kindom do No Doubt e a lista não parava de crescer.
Eu era fã de CDs, do disquinho físico mesmo, sabe? O Colocava no som e ficava acompanhando as letras no encarte. Gostava de saber o que cada músico tocou em determinada faixa e lia os agradecimentos da banda na última página do encarte. Era legal fazer isso porque descobria que as bandas que eu mais gostava se comunicavam entre si. Uma agradecia a outra pela ajuda. Um músico tocava no CD do outro. Isso era uma loucura e eu adorava tudo aquilo.
E eu tinha critérios na hora de comprar um CD. Nunca comprava dois da mesma banda seguidamente. Não gostava de ficar ouvindo o mesmo grupo por várias semanas. Então eu variava bastante. Se comprei o do Metallica hoje, o próximo poderia ser do Weezer. Depois eu poderia comprar um do Nirvana, Brujeria e por aí vai.
Infelizmente eu fui perdendo esse costume com o passar do tempo, mas isso é história para daqui a pouco.
A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE
Uma pessoa que gosta de música não pode ficar sem ir a shows, certo? Em 1997, eu já estava sentindo a necessidade de assistir ao meu primeiro espetáculo. Mas qual seria a banda? Eu tinha 14 anos na época e seria meio impossível minha família deixar eu ir a um show sozinho, até por que existia aquele velho preconceito de que todo roqueiro era maloqueiro. Segurei a minha vontade por um tempo, até que não deu mais.
No mesmo ano foram anunciadas as bandas que participariam do Close up Planet 97. Consigo lembrar até hoje o line up: Skamoondongos, Pavilhão 9, Maria Bacana, Catapulta e Charlie Brown Jr. (bem no início de carreira) no palco 1, que servia só para aquecer a galera. No 2, tinha Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Erasure, No Doubt e David Bowie.
E só para o delfonauta ter uma ideia de como as coisas mudam no mundo, eu paguei 30 reais no ingresso desse festival. Hoje, com 30 reais, você não entra em nenhum show internacional. NENHUM!
Revoltas à parte, a banda que me levou ao festival foi o No Doubt. Eles estavam no auge da carreira, com seu terceiro álbum, Tragic Kindom, e eram sucesso nas rádios com Don’t Speak e Just a Girl e eu gostava deles pra caramba. Tanto que corri atrás e tenho os dois primeiros trabalhos, que na época nem tinham sido lançados no Brasil. É um ska respeitável.
Para resolver a questão da liberação paterna e eu poder ir ao show, chamei um amigo meu que também gostava das bandas e pronto, estava liberada a minha entrada para o primeiro show da minha vida.
Posso considerar que a minha primeira vez foi com o Barão Vermelho. Eles abriram os shows no palco principal. Foi bem legal e acabei percebendo que teria que pular bastante naquele dia se não quisesse ser esmagado. A seguir veio o Erasure, que foi muito traumático e meu cérebro se recusa a dar informações sobre esse show. Então vamos ao Paralamas do Sucesso, que foi bem legal e o melhor de todos até o momento.
Depois foi o No Doubt. Dos três shows que eu já tinha visto até aquele momento, aquela era a apresentação da minha vida. O No Doubt entrou, tocou todos os sucessos do CD e algumas músicas antigas e foi embora. O show foi ótimo e eu percebi que a Gwen Stefani, a vocalista, era linda. Hoje ela está estranha e eu sou casado, mas em 97, eu pegaria fácil!
Ainda faltava o David Bowie. Quem? Eu nunca tinha ouvido falar nele. Lembro que fiquei na dúvida: vou embora ou fico para ver o cara estranho? Fiquei, pois depois de mais de cinco horas de show, eu já tinha me separado do meu amigo. E como tínhamos combinado de nos encontrarmos em determinado local depois do final do show, não me restou alternativa. Ainda bem que isso aconteceu! David Bowie foi uma agradável surpresa e fiquei de boca aberta a apresentação inteira. Não era só música. O palco estava enfeitado com uns balões onde o rosto do Bowie aparecia. Era muita coisa para um garoto de 14 anos que mal conhecia os Beatles e não gostava dos Rolling Stones.
E quem já foi, sabe que show é igual àquele salgadinho: é impossível ir a um só. Depois do Close Up Planet, fui a muitos outros. Vou citar aqui todos os internacionais que eu lembro até hoje: Oasis, Green Day, Smashing Pumpkins, Deep Purple, Prodigy, Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam, Shelter, Kiss, Rammstein, Live, Metallica, Bad Religion, Offspring, Jane’s Addiction, Faith no More, Deftones, Korn, Rock in Rio 3 (Papa Roach, Guns N’ Roses e Oasis). E se eu colocar os nacionais na lista, vai crescer ainda mais: Raimundos, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Charlie Brown Jr., Sepultura, Pitty, Supergalo, Lobão, Titãs e Arnaldo Antunes. Não vou colocar na lista os shows de bandas underground, pois senão a relação passa de 200 nomes. Mas já vi de tudo, até festival de death e black metal.
Com certeza devo ter esquecido algum show. Com o passar do tempo, a memória vai ficando fraca, sabe como é. Mas posso dizer que a minha queridissima mãe tem parcela de culpa nisso. Há uns três anos, ela resolveu fazer aquela faxina na casa toda, daquelas de virar tudo do avesso. Meu quarto participou dessa operação limpeza também.
Dentro do armário tinha um plástico de fichário com TODOS os ingressos de shows que eu já tinha ido na vida. Sim, eu guardava essa pequena lembrança dos shows, você não guarda, não? Pois é, estava lá o ingresso do Close-up Planet 97, do Deep Purple, do Metallica de 98. E, delfonauta, também estava lá o óculos 3D do show do Kiss da turnê Psycho Circus. Esse era o meu maior tesouro, quase uma raridade. E sabe o que aconteceu com tudo isso? Lixo. Foi tudo para o lixo. Sem nem mesmo me consultar, pois ela pensou que podia jogar fora, já que tudo era papel velho. Foi uma das minhas maiores decepções musicais e familiares de todos os tempos. E não sobrou nenhum pra contar a história.
UM NAPSTER EM MINHA VIDA
Posso dizer que grande parte do meu conhecimento musical, cerca de 80%, eu consegui através da internet. E minha relação internet/música começou em 1999.
Lembro de estar na sala de aula e de alguém ter comprado o jornal Folha de S. Paulo. E como o ócio dominava a classe naquele dia, o jornal rodou a turma inteira. Quando consegui ter o jornal em mãos, fui na parte de música, pois além da de esporte, era a única que me interessava. E lá me deparei com uma notícia sobre o Napster.
Comecei a ler a matéria e fiquei espantado com aquela informação. Como assim música de graça na internet? Eu posso ter a música que quiser no meu PC? Na mesma hora, mostrei a matéria para o meu amigo Rodrigo (não é o Pixáiti nem o do Sepultura), pois eu não tinha internet em casa. Ele tinha. Estava feito o estrago.
Saímos da escola e fomos para a casa dele baixar o programa. Era fácil de usar e na hora fizemos o download de uma música do Metallica. Quer dizer, não foi na hora, pois a conexão era discada, mas fizemos o teste e deu certo.
Um mês depois disso, consegui colocar internet em casa, e eu também baixei o programa. Baixava muita coisa nova, descobria bandas de todo o mundo e tinha acesso a todos os álbuns das minhas bandas favoritas. O que mais um moleque de 16, 17 anos poderia querer da vida?
Mesmo com uma conexão lentíssima, lembro que consegui ter mais de mil arquivos no meu computador. Nunca iria conseguir isso somente comprando CDs. Mas aí veio a questão dos direitos autorais, o processo do Metallica e o Napster ficou para trás.
Mas como eu já tinha toda a informação em mãos, era fácil achar um programa genérico. Aliás, hoje em dia também é fácil achar esses programas. Atualmente, temos outros canais para ter acesso às músicas. Tem o Trama Virtual, Sonora, Last FM e uma porrada de sites onde é possível ter acesso a milhares de bandas. E para alguém como eu, louco por música, a internet ainda continua sendo um paraíso.
Eu também uso muito a internet para conhecer novas bandas. Converso com muita gente que tem um gosto musical um pouco diferente do meu, então a troca de informações é gigantesca.
Uma das bandas que eu conheci assim foi o Tool. Me indicaram essa banda, eu busquei os CDs deles e fiquei viciado no som. Através deles, conheci o A Perfect Circle, que é um grupo liderado pelo vocalista do Tool, Maynard James Keenan. E assim vai indo.
Uma dica que dou ao delfonauta é pesquisar a história dos integrantes da banda que você gosta. Geralmente todo músico tem um passado com outras bandas. Vou dar um exemplo para ficar mais claro: Josh Homme. Você o conhece como guitarrista/vocalista do Queens of The Stone Age, certo? Quase ninguém sabe que, antes de fundar o QOTSA, ele era guitarrista do Kyuss. Não conhece? Olha o clipe aí embaixo:
Eu recomendo Kyuss para qualquer pessoa. É o tipo de banda que só ficou famosa depois de ter acabado. E tem uma curiosidade: Homme plugava a sua guitarra em um amplicador de baixo e afinava o instrumento mais grave do que o comum para fazer as músicas da banda. Nunca mais vi ninguém fazer isso no mundo da música.
Então ficaria assim: Josh Homme fundou o Kyuss. A banda acabou e ele formou o QOTSA. Nesse meio tempo, ele tocou com o Screaming Trees, outra banda legalzuda dos anos 90. O Queens of The Stone Age nunca acabou, mas sempre que dá, Homme se envolve em um projeto paralelo ou toca no disco de alguém (ou convida algum músico para tocar na sua banda. Entre eles temos: Eagles of Death Metal, Mondo Generator, Fatso Jetson, PJ Harvey, Arctic Monkeys, Mastodon, Trent Reznor, Wellwater Conspiracy, Mark Lanegan, Death from Above 1979, U.N.K.L.E., Masters of Reality, Peaches e por fim (se eu não esqueci nenhum), o Them Crooked Vultures, que conta com John Paul Jones (Led Zeppelin) no baixo e Dave Grohl (Foo Fighters) na bateria.
Com uma única banda e analisando o passado somente de um dos integrantes, foi possível ter referência de 18 bandas diferentes. E posso afirmar que todas são bem legais, pois já tive o prazer de ouví-las. E se você fizer isso com todos os integrantes do QOTSA, que ao todo são cinco, pode ter certeza que você chega a 80 novas bandas fácil, fácil.
Confesso que eu queria dar esse exemplo com o Mike Patton. Mas achei meio impossível listar todos os projetos nos quais o cara já participou. Parece que ele não faz outra coisa da vida a não ser se envolver com música. Só de cabeça eu lembro de 15. Mas como os mais interessantes quase todo mundo conhece (Mr. Bungle, Fantomas, etc), só vou indicar a gravadora do cara, a Ipecac. Para quem não se prende ao tradicional, as bandas que fazem parte da gravadora são um prato cheio. Eu indico logo de cara a banda Isis. Vai lá, eu sei que o delfonauta não vai ficar decepcionado.
EU TENHO BANDA
E se você achou que a minha relação com o rock era só ouvindo música, está enganado. Como um bom adolescente que se preze, eu já disse que tinha ídolos musicais. De início, eu era fanático pelo Slash na fase Guns N’ Roses e Slash’s Snakepit. Achava o máximo o jeito que ele tocava e os solos que ele fazia. O resultado disso é que eu queria tocar guitarra.
Demorou bastante para eu conseguir comprar o meu primeiro instrumento. Com isso, fui conhecendo bastante gente e todo mundo tocava guitarra. E aí eu pensei: como vou formar uma banda se eu só conheço guitarrista? Será uma orquestra de guitarras e eu não quero isso.
Passei então a acompanhar outros instrumentos. Como eu moro em apartamento, uma bateria não seria possível, já que eu teria que fazer escolhas se eu comprasse o instrumento: era eu ou ela dentro do quarto. Os dois juntos não dava.
Então eu seria vocalista. Não, não daria certo. Se eu quisesse fazer sucesso, a minha banda não poderia ter alguém tão ruim nos vocais. Se eu fosse vocalista de banda instrumental, quem sabe. Senão não ia dar certo.
E o baixo? Ele não aparece muito nas músicas, mas faz um som legal. Acho que é ele. Comecei a reparar no contra-baixo das músicas. Conheci melhor o Red Hot Chili Peppers e o Primus e aí eu resolvi que queria ser baixista.
Finalmente comprei meu baixo. Não era dos melhores, mas era meu e saía um som legal. Logo no meu primeiro dia com o instrumento, meu amigo Rodrigo, aquele mesmo do Napster, me chamou para tocar junto com ele. Ele tocava guitarra e sabia bastante coisa.
Eu fiquei animado com o resultado da primeira jam da minha vida. Eu tinha aprendido a tocar uma música! Era Blitzkrieg Bop do Ramones. Hey, Ho!, Let’s Go!
Fui aprendendo um pouco com ele, estudei um pouco com um baixista que morava no mesmo condomínio que eu e fui aprendendo algumas coisas do Nirvana e Ramones, que são bem fáceis de tocar.
No meu quarto mês como baixista, eu achei uma banda na internet. Eles precisavam de um baixista e eu queria uma banda. O nome era Lunataks. E sim, era uma homenagem aos Thundercats.
Só tocávamos música própria e com isso eu fui aprendendo um pouco mais de música. O som era simples, rock com letras em português, vocal feminino, duas guitarras, bateria, baixo e, às vezes, um violão. A banda durou um ano. Ela acabou um mês depois do primeiro show, que foi realizado no Vila Rock bar, em Pinheiros, São Paulo.
Depois disso, fui me envolvendo em alguns projetos. Toquei com banda de New Metal, Hard Core, Metal Core e até Rock Pop. Cheguei até a gravar alguns CDs demos. Nada muito profissional, mas o resultado ficou satisfatório. Dava pra mostrar para os amigos.
ALLAN E O ROCK HOJE
Hoje em dia, a minha relação com a música mudou um pouco.
São raros os shows em que eu vou. O último em que estive presente foi o Maquinaria Festival 2010, onde vi Deftones, Jane’s Addiction e Faith No More. Não que eu não goste mais de shows, mas são raras as bandas que são capazes de me fazer pagar 200 reais em um ingresso.
A grande maioria dos shows em que estive foram no começo da década. E de todos, o mais caro que eu paguei foi o do Live. Sabe quanto? 70 reais. Na época eu achei um absurdo, pois eu sempre pagava 30, 40 reais no ingresso. Já tinha chegado a 50 reais, mas 70 era absurdo.
Depois disso, eu parei um pouco com os shows, até porque as bandas pararam de vir pra cá, quando teve aquela história de alta do dólar. E aí quando a situação melhorou, os show voltaram, mas estranhamente o preço das apresentações subiu. Nunca mais fui a nenhum, só no Pearl Jam uns anos atrás. Só abri exceção para o Maquinaria Festival 2010 porque o Faith no More e Jane’s Addiction estavam lá. E valeu a pena.
Quanto às músicas, eu continuo fazendo alguns downloads, mas procuro sempre o modo legal de fazer as coisas, como quando as bandas disponibilizam músicas nos sites. O Youtube também é uma boa saída para conhecer coisas novas.
E infelizmente eu estou sem banda no momento. A última, que tinha o nome de InFly, acabou em novembro. Hoje só estou praticando em casa, o que nem de longe é a mesma coisa.
Bom, é isso. Quem quiser falar mais sobre o assunto, é só comentar ou mandar e-mail. Fique à vontade também para sugerir matérias de bandas que vocês gostariam de ver aqui no DELFOS. Vale também resenha de CD ou de DVD de shows.