Ok, antes de começar o relato que vai fazer com que todos os nerds brasileiros fiquem com inveja de mim, permita-me explicar uma coisa: o título desta matéria é só mais um dos internacionalmente famosos títulos sensacionalistas delfianos. A verdade é que eu ainda não vi Watchmen e Star Trek. Pelo menos não inteiros. Afinal, nenhum deles está pronto ainda. Porém, eu vi alguns pedaços. Alguns vários e longos pedaços. Confira o relato de tudo isso aí embaixo. E vou falar de tudo supondo que você leu o gibi (no caso do Watchmen), então se você quiser se manter estragões-free, saia já daqui.
Ainda comigo? Então senta aí e se prepara para passear comigo pela minha memória recente.
É relativamente comum as distribuidoras chamarem a imprensa para assistir a trechos de filmes ainda não finalizados. Contudo, eu normalmente ignorava esses convites, por não considerar isso muito interessante. Só que agora era Watchmen, e isso eu não podia perder.
Tudo rolou na noite da última quinta-feira, mais conhecida como ontem. Entramos na sala de cinema e rolou um discurso de alguns pintudões da Paramount, dizendo que esse evento estava ocorrendo simultaneamente em várias partes do mundo. E isso é muito tremendão! Eu estava entre as primeiras pessoas do mundo a conferir cenas completas de dois dos filmes mais esperados de 2009.
Depois do discurso, as luzes se apagam e JJ Abrams, criador de Lost e diretor de Star Trek, popa na tela. Ele se desculpa por não estar com a gente e explica que nunca foi um Trekker. Ainda assim, ao ver o roteiro do reboot da franquia, e ver quanta aventura, ação e comédia tinha na história, não pôde deixar passar a chance. A seguir, ele diz que a primeira cena que a gente vai ver é a apresentação do Kirk, ainda jovem.
Nessa cena, Kirk dá umas xavecadas na Uhura e acaba se envolvendo em uma briga contra vários brutamontes. A primeira coisa que eu percebi foi que o clima do negócio está completamente pipocão. Manja aquele jeitão Indiana Jones? Cinema como diversão descompromissada? É exatamente por aí! E essa impressão se confirmou nas outras cenas, o que me lembrou também de Star Wars.
Sou obrigado a admitir que nunca assisti a nenhum Star Trek. Porém, na minha cabeça, a franquia sempre pareceu bem séria, algo completamente geek e distante da diversão do cinema pipoca que eu curto. Não sei se isso corresponde à realidade, mas o fato é que este novo Star Trek tem a maior pinta de que estará entre os filmes mais divertidos do ano.
Depois dessa primeira cena, JJ Abrams volta a aparecer e introduz a próxima cena, que mostra uma discussão entre Kirk e Spock. Novamente temos bastante humor e diversão.
A próxima cena deve ter sido a mais piradora de cabeções para os trekkers presentes, pois trouxe Leonard Nimoy, o Spock true, como um Spock envelhecido, aparentemente alguém que voltou para o passado. Ele dá instruções para Kirk, dizendo que deve convencer a turminha que sua contraparte mais jovem está emocionalmente incapacitada. Kirk pergunta: “você quer que eu te incapacite emocionalmente?”. A resposta de Spock é tocante: “Garanto que eu já estou emocionalmente incapacitado”. A cena termina com Spock fazendo aquele tradicional gesto trekker e falando “Vida longa e próspera”. Até eu me emocionei nessa hora, mas era possível ouvir gemidos de orgasmo dos fãs presentes na sala.
Finalmente, a última parte mostrada era uma cena de ação envolvendo Kirk, Sulu e um camisa vermelha pulando de pára-quedas. O camisa vermelha, é claro, morre antes da ação começar. Já Kirk sai na porrada com um bicho feio enquanto Sulu mostra suas habilidades na espada. Bem legal. Bem legal MESMO. Mas também é dessa cena o único defeito que posso colocar, pois JJ Abrams parece ter um caso de mal de Parkinson pior que o do Pablo. A câmera treme tanto que chega ao ponto de você não enxergar ABSOLUTAMENTE NADA, a não ser algumas cores e coisas disformes se mexendo.
JJ Abrams volta para se despedir e garante que estará aqui com a gente quando o filme estrear para nos conhecer pessoalmente. Será que ele vem mesmo? Acho difícil. Terminadas as cenas de Star Trek, fiquei com uma ótima impressão do filme. Não sei se ele se mantém fiel ao jeitão do antigo ou se realmente ficou mais divertido e bem-humorado, porém ele não parece ter esquecido da tradição da franquia.
O Spock de Zachary Quinto está igualzinho ao de Leonard Nimoy, os camisas vermelhas ainda morrem, o lema “vida longa e próspera” está lá e, aparentemente, trata-se de uma preqüência, não de um reboot. Isso porque a presença do Spock velho e outras coisinhas dão a entender que tudo que rolou nos filmes anteriores realmente aconteceu. Ou melhor, vai acontecer.
Após a despedida do JJ Jameson, quem popa na tela é o tremendão Zack Snyder que, tendo dirigido o espetacular Madrugada dos Mortos e o filme pornô gay 300, tem até agora um currículo intocável no cinema e um grande potencial para se tornar um dos melhores diretores da história.
Após se apresentar, Zeca Sniper apresenta a Graphic Novel Watchmen, dizendo que ela é a única HQ considerada por alguma publicação (acho que a Time) como um dos 100 melhores livros do século 20. Ele diz que se trata de uma desconstrução dos super-heróis e é legal ter o filme saindo agora, quando este gênero está no seu auge.
Após essa intro, Zacarias Atirador de Elite diz que vamos ver os primeiros 10 minutos – ou seja, a morte do Comediante e os créditos iniciais, que mostram como foi o século 20 com a existência dos super-heróis.
O filme começa com o logo da Warner e da Paramount em preto e amarelo, seguidos pelo Robert Downey Jr. Comediante assistindo TV, onde vemos algumas matérias falando do Dr. Manhattan e outros personagens importantes. Logo, um anônimo arromba a porta e os dois iniciam uma briga. E é uma briga de macho, nada daquelas coreografias que parecem dança dos filmes chineses (embora tenha um soco na cara em câmera lenta que remete diretamente ao duelo entre o Neo e o Smith). Tem alguns golpes que parecem tão dolorosos que é até difícil não soltar um “ai”. Contrastando com toda essa violência, temos uma música suave tocando.
Não demora também para vermos como Zack Snyder é um diretor melhor que JJ Abrams. Afinal de contas, a câmera fica completamente parada durante a luta, permitindo ver cada golpe e cada expressão de dor no rosto dos atores. É assim que se filma ação!
Logo, uma gota de sangue do Comediante cai no seu broche de carinha feliz (cumshot involuntário) e, pouco depois, ele é derrotado e jogado do prédio. Um grande close é feito no broche manchado de sangue e começa a tocar The Times They Are a-Changin’, do Bob Dylan.
Começa aí o videoclipe dos créditos iniciais, enquanto somos levados a uma viagem pelo século 20. Vemos a origem do primeiro grupo de heróis (incluindo o momento em que AQUELA foto foi tirada), presidentes e músicos (se liga na presença de Mick Jagger e David Bowie interagindo com os super-heróis). As roupas dos heróis, ao contrário de filmes como Batman e Homem-Aranha é feita de tecido, o que pode parecer de baixo orçamento, mas na verdade é para aproximar da realidade. Enfim, é tremendão e a música parece ter sido feita para o filme, tamanha a adequação das imagens à letra – e mesmo à melodia.
Falando em tremendão, eu tenho dois momentos preferidos na HQ. Os dois são relacionados ao Dr. Manhattan em Marte: o primeiro é a origem dele, o segundo é o diálogo do azulão com a Laurie. Pois Zack volta a aparecer e diz que o que vamos ver agora é a cena do Dr. Manhattan em Marte contando a origem dele. Pronto. Cumshot involuntário ao quadrado.
A cena começa com o peladão chegando a Marte e olhando aquela foto com Janey Slater, sua ex-namorada. Isso deixa o cara nostálgico e ele lembra a história da sua vida. Assim como no gibi, tudo é contado de forma não-linear. Afinal, o tempo e o espaço não significam nada para um deus.
Aliás, essa parte é tão fiel quanto Sin City. São exatamente os mesmos diálogos e quadros. Por exemplo, na cena em que o Dr. Manhattan está beijando Laurie, é o mesmo enquadramento do gibi e a mesma narração, dizendo que depois de cada beijo longo, ela dá um beijo mais curto, como se fosse uma assinatura. A única diferença que percebi é que eles evitaram a palavra pedófilo – no gibi, Manhattan é acusado disso por sua namorada, já que a traiu com uma ninfeta de 16 primaveras.
O momento mais paudurescente em toda essa cena (que dura um bom tempo) é quando o Dr. Manhattan ergue a sua fortaleza marciana. Cacildis, é lindo! Nos interlúdios, várias vezes Zack Snyder disse que os efeitos especiais ainda não estão terminados, mas eu não consigo imaginar como Watchmen pode ficar mais bonito. Se você já achou Sin City lindo, sorria, pois este promete elevar a “cara de gibi” a um novo nível.
Última cena: Espectral e Coruja tirando Rorschach da cadeia. Mais ação e os cumshots involuntários chegam ao cubo. Os dois enchem os vilõezinhos genéricos de porrada enquanto vão andando para a direita. Pois é, referência a videogame detectada. Finalmente, eles encontram o tremendão máximo, Rorschach (e as manchas na máscara dele se mexem), que avisa que precisa usar o banheiro. Curiosamente, um meliante tinha acabado de entrar ali.
O cumshot involuntário à quarta potência rolou nessa cena. Rorschach entra no banheiro e a porta fica abrindo e fechando (imagine aquelas portas de filmes de velho oeste, manja?) e a gente só vê flashes do que está acontecendo lá dentro cada vez que a porta se abre. A melhor palavra para definir isso é tremendão. A seguir, rola um pequeno videoclipe com trechos de várias partes do filme que, segundo Zack, foi editado exclusivamente para esse evento.
Zacarias volta para se despedir e o filme é aplaudido. Eu já estava pirando o cabeção forte em Watchmen. Depois de assistir a essa meia-hora, estou achando que será o melhor filme da história. Nada mais justo: o melhor filme para a melhor HQ da história.
Espero que você tenha curtido essa narração e que tenha sido o suficiente para dividir com todos os delfonautas a sensação de estar lá vivendo isso. Star Trek vai ser bom, mas Watchmen vai ser fenomenal. Acho que vai ser bem legal reler este texto depois de o filme estrear e comparar se mudou algo. Falta muito para chegar em seis de março?
PS: Este texto foi publicado sem revisão para poder dividir tudo isso com você o mais rápido possível. Divirta-se com os erros.