Filmes sobre assaltos mirabolantes existem às pencas. Nestes últimos anos então, o número só aumentou, mas a qualidade geral não era lá aquelas coisas. Então por que sair de casa e torrar seu suado dinheiro num ingresso para O Plano Perfeito?
Porque ele é o melhor filme de assalto em anos e cinema de entretenimento de primeira. E se você é um cinéfilo, há mais uma razão: é o primeiro filme pipoca dirigido pelo engajado Spike Lee (Faça a Coisa Certa, Malcolm X e o mais recente A Última Noite). E o cara mandou muito bem nessa nova empreitada.
Na história, uma quadrilha muito bem organizada e liderada por Clive Owen (o Dwight de Sin City) invade um banco em Nova Iorque fazendo todo mundo que estava lá dentro de refém. A polícia logo cerca o local e começam as tensas negociações comandadas pelo Detetive Frazier (Denzel Washington, de Chamas da Vingança). No entanto, a quadrilha não parece muito interessada no dinheiro do cofre, mas em algo que está numa das caixas de depósito particulares do local.
Enquanto os bandidos enrolam a polícia e Frazier começa a desconfiar que ali tem coisa, o dono do banco (o veterano Christopher Plummer) contrata uma mulher de trabalho misterioso, Madeline White (Jodie Foster, em papel pequeno) para tentar reaver algo misterioso que ele guarda há anos no banco em questão e que pode comprometê-lo seriamente.
Bom, a história pode não apresentar nenhuma inovação, mas o roteiro é excelente, bem desenvolvido e bem amarrado, evitando os clichês das películas do gênero, como, por exemplo, ter um monte de reviravoltas absurdas só para tentar surpreender o espectador, mesmo que tais surpresas não tenham nenhum valor para a história. E mais, eu não detectei nenhum furo, o que é algo louvável nesse tipo de trama.
A direção de Spike Lee – do qual nunca fui muito fã apesar de ter assistido vários de seus filmes – faz toda a diferença. Seu trabalho de câmeras dá uma força extra à história, mas o grande destaque fica mesmo por conta da excelente direção de atores. Todos estão ótimos. Clive Owen e Denzel Washington, em lados opostos, travam uma verdadeira batalha (amistosa) para ver quem supera o outro. Fica até difícil escolher por quem torcer. Jodie Foster, mesmo num papel que eu considero pequeno demais para ela, apresenta aquela competência habitual. E todos os coadjuvantes, desde os policiais até os reféns, estão igualmente ótimos. Alguns, como o cara do turbante, até roubam a cena.
Spike pode ter se rendido ao cinemão pipoca, mas ainda há espaço para pequenas críticas sociais. A diferença aqui é que elas são feitas com muito bom-humor e não estão lá só porque “um filme de Spike Lee tem de ter crítica social”. Elas estão lá porque servem à história, dando até mais veracidade ao filme.
Eu realmente me surpreendi com esta película, pois não esperava que Lee tivesse tamanha desenvoltura no que espero ser apenas o primeiro exemplar de sua nova empreitada. Tomara que ele tenha tomado gosto por dirigir filmes de mero entretenimento escapista e volte a apresentar novos exemplares do gênero. O Plano Perfeito é diversão de primeira, valendo cada centavo investido no ingresso. Altamente recomendável.
