Dual Disc – A Luz no Fim do Túnel

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A “cultura do bônus” é uma tendência natural e adotada em larga escala nos dias de hoje. As empresas se esforçam cada vez mais para dar ao consumidor o máximo possível em seus produtos na tentativa de combater a pirataria, já que os piratas têm profunda dificuldade em reproduzir os materiais com a mesma qualidade do original.

Num game, por exemplo (que consome milhões de dólares em investimento e anos em desenvolvimento), a preocupação com a duração do jogo, dos atrativos extras que ele possa ter (minigames, fases secretas, patchs, mods, atualizações freqüentes), do fator replay (o quanto ele é interessante e estimulante para ser jogado mais que uma vez), de suas opções multiplayer e do jogo online são atualmente mais fundamentais do que nunca, tornando o produto mais interessante para o consumidor. Da mesma forma os DVDs de filmes colocam cada vez mais material adicional para justificar a sua compra, cenas inéditas, detalhes de produção, entrevista com os realizadores, especiais de tv, etc. A indústria fonográfica não ficaria de fora dessa e decide investir (muito tardiamente) no Dual Disc.

Este formato apresenta em um único disco um lado de CD comum e outro de DVD. Com o primeiro lado sendo o álbum normal, e o outro uma versão do mesmo álbum com o som realçado (o não tão famoso DVD-áudio, com som 5.1 Surround), junto com efeitos multimídia como vídeos das músicas, cenas de bastidores, galerias de fotos, web-links, entrevistas, shows ao vivo e assim por diante, fazendo com que o público tenha uma experiência mais duradoura e divertida com o produto. Excelente notícia. Pode realmente revolucionar e dar um novíssimo impulso ao mercado musical. Levando-se em conta a evolução que ocorreu quando da transposição dos LPs para o CD, o Dual Disc pode ser considerado o último na escala evolutiva. E há muito para ser explorado dentro dele.

Nos álbuns de Rock/Metal, o cuidado com a arte da capa, o encarte e toda a caracterização que envolve um produto já é histórico e vem se intensificando nos últimos anos como forma de atrair os compradores para o produto original. O Dual Disc vem para ampliar essa cultura. Duas bandas que já anunciaram o lançamento de seus álbuns neste formato são o AC/DC que relançará o mais do que clássico Back In Black (um dos álbuns mais vendidos da história, que chegou inclusive a receber o disco de diamante) nessa tecnologia, e o Judas Priest terá seu novo trabalho – Angel Of Retribution – lançado nas duas mídias, a comum e o DD.

Fato: só o Dual Disc não basta para combater os “Capitães Gancho da vida”, é preciso que (e essa bandeira já foi levantada inúmeras vezes, ao qual a indústria parece não dar ouvidos) que se diminua imediatamente o preço dos CDs, reduzindo um pouco o gordo lucro das gravadoras. Basta que uma major dê o exemplo, oferecendo melhores condições de compra ao consumidor. Sendo bem sucedida, e provavelmente será, todas as outras farão o mesmo (“nada se cria, tudo se copia”, lembram?). Persistir na teimosia (e no mundo encantado dos lucros exorbitantes) já provou ser uma estratégia errada. O Dual Disc é o último suspiro da indústria fonográfica e, se vier acompanhado das medidas necessárias, as possibilidades das gravadoras saírem da UTI não são assim tão remotas como elas parecem pensar.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).