Antes de você começar a ler o que eu escrevi sobre Como Fazer um Filme de Amor, seja uma pessoa honesta e me responda uma coisa: por que a gente pensa duas vezes antes de sair de casa para ver um filme nacional? Seria o preconceito com o nosso próprio cinema? Seria a massificação das informações, que conspira a favor do cinema estadunidense, como se tudo o que fosse feito por aqueles lados fosse bom? Ou seria mesmo falta de critério e de bom senso de todos em acompanhar tudo o que está sendo produzido de bom em nossas terras, incluindo, é claro, o cinema? É, falar de cinema nacional não é tarefa fácil, mas o DELFOS vai te dar uma ajudinha a tentar encontrar algumas razões para que você dê um voto de confiança para o que está sendo feito por esse Brasil afora. Agora chega de conversa e vamos ao que realmente interessa.
Uma das ótimas razões para que você saia de casa nos próximos dias é a comédia Como Fazer Um filme de Amor, estréia do roteirista e escritor José Roberto Torero em longas-metragens e que tem como protagonistas os globais Denise Fraga (do quadro Retrato Falado, exibido no Fantástico) e Cássio Gabus Mendes (presente em cerca de 20 produções da emissora e eterno galã de novelas, como a atual Começar de Novo e o sucesso Vale Tudo, além de minisséries como Um Só Coração).
Durante o desenrolar da história do trio, um narrador (o monstro Paulo José, mais uma vez perfeito, repetindo o êxito do premiado curta-metragem Ilha das Flores – onde também era o narrador) vai revelando, aos poucos, a fórmula usada em comédias românticas, desvendando o esqueleto das histórias do estilo contadas no cinema.
O filme ainda se dá ao luxo de ter como coadjuvantes os sempre hilários André Abujamra (líder da extinta banda Karnak) – aqui, em papel bem discreto mas impagável! – e Marisa Orth (a Magda, de Sai de Baixo), como a típica vilã que faz de tudo pra conseguir fisgar seu grande amor. Sim, Marisa faz o papel de uma típica vilã, Abujamra faz o típico “ajudante do mal” e Cássio e Denise fazem o clássico casal que, descontando suas indiferenças e diferenças (sociais), se apaixonam. Parece bobo? Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar falando bem até agora de um filme repleto de clichês. Simplesmente porque ele é um filme leve, solto, que se sai bem e cumpre o objetivo de divertir o público.
É claro que, se você for um espectador mais atento (ou mais chato), vai reparar em alguns erros de edição (cenas desnecessariamente longas) ou de direção (Torero é um cara inteligente, com o tempo vai saber utilizar os melhores planos certos para filmar atores que têm o hábito de falar com os braços, como a própria Denise), mas nada que comprometa o resultado final, que é o que realmente importa. Eu acompanho o cinema nacional há muito tempo e confesso ter uma certa inclinação para comédia. Talvez essa tenha sido uma das razões de eu ter gostado de Como Fazer Um Filme de Amor, filme repleto de referências do gênero, dos clássicos Monthy Phyton e o Clássico Sagrado e Corra que a Polícia Vem Aí (inclusive plagiando uma das piadas – que vergonha, Torero!) às açucaradas comédias românticas tipicamente americanas, da linha Sintonia de Amor e Um Lugar Chamado Notting Hill. Descubra você mesmo outras referências, eu garanto que é divertido. Depois escreva pra gente se lembrou de outras pérolas do gênero, ok?
Por ser a estréia em longas (até então o diretor havia dirigido alguns curtas, além de documentários e vídeos), podemos considerar Como Fazer Um Filme de Amor uma promissora contribuição de José Roberto Torero para um gênero desprezado e, de certa forma, esquecido por todos. Reza a lenda nos bastidores de palcos e sets de filmagem que “o difícil não é fazer uma pessoa chorar, e sim, rir”. Bem, sendo assim, que venham mais produções como essa, em que nada mais se espera do que uma comédia assumidamente despretensiosa e cheia de clichês.
Como Fazer Um Filme de Amor estréia dia 29 de outubro.