Muito tempo atrás, lá na época de outrora, eu vivia namorando as caixas grandes de Legacy of Kain: Soul Reaver quando passava em lojas de shopping. Nunca cheguei a comprar e, portanto, nunca cheguei a jogar. Até agora.

Estava realmente animado para este relançamento. Normalmente quando coleções são lançadas, eu jogo um antes de escrever. Neste caso, reservei tempo suficiente para jogar os dois. Eu realmente queria conhecer esta aventura inteira. Salto para alguns dias depois, e desisti dos dois por motivos diferentes.

Soul Reaver 1 é difícil de suportar

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Comecei por Soul Reaver 1, e é um jogo extremamente obtuso, que não te explica coisas básicas como o uso do fast travel. Eu tentei todos os botões do controle sem sucesso e só depois de horas de jogo descobri que para usar o portal precisava empurrar a alavanca para cima. O game mostra setas para os lados, dizendo que dá para escolher os portais, mas não tem seta para cima dizendo como entrar neles.

O combate é também aleatório, ao mesmo tempo simples demais e complicado. Simples porque você basicamente segura RB para olhar para o inimigo mais próximo e martela o botão de ataque. Complicado porque os inimigos não morrem com ataques normais. Quando eles ficam grogues, você deve carregá-los e jogá-los em detalhes do cenário. Água, luz, estacas. Algo que mata vampiros. E nem sempre tem algo por perto, então em alguns momentos é impossível vencer as lutas.

O primeiro Soul Reaver é um roguelike

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Se nunca mais precisar empurrar uma caixa será cedo demais.

Eu nunca tinha ouvido falar disso, provavelmente porque na época este termo não era tão usado. Mas embora você possa salvar Soul Reaver a qualquer momento, ele salva apenas os fast travels. Assim como em Dead Cells, morrer ou parar de jogar te retorna ao início do jogo. Você precisa andar até o primeiro ponto de fast travel e se teleportar para onde deseja ir para continuar a jogar. É terrível, é absurdo que estão vendendo o jogo em 2024 sem resolver isso.

Eu fui até o primeiro chefe. Meus ataques não o machucavam e morrer me transportava para o início do jogo. Eu poderia ter procurado guias para vencer, mas a essa altura simplesmente não suportava mais Soul Reaver. Fui para o segundo.

Soul Reaver 2 é bem mais amigável

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Soul Reaver 2 é bem mais tradicional. Ele tem checkpoints e saves tradicionais, e o combate ainda é ruim, mas pelo menos os inimigos morrem com porrada. Tive a sensação de que é um jogo de ação mais linear. Durante meu tempo com ele, eu tive apenas um caminho para seguir.

Em alguns momentos o herói falava algo como “talvez depois eu consiga acessar aquele caminho”, mas não cheguei ao ponto de descobrir se o retorno envolve backtracking ou se o caminho linear me leva de volta até lá, como God of War Ascension. Como não encontrei nenhum fast travel, parece ser este último caso. O jogo ainda tem algumas peculiaridades curiosas, mas vamos falar delas em um novo e inédito intertítulo.

Soul Reaver 2 é quebrado e aparentemente interminável

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Fazer o que este tutorial manda simplesmente não tem efeito.

Como é um game menos exigente do que o original, eu joguei bastante de Soul Reaver 2. Mas coisas estranhas sempre aconteciam, como tutoriais que simplesmente não funcionavam.

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Atirar aí deveria resolver o puzzle, mas nada acontece.

Em determinado momento, encontrei um puzzle que disse para eu usar meus projéteis. Projéteis? Eu tenho isso? Precisei fazer uma busca na internet para descobrir como usar esta arma que tive o tempo todo e nem sabia. Aprendi, mas ainda não sabia onde deveria atirar. De novo, busquei guias e vi que a solução para o puzzle era atirar num breguete no teto, cuja luz liberaria o caminho. Mas isso não aconteceu. Atirar não fazia nada, mesmo eu imitando os vídeos guia direitinho. O game estava quebrado, com um puzzle que se recusava a ser completado. Tive que parar.

Remastered

Em outras palavras, tem coisas aqui que precisavam ter sido mexidas em um remaster, mas não foram. Ou se foram, continuam quebradas. Aparentemente, este puzzle quebrado já estava quebrado no lançamento anterior, no PS3, mas de forma diferente. Vai entender.

Em matéria de performance, o jogo roda muito bem e permite alternar entre os gráficos remasterizados e os originais ao toque de um botão. A diferença é bem pequena, no entanto. Basicamente, o visual novo é menos pontilhado e embaçado. É quase imperceptível, especialmente no segundo jogo, que saiu para PS2.

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O visual original.
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E o remasterizado.

Dai tem o conteúdo extra. Um monte de imagens de produção, artes conceituais, propagandas da época. Coisas legais. Mas o mais legal são as fases perdidas, trechos jogáveis de níveis que não apareceram no jogo final. Uma coisa bacana é que no primeiro jogo dá para ver as fases num mapa, onde diz o local aproximado de cada fast travel. É bem melhor do que precisar lembrar onde fica cada símbolo.

Uma surpreendente decepção

Eu esperava muito deste game, desde que era um jovem Corrales, que ainda não tinha totalmente Corralado. Agora já Corralei, e penso que se tivesse jogado Soul Reaver na época, até teria gostado, mas teria me perdido e nunca terminado. Hoje minha tolerância é maior para algumas coisas, mas a verdade é que estes jogos simplesmente não envelheceram bem.

Mesmo quando funcionam como deve, o sistema de save do primeiro jogo é desnecessariamente punitivo, e o segundo parece estar quebrado de forma interminável. É muito conflito para games que simplesmente não são mais tão legais. E é uma pena. Depois de tanto tempo com Soul Reaver na mente, eu realmente queria ir até o fim. Mas não deu, delfonauta. Simplesmente não deu.