Eu esperava gostar de Kong Survivor Instinct, mas não esperava gostar tanto. Temos aqui um metroidvania-lite (explico isso mais à frente) que olha para trás sem deixar de implementar melhorias de qualidade de vida mais recentes. O resultado é um jogo leve e divertido, com uma temática que acho incrível que não seja mais utilizada em games, independente do licenciamento do Monsterverse. Me acompanhe neste review!

REVIEW KONG SURVIVOR INSTINCT

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Kong Survivor Instinct é um game 2.5D, mas ao contrário de todos os sidescroller que consigo me lembrar, os gráficos são altamente realistas. As cidades destruídas e vazias me lembraram, dadas as devidas proporções orçamentárias, o The Last of Us. Não entenda que estou falando que Kong Survivor Instinct parece tão caro ou de alto orçamento quanto o game da Naughty Dog, mas sim que ele usa o mesmo estilo de arte. É um estilo bem tradicional em gráficos de videogame 3D, mas títulos em 2D costumam ir para um lado mais cartunesco. É bem legal explorar uma cidade fotorrealista em sidescroller, e só isso já deixa este game único.

Mas ele tem muitas outras coisas especiais. Apesar de ser um jogo em 2D, as cutscenes são totalmente animadas e faladas. A perspectiva é sempre a mesma, lateral, mas é muito melhor acompanhar a história dessa forma do que do tradicional “imagens estáticas com texto” que normalmente vemos em sidescrollers.

Talvez mais especial, em um gênero onde praticamente tudo lançado nos últimos cinco anos é soulslikeKong Survivor Instinct tem movimentação e combate mais metódicos. O primeiro jogo a que ele me remeteu foi Flashback, e é exatamente por isso que o defino como um metroidvania-lite.

FLASHBACK E O METROIDVANIA-LITE

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Tudo aqui é mais lento. O personagem não pula agilmente entre as plataformas, mas se pendura e escala, exatamente como no primeiro Flashback. O combate é bem lento, e até um pouco ruim, para ser sincero. Você pode atirar com comandos de twin-stick shooter, mas a munição é bem limitada, e em geral a briga é entre porretes. O revólver é um ato de defesa desesperada, especialmente quando os inimigos vêm em grupos e, enquanto você esbofeteia o que está na frente, o de trás fica atirando em você. O combate é minha principal reclamação aqui, já que não é especialmente gostoso e parece um tanto aleatório e sem impacto.

Quanto ao estilo metroidvania-lite, explico. Este é um jogo em que os backtrackings fazem parte da história. Sim, você passa pelos mesmos mapas algumas vezes, mas o caminho costuma ser sempre diferente. Se há colecionáveis que você não consegue pegar da primeira vez, muito provavelmente é porque vai passar por ali de novo. Dentro de cada mapa em si, a coisa é relativamente aberta e incentiva muito a exploração. Pense em um dungeon de The Legend of Zelda para ter uma ideia. O mapa exige concentração e várias idas e voltas, mas uma vez concluídos, você não tem mais necessidade de voltar. Como alguém que gosta de explorar, mas não tem prazer em voltar por um mapa enorme inteiro apenas para pegar um único upgrade, gostei muito deste estilo.

MONSTROS GIGANTES

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Em momentos pontuais, os monstros gigantes querem pegar você!

E daí tem os monstros gigantes, e o King Kong não é o único deles. Ser um pequeno ser humano em uma cidade devastada por monstros gigantes é um tema tão videogame que sinceramente me surpreendo de não ter jogado algo exatamente assim antes. Os monstros aparecem em geral como espetáculo de fundo. Enquanto você explora, os monstros estão no segundo plano, em suas próprias lutas e objetivos. É bem claro que houve um investimento bem maior neste aspecto no início da campanha, já que depois você passa bastante tempo sem ver nenhum deles. Apesar de terem seus próprios objetivos, só em momentos altamente pontuais que eles realmente miram em você, e passam a te perseguir.

Estes são os momentos mais espetaculosos do jogo, mas não são necessariamente bons de jogar. Em geral, envolvem navegar por um prédio enquanto o monstro o destrói e é tudo visualmente muito impressionante. Porém, um pequeno erro, como encostar na parte errada do cenário, te mata e exige voltar do início. Assim, estas perseguições se tornam longas partes de tentativa e erro, e quando você termina uma delas, dificilmente exclama um “isso foi legal”, mas sim um “finalmente acabou”.

QUALIDADE DE VIDA

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E já que reclamei de algo que claramente faz parte de qualidade de vida, quero continuar o assunto. Embora Kong Survivor Instinct seja um metroidvania que não é soulslike, ele não ignora as enormes qualidades de vida que o estilo trouxe ao gênero. Coisas como poder usar fast travel de e para todos os checkpoints, por exemplo, estão aqui.

Melhor ainda, quando você morre, volta fisicamente ao checkpoint e os inimigos ressuscitam, mas o estado do mundo permanece o mesmo. Assim, você não precisa perder tempo explorando tudo de novo, coletando itens ou resolvendo quebra-cabeças. Basta navegar diretamente até onde morreu e continuar jogando. É impossível superestimar o quanto isso ajuda a deixar qualquer jogo mais divertido.

KONG SURVIVOR INSTINCT É UMA GRANDE SURPRESA

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O combate é o ponto mais fraco.

Apesar de todas as comparações que fiz por aqui, diria que Kong Survivor Instinct me deu a mesma sensação ao jogar que Deadlight. É um game muito legal, ao mesmo tempo familiar, mas único. Eu esperava um joguinho licenciado no máximo bom, mas acabei recebendo uma ótima campanha, que joguei com prazer do início ao fim. Se você também tem este medo, pode puxar o gatilho com fé. Mas cuidado, a munição é limitada.