Eu tentei, delfonauta. Juro que tentei. Mas há muito tempo um game não me causava tamanho desapreço imediato. Mesmo antes de pegar Sephonie, já tinha visto que ele era MUITO feio. Porém, parecia ser um plataforma 3D divertidinho. Infelizmente, eu estava errado.

E COMO! SEPHONIE É ASSIM…

Sephonie, Ratalaika, Analgesic, Delfos

Sephonie é um plataforma 3D pacífico e ecológico. Você controla um time de três cientistas, podendo alternar entre eles a qualquer momento. A diferença, no entanto, é apenas visual. Você vai explorar um planeta e escanear as criaturas vivas que encontrar. Na exploração, vai usar habilidades tradicionais do gênero, como correr pelas paredes, pulo duplo, etc.

Até onde joguei, Sephonie parece ser um jogo do estilo “linear aberto”. Ou seja, ele tem uma progressão linear, mas em geral te deixa livre para explorar. A primeira fase, por exemplo, só pode ser concluída depois de escanear algumas criaturas (chamado de linking nos textos). Daí você precisa fazer uma fogueira para descansar em um local específico. Eu aparentemente achei a saída da segunda fase, mas não conseguia progredir na terceira (parece que falta uma habilidade). Então acabei voltando pela entrada. Na segunda fase em questão, logo fui de “ter caminhos demais” para “já explorei tudo e não acho como progredir”. E daí eu desisti.

SEPHONIE, SEPHONIE, SEPHONIE

Sephonie, Ratalaika, Analgesic, Delfos

A verdade é que já estava com vontade de desistir bem antes de travar, e só não o fiz para dar uma chance justa ao jogo. Mas ele não clicou comigo de imediato. O visual é feio DEMAIS. Não é um low poly charmoso estilo Mulaka. É um tipo de gráfico que já pareceria amador se estivesse rodando no Nintendo 64 (e curiosamente tem versão nativa para Xbox Series X).

Além disso, os controles não são gostosos e o level design é no mínimo estranho. Na fase em que fiquei travado, ficava procurando qualquer local onde pudesse andar ou pular, e encontrei vários. Mas a quantidade de caminhos sem saída é absurdo. E não é nem que eles tinham algum colecionável ou criatura escondido. Eram sequências de plataformas que terminavam numa parede mesmo.

O outro pilar do gameplay é o tal do linking, que eu estou chamando aqui de escanear criaturas. Apesar de isso ser parte da história em alguns momentos, é na maior parte do tempo um tipo de colecionável opcional. Para escanear uma criatura, você precisa jogar uma espécie de Tetris com ela.

TETRIS

Sephonie, Ratalaika, Analgesic, Delfos

Se ainda fosse um duelo de Tetris, vá lá, mas a coisa é muito simplificada. Basicamente, você deve colocar as peças em qualquer lugar de um tabuleiro com formatos variados. A ideia é formar “ilhas” com três ou mais pecinhas de uma cor. Quando não tiver mais o que colocar, você “encerra o turno”, e as ilhas criadas somem, abrindo espaço para novas peças. É também aí que a criatura “ataca”, colocando pedras e outros obstáculos em algumas casas. Para vencer, você deve eliminar ilhas suficientes para encher a barra que fica na parte de cima da tela.

É um minigame bem tedioso, e logo fui no menu de opções para ligar uma alternativa que faz ele durar bem menos. Aliás, se tem algo positivo que eu posso falar de Sephonie é a quantidade de customização.

JOGUE COMO QUISER

Sephonie, Ratalaika, Analgesic, Delfos
Sephonie é feio como o diabo.

O visual horrível e o extremo baixo orçamento de tudo me faz pensar que Sephonie é um game de “golpe”, tipo aquele The Last of Us cover que saiu recentemente para o Switch (chamado The Last Hope, se você quiser procurar por ele). Porém, a quantidade de opções me faz pensar que os criadores realmente querem que as pessoas o joguem até o fim. Dá para diminuir o nível do Tetris, aumentar a quantidade de pulos duplos e dashs e até afastar a câmera de montão. Não são exatamente opções de acessibilidade como as de The Last of Us, mas certamente ajudam o game a ser mais agradável para quem desejar jogá-lo. O problema é que, mesmo assim, ele não é agradável. Não o suficiente.

Eu joguei Sephonie por cerca de duas horas. Aparentemente, o jogo completo duraria umas seis horas. Mas tudo me pareceu tão amador e feito a toque de caixa no 1/3 que joguei que fiquei sinceramente impressionado ao constatar que ele está avaliado no Steam como muito positivo. Talvez a minha opinião seja divergente, e provavelmente é mesmo, mas eu não consigo recomendar Sephonie, nem para aqueles que, como eu, amam plataformas 3D acima de tudo.