Antes da análise Splatoon 3 propriamente dita, deixa eu falar um pouquinho sobre Splatoon 2. Eu não tive oportunidade de jogar o original, de Wii U. Daí, quando saiu o segundo, fiquei em dúvida se deveria comprá-lo. A vontade era enorme, mas tinha receio de que seria um game basicamente online e competitivo, duas características que não me agradam.

Enfim, comprei. E me surpreendi com a enorme qualidade da campanha. Na época, a Nintendo ainda não cobrava para jogar online, e o competitivo também era legal. Mas não é o tipo de coisa que me faria comprar o jogo. Já a campanha, uh-la-lá! Foi uma enorme surpresa, que fez valer com sobras o que paguei no game. Assim, estava bem ansioso para a campanha de Splatoon 3.

ANÁLISE SPLATOON 3

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Nintendo sendo “cool”.

Minha vontade ao cobrir Splatoon 3 era basicamente falar sobre a campanha, como venho fazendo nos Call of Duty mais recentes. Porém, Splatoon 3 é o que eu esperava do segundo título da série.

Sua campanha, meu foco neste texto, é simples e “pra constar”. O foco é mesmo no multiplayer. E este está bem mais elaborado do que era antes.

ANÁLISE SPLATOON 3 ONLINE

Tudo que existia em Splatoon 2 está aqui. Há os Turf Wars, as partidas para ver qual time pinta mais do mapa. Tem o Salmon Run, os “trabalhos” cooperativos que colocam um time de jogadores contra NPCs em busca de pegar ovos.

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Salmon Run.

E temos também muitas outras formas de jogo. Splatoon 2 era legal, mas bem limitado em suas ofertas. Em Splatoon 3, temos novas interpretações das partidas tradicionais de jogos de tiro. Há “versões Nintendo” de modalidades como Capture the Flag ou controle de zonas, tudo com um sabor de Splatoon.

PROBLEMAS DE CONEXÃO

Infelizmente, neste período de lançamento, o serviço online de Splatoon 3 deixa muito a dever. Na minha primeira partida online, recebi uma mensagem dizendo “um jogador saiu. Para ele vai contar como uma derrota. Todos os outros serão quicados sem alteração no ranking“.

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Em outras palavras, qualquer partida só vai até o fim se ninguém sair. Se qualquer um desconectar, interrompe a diversão de todo mundo. E apesar disso, a conexão também não é boa.

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Conexão instável.

Durante uma partida de Salmon Run, o jogo começou a se mover como um slideshow. Daí apareceu a mensagem acima. Quando voltou, todo meu time tinha sumido, e eu estava preso em terminar a missão sozinho.

Acredito que esses problemas serão melhorados com o tempo. Afinal, este texto foi baseado na experiência que tive no final de semana de lançamento. No entanto, jogar Splatoon 3 on-line neste momento é lutar contra o servidor tanto quanto contra o outro time.

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Então chegamos ao que eu realmente queria: uma nova campanha de Splatoon. Porém, o que temos aqui está mais para uma série de desafios, uma longa sequência de treino, do que para uma aventura, como era no segundo. Isso é algo que fica claro no game design, mas especialmente no cenário.

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As fases de Splatoon 3 são basicamente quadrados cinzas flutuantes.

No segundo tínhamos mundos com visuais totalmente diferentes. Aqui também há mundos, ilhas na verdade. Porém, mudar de ilha não muda o bioma das fases. Absolutamente todo o jogo acontece em plataformas cinzas flutuantes, com detalhes de cenário que dificilmente são mais elaborados do que quadrados ou retângulos.

A sensação, ao explorar as fases, é que estamos jogando uma versão pré-lançamento, com assets temporários colocados antes dos artistas de fato desenharem as fases e darem sabor a elas.

O LEVEL DESIGN DE SPLATOON 3

Já o level design envolve mecânicas específicas para cada fase. Jogos como Super Mario 3D WorldDonkey Kong Country Tropical Freeze seguem esse estilo. Faz parte da personalidade da própria Nintendo, e a gente ama isso.

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Tiro ao alvo.

Porém, aqui a coisa dificilmente sai de um tutorial para o multiplayer ou um simples minigame. Na fase acima, por exemplo, quadrados são jogados na sua direção e você precisa atirar em 18 deles sem errar nenhum.

Outras, te mostram a mecânica de ricochetear os tiros nas paredes, em uma sequência de desafios para mostrar como usar essa tática em uma situação real, de multiplayer.

PARA O ALTO E AVANTE

Há algumas fases propriamente ditas. Tem uma em que é necessário pegar caronas em dirigíveis para alcançar os pontos mais altos. Também rolam alguns chefes, e tem história, claro. Mas o grosso do gameplay envolve pegar ou atirar em X coisas no limite de tempo pré-estabelecido.

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E mesmo as fases mais legais rolam em cenários cinzas e com poucos detalhes.

Splatoon 3 é um jogo curioso dentro do portfólio da Nintendo. Estamos falando de uma empresa que, mesmo com consoles pouco poderosos, consegue fazer gráficos impressionantes, como os de Super Mario Odyssey.

A impressão que dá é que Splatoon 3 foi feito às pressas. Mas mesmo assim tivemos cinco anos entre o anterior e este. Se não foi isso, talvez tenha sido criado por um time B, com menos experiência do que os que tradicionalmente fazem first parties da Nintendo.

ANÁLISE SPLATOON 3 E O GRANDE MAS…

MAS… A Nintendo ainda é ótima de level design. Apesar da campanha de Splatoon 3 ser basicamente uma sequência de tutoriais e minigames, ela ainda diverte muito mais do que outros games que seguem essa linha. O que quero dizer é que os desafios de Splatoon 3 são mais interessantes do que o modo challenge de um Street Fighter V, por exemplo, que são literalmente apenas tutoriais para jogar online.

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Por outro lado, como campanha em si, Splatoon 3 está bem aquém de games como Super Mario 3D WorldYoshi’s Crafted World ou até mesmo do modo história de Super Mario Maker 2.

As fases são tão pouco envolventes que eu acabei curtindo mais o ato de explorar os hubs e limpar o cenário em busca de outras fases e segredos. Nas fases, há uma enorme variedade de mecânicas, mas elas nunca são apresentadas de forma que pareçam mais do que tutoriais. E, claro, os cenários cinzas e repetitivos não ajudam.

ANÁLISE SPLATOON 3 – SPLATANDO!

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Limpar as gosmas dos cenários me divertiu mais do que as fases em si.

Assim, Splatoon 3 é uma boa continuação para Splatoon 2, o jogo competitivo online. Porém, fica abaixo do esperado como uma continuação para Splatoon 2, o game single player.

Não foi ruim fazer a campanha de Splatoon 3, mas eu a terminei mais por inércia do que por empolgação. Não recomendaria a compra baseado unicamente nela.

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Tinta, muita tinta.

Já a parte online é outra história. Uma vez que os problemas técnicos estejam resolvidos, Splatoon 3 é maior e melhor do que o anterior. E provavelmente toda a comunidade vai migrar para ele, então se você pretende continuar jogando com outras pessoas, vai ter que atualizar. Agora se você, como eu, se importa apenas com a campanha, Splatoon 2 é um investimento melhor, mesmo que custe o mesmo preço que o game mais novo.

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