O metal é, provavelmente, um dos gêneros musicais mais versáteis em termos regionais e linguísticos. Há bandas de metal japonesas, mexicanas, finlandesas, peruanas, brasileiras, alemãs, russas, argentinas, britânicas. Aponte seu dedo para um lugar no mapa-múndi e certamente haverá uma banda de metal por lá.

E todas elas, não importa em que língua cantassem, sempre me soaram muito orgânicas. Diferentemente de como soaria, digamos, uma música country cantada em japonês. Metal é sempre metal, e soa como metal em qualquer lugar – mais ou menos como acontece com o rap.

Eths, Delfos
Raaaaaaahhh…

Mas, se existe uma língua que parece casar perfeitamente com as nuances porradeiras do metal, certamente é a francesa. “Mas francês?”, você pode perguntar. Com todos aqueles oui, oui, c’est la vie e merci? Pois é, mas é por isso mesmo: os caras têm uma suavidade na fala que contrasta muitíssimo bem com as guitarras rasgadonas e graves do metal, a bateria cheia e os baixos estalados de tanta distorção.

Eu já tinha ouvido outras bandas francesas de metal antes, como Mass Hysteria e Pleymo, mas foi com Eths que finalmente percebi o quanto devemos dar maior atenção aos metaleiros da França.

UMA GRITARIA POÉTICA

Formado em 1999, o Eths lançou seu primeiro álbum em 2004 e outros três desde então. A Wikipédia vai tentar te enganar dizendo que o som deles é algo entre o “groove metal, metal alternativo e deathcore“, mas a própria banda se autorrotula como nu metal, e essa é bem a verdade.

A sonoridade do grupo, especialmente nos primeiros álbuns, lembra um pouco os californianos do Korn, por conta da bateria surda e das guitarras em afinações mais graves que o tradicional, além do baixo bastante marcado.

Contudo, o destaque da banda (ainda que o instrumental seja incrível) é a vocalista Candice Clot, que ora canta com voz doce de garotinha, ora parece fazer uma ligação direto para o capeta, explodindo em gritos que mais parecem latidos.

Eths, DelfosA dinâmica entre os vocais mais limpos e calmos, dignos de uma cantora pop, e os rugidos animalescos de Candice faz parecer que a banda tem duas vocalistas, tamanha é a capacidade da menina para alternar entre as duas vozes: a bonitinha e a possuída.

Infelizmente, Candice deixou a banda após o terceiro álbum, sendo substituída por Rachel Aspe. A boa notícia é que a voz das duas é muito parecida. Tanto que, quando Rachel assumiu o posto de vocalista, a banda fez questão de relançar algumas músicas dos álbuns anteriores com os vocais de Rachel, e é muito difícil diferenciar uma versão da outra, tamanha a similaridade entre as vozes.

Se você ficou curioso para conhecer o som do Eths, coloque os fones de ouvido, aumente o volume e aperte o play: