47 Ronins

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Para o delfonauta que não está familiarizado com a cultura da terra do Imperador, eu explico o que é Ronin. É tão simples que, para não deixar o parágrafo muito curto, vou enrolar e só explicar na próxima frase. Não nesta, na próxima. Ronin é um samurai sem mestre. Pronto.

47 Ronins se passa no Japão Feudal, mais conhecido como aquele cenário que todo mundo quer ver no Assassin’s Creed. Através do uso de feitiçaria, um lorde se vê obrigado a cometer seppuku (suicídio ritualístico para recuperar a honra perdida), possibilitando que o vilão assuma suas terras. A morte do lorde também deixa seus 46 samurais sem mestre, uma desonra enorme para eles. Ah, e o seu “filho adotivo”, um mestiço constantemente maltratado pelos samurais (Keanu Reeves), é vendido como escravo. Um ano depois, os Ronins convocam o Keanu e decidem vingar seu mestre desonrado. E temos aí os 47 Ronins. Tantantaaaan!

Sabe o que mais? Tudo isso é uma versão fantasiosa de um fato histórico, conhecido na cultura japonesa como “a vingança dos 47 ronins”. É uma história tão conhecida e tão importante para nossos amigos de olhos puxados que virou até um gênero literário/cinematográfico/teatral chamado Chūshingura.

Diante de tudo isso, se o delfonauta gosta de cultura japonesa, com certeza já se deparou com alguma versão da história. Justamente por isso, o filme não traz grandes novidades ou surpresas. É um conto de vingança até bastante simples. Porém, isso não o torna ruim.

De certa forma, ele segue a cartilha de um filme nada. Tecnicamente, é impecável, com belíssimos figurinos e ótima direção de arte, o que diminui a percepção de quão genérico ele é.

Porém, tem também a seu favor o fato de representar a cultura japonesa, bastante admirada por mim e por muitos delfonautas. Isso o coloca um pouco acima de um filme nada, afinal, não são muitos os filmes de samurais que chegam ao Brasil.

A maior decepção, no entanto, é um vilão pra lá de badass, um assustador samurai enorme, que nunca mostra o rosto. Eu, e acredito que todos os outros espectadores, estávamos esperando uma luta épica contra ele no final do filme, e ele sai da história de forma tão mé que admito que fiquei um pouco p*$o, e você também vai ficar.

No entanto, tem algumas cenas bem marcantes. As duas envolvendo o seppuku são muito legais e comoventes, mas o maior destaque mesmo é lá perto do final, quando os 47 Ronins fazem uma invasão totalmente stealth, que parece saída de uma fase de videogame.

Aliás, cá entre nós, 47 Ronins é um filme bem nerd, com visual e narrativa que lembram bastante uma mistura entre HQs e games, duas coisas que nós prezamos muito por aqui. Assim, acaba se tornando uma recomendação fácil para ver na TV. No cinema, vai depender do seu grau de interesse pelo tema. Mas faça o que fizer, não gaste seu dinheiro para ver em 3D. Não existe efeito nenhum e dá para assistir sem os óculos.

CURIOSIDADES:

– Na falta do pôster nacional, o que você vê nesta matéria é lusitano. Curioso que os amigos de Portugal não colocaram o plural no título, não?

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
47-roninsPaís: EUA<br> Ano: 2013<br> Gênero: Samurais<br> Roteiro: Chris Morgan e Hossein Amini<br> Elenco: Keanu Reeves, Hiroyuki Sanada, Rinko Kikuchi e Ko Shibasaki.<br> Diretor: Carl Rinsch<br> Distribuidor: Universal<br>