12 Razões Para Amá-la é uma decepção amorosa. Não entre os personagens Gwen e Evan, mas entre este que vos fala e a história criada por Jamie S. Rich e Joëlle Jones.
Em doze capítulos, acompanhamos doze momentos diferentes e atemporais do relacionamento entre Gwen e Evan. Através desses pequenos instantes, sabemos mais sobre eles, suas histórias, e porque se amam, sempre acompanhado de uma música diferente.
O problema é que a maior parte desses momentos soa artificiais e excessivamente expositivos. A espontaneidade que seria tão importante para que o leitor se identificasse com a história não existe. Parece que o autor tinha em mente o arquétipo de seus personagens e uma ideia interessante para contar a história, mas não desenvolveu nenhum dos dois.
A começar por Evan, que oscila entre um chato prepotente, um romântico inexpressivo e um machista. Não parece haver coerência entre essas oscilações, e a cada situação parece que temos diferentes personagens em seu lugar. Gwen já não tem esse problema, mas apesar de surgir linda na arte de Jones, se mostra insossa na maior parte do tempo. Além disso, apesar de mais coesa, é a que soa mais artificial em sua construção: sua concepção de Deus, o casamento, relacionamento passados, apesar de surgirem todas muito interessantes aparecem sempre apoiadas, desnecessariamente devo dizer, em histórias forçadas de seu passado.
Mesmo a arte é irregular e, apesar de momentos interessantes na construção das páginas (o fio do interfone dividindo os quadros, a troca de olhares no cinema, o traço adotado ao retratar a infância de Gwen), normalmente fica no lugar-comum.
Mas há momentos que correspondem à expectativa daquele primeiro encontro. Refiro-me a todos os capítulos centrados apenas em Gwen. E se avaliasse apenas por eles, apesar de contar com umas vinte páginas, não hesitaria em conceder a honraria do Selo Supremo Delfiano. Sempre pela ótica de Evan, não só compreendemos os motivos de amá-la, como nos sentimos realmente próximos dos dois. São nesses momentos melosos que a história funciona. E é justamente por tentar afastar essa visão mais romântica que a história se sabota. Bastava o autor deixar algum espaço para o leitor se projetar.
É uma pena, portanto, que 12 Razões Para Amá-la revela-se uma desilusão amorosa. Mas mesmo quebrando a cara, é importante que uma experiência dessa não nos desencoraje a seguir arriscando nesses romances à primeira folheada, porque assim como a música que ecoa nas primeiras páginas da história diz, I Won’t Stay In a World Without Love.