11 coisas que você precisa saber antes de ir ao Egito

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Bem-vindo, amigo delfonauta e para-quedistas do Google, à segunda temporada da série Viagens Delfianas. Na primeira temporada, falamos exaustivamente sobre o Chile, abordando Santiago, o deserto de Atacama, a escalação de um vulcão e dois shows de heavy metal em uma terra estranha. Se você perdeu, aqui tem uma lista de todas as matérias relacionadas ou você pode conferir links individuais ao final deste artigo.

INTRODUZINDO A SEGUNDA TEMPORADA

Nesta segunda temporada, vamos falar sobre a minha lua de mel com a Cinthia, minha agora esposa e presença constante nas minhas trapalhadas delfianas, que passou por Egito, Grécia e Turquia. Pois é, não podia ter sido mais trüe, diz aí.

Essa viagem começou como um pacote comprado em uma agência. Eu simplesmente não consegui resistir quando vi que eles tinham um pacote envolvendo Egito e Grécia na mesma viagem. Porém, por ter sido uma compra meio por impulso, acabei não lendo com atenção as cidades e passeios, e a Grécia incluída não era a Grécia histórica, mas as ilhas gregas, em uma viagem mais romântica e apropriada para uma lua de mel. No entanto, por causa disso não incluía visita por DELFOS.

Ora, seria um absurdo o criador de um site chamado DELFOS ir à Grécia e não conhecer DELFOS, não acha? Infelizmente, parecia um tanto complicado ir a DELFOS partindo de Atenas. Achei um passeio de avião que custava caríssimo, tipo alguns milhares de euros por pessoa, o que era mais do que eu investi na viagem inteira. Assim, esse acabou sendo um drama que me acompanhou durante os meses que antecederam a viagem e até mesmo durante ela. Será que eu vou conseguir visitar DELFOS? Ao longo desta segunda temporada, você vai descobrir isso e mais um monte de coisas legais para fazer no Egito, Grécia e Turquia. Aliás, a Turquia foi um bônus que fizemos na pintudice, por fora do pacote, mas falamos mais disso quando for a hora.

Hoje, neste texto de abertura, vou dar algumas dicas para aqueles que pretendem visitar o Egito, pois se trata de um país com costumes muito diferentes do nosso. Comecemos pelo básico.

BRASILEIRO PRECISA DE VISTO PARA ENTRAR NO EGITO?

Precisa, mas é muito mais simples do que o visto estadunidense. No meu caso, foi ainda mais simples, pois o visto estava incluído no pacote da agência de viagens. Ao chegar ao Egito, fomos recebido por um cara da agência que colou os vistos nos nossos passaportes e pronto. Caso você vá por conta própria, acredito que não deve ser tão complicado tirar o visto daqui do Brasil, mas não sei informar os trâmites.

QUANTO TEMPO DE VOO DO BRASIL PARA O EGITO?

Cara, é muito tempo. Nós não encontramos nenhum voo direto. O que fizemos foi ir até Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, ficar lá cinco horas esperando no aeroporto e daí pegar um voo de cinco horas de Abu Dhabi para o Cairo. A companhia que usamos foi a Etihad.

O voo São Paulo – Abu Dhabi é um dos voos comerciais mais longos que existem e durou 15 horas. Como o delfonauta sabe, eu sou um cara alto. Se todo mundo já sofre dentro de um avião, imagina alguém de 1,90m. Por causa disso, estava realmente preocupado com o voo, e na hora do check-in, tentei usar o fato de estarmos em lua de mel para conseguir um upgrade de classe gratuito ou algo do tipo. Não colou. O upgrade custava doloridos 1200 dólares.

Porém, a moça do check-in me ofereceu uma outra opção. Um lugar ainda em classe econômica, mas que tinha mais espaço para as pernas. Este custava 100 dólares por pessoa. Ainda achei caro, e depois de chorar um bocado, e de usar nossa lua de mel descaradamente, consegui que a companhia me vendesse dois lugares pelo preço de um. Saí dali bem feliz com a Etihad, e fiquei ainda mais feliz quando, durante o voo, eles nos surpreenderam com algumas comidinhas feitas especialmente para nós porque estávamos em lua de mel.

No entanto, para o voo de volta, que foi Istambul – São Paulo (dolorosas 13 horas de voo), tentei a mesma tática, e a companhia aérea, a Turkish, me deu exatamente o mesmo lugar sem eu precisar pagar nada, apenas pedindo por um lugar que acomodasse melhor meu majestoso tamanho. Ponto para os turcos no atendimento ao cliente.

QUE IDIOMA É FALADO NO EGITO? QUAL É A MOEDA DO EGITO?

No Egito se fala árabe, mas eu não tive muita dificuldade em encontrar pessoas que falassem inglês, embora o sotaque fortíssimo deles deixe bem difícil de entender. Em lojas e afins, parecia que todo mundo falava inglês, e nossos guias falavam portunhol. O árabe me pareceu uma língua muito difícil, e saí dali tendo aprendido apenas uma palavra: shukram (obrigado). Até tentei aprender a falar “por favor”, mas eu literalmente não consegui repetir a palavra. Palavrões então, nem pensar. Felizmente, todo mundo entendia a universal palavra fuck.

A moeda do Egito é a libra egípcia. Na cotação de agosto de 2014, data da nossa viagem, um real equivalia a três libras egípcias, e um dólar equivalia a sete libras egípcias. Aliás, recomendo este site para todas suas necessidades de câmbio. Tem uma opção lá chamada Traveller’s Cheatsheet que fornece uma tabelinha com diversos valores para as duas moedas da sua escolha. Usamos vários desses cheatsheets na nossa viagem e foi uma mão na roda.

O TRÂNSITO NO CAIRO É O MAIS CAÓTICO DO MUNDO

Eu costumava achar que o trânsito de São Paulo era o pior do mundo. Daí fui de carro para o Rio de Janeiro e para Porto Alegre e vi que o das duas cidades era ainda pior. Pois o Cairo faz até o trânsito carioca parecer organizado.

Os carros andam super perto uns dos outros, sem respeitar as faixas das ruas, que não têm faróis. Quando se está no trânsito, se ouve uma sinfonia de buzinas, pois todo mundo fica buzinando o tempo inteiro.

Apesar da bagunça assustadora, no entanto, o trânsito não é agressivo como o paulistano ou o carioca. As buzinas, ao contrário daqui, não significam “eu vou torturar e matar você, seus filhos e todos os seus antepassados e depois vou fazer pipi na sua lápide”. Pelo que percebi, lá significa algo como “ei, habib, eu estou passando aqui do seu lado, cuidado comigo”.

Ainda assim, eu não conseguiria dirigir ali em meio àquela bagunça que você vê na foto, e também recomendo que você não o faça. Felizmente, em outras cidades que visitamos, como Luxor ou Aswan, o trânsito não é tão caótico.

COMO DEVO ME VESTIR NO EGITO?

Esta foi uma grande preocupação da Cinthia antes da viagem, pois ela leu algumas coisas assustadoras, tipo que se a mulher mostrar qualquer pedaço da pele, eles interpretam como permissão para passar a mão. As egípcias realmente cobrem todo o corpo. A maioria delas usa um lenço na cabeça, que deixa apenas o rosto à mostra, mas também é bem comum ver mulheres que cobrem o rosto inteiro, onde se pode ver apenas os olhos. Assim, fica muito claro quando uma mulher é nativa ou turista, pois toda mulher que mostra o cabelo ali é turista.

De fato, a Cinthia se vestiu de forma bem comportada durante nossa estada no país. Apesar dos mais de 40 graus, ela estava sempre de calça ou vestido comprido. A coitadinha sofreu pra caramba. Eu já não me preocupei muito, e como você pode ver nas fotos, estava sempre de bermuda e camiseta, e mesmo assim sofri de calor. Imagino o sofrimento da pobre japinha que estava comigo.

Apesar disso, vimos muitas outras turistas com shorts minúsculos, daqueles que dá até para ver parte das nádegas, e não vi nenhum sinal de violência contra elas. Todas as que se vestiam assim, no entanto, estavam em grupos grandes.

Tivemos um único incidente, quando estávamos visitando a esfinge. Nosso guia começou a brigar com um egípcio. Perguntei o que tinha acontecido e ele disse que o sujeito tinha falado algo sobre a minha esposa. Ele não quis dizer o que o cara falou, e como foi em árabe, nós sequer percebemos que tinha algo errado. Às vezes é bom não falar a língua.

Toda vez que eu me afastava um pouco da Cinthia, alguém vinha falar com ela em inglês, o que fez com que ela começasse a ficar com medo de ficar sozinha. Ao sairmos do Egito, a Cinthia disse que não faria essa viagem sozinha ou com amigas mulheres. Talvez a minha presença tenha inibido um pouco o que teria acontecido sem mim, até porque…

O POVO EGÍPCIO É MUITO CHATO

Eu costumava achar que o povo brasileiro era o pior do mundo. Pois é, eu que ainda não tinha tido o prazer de conhecer pessoas piores. Pois a viagem ao Egito veio para mudar isso. O país é fantástico e a viagem foi sensacional, mas a postura e a atitude do povo enche o saco e acaba deixando o turista com vontade de sair logo do país. Vou dar uns exemplos.

O povo egípcio quer dinheiro para tudo. Não peça para um egípcio tirar uma foto sua, por exemplo. É melhor pedir para outros turistas. Nos banheiros, sempre tem um sujeito que tira todos os papéis higiênicos e, quando você sai do banheiro, ele está lá te esperando para te “fornecer” um quadradinho por um valor módico. Isso quando o cara não fica atrás de você pedindo dinheiro a partir do momento em que você entra no banheiro. Boa parte dos lugares públicos tinha um egípcio que ficava gritando “Money” quando você passava perto, e eles não desistiam até você dar. E pior, eles nem agradeciam se você dava algo.

NADA É DE GRAÇA NO EGITO

Absolutamente qualquer contato que você tenha com um egípcio vai te custar dinheiro. Eu estava querendo tirar uma foto e um sujeito entrou na foto e fez pose. Eu não queria tirar foto com ele, ele entrou e estragou a foto, e mesmo assim queria me cobrar por eu ter tirado foto dele.

Boa parte dos monumentos costuma ter cordas para você não chegar muito perto, e sempre tem um carinha tomando conta. Só que ao invés de ele impedir que você chegue perto, ele levanta a corda e oferece para tirar uma foto sua. Obviamente, ele vai querer dinheiro depois, então se topar a foto, já espere isso.

Praticamente todo lugar que você for vai ter um egípcio “cuidando” do local. No início, parece até amigável. Você entra em uma tumba de um faraó e tem um cara lá dentro que fala “welcome”. Eu, pelo menos, me sentia mal em não responder, e falava “thank you”. Logo, o cara estava no meu pé querendo vender algo ou receber dinheiro por nada. Com o tempo, você acaba optando por ignorar qualquer egípcio que se aproximar, mas eles são realmente insistentes e em alguns casos eles ficam falando welcome em várias línguas por vários minutos, e indo atrás de você até você responder.

Em outro caso, um sujeito chegou até mim para vender um xale. Não dei bola e ele veio falando que eu parecia egípcio e que por causa disso ia me dar um presente, e me deu um xale. Inocente, eu agradeci e saí andando, apenas para o cara vir atrás e me pedir dinheiro. Eu devolvi o chalé e mandei ele beijar meu grande traseiro branco.

Os próprios guias não têm vergonha em exigir gorjetas. Como o delfonauta sabe, eu sou contra gorjetas por princípio. Em um país normal, se você não dá gorjeta para o guia, ele podem até fazer cara feia ou algo do tipo, mas no Egito eles literalmente te acuam e falam “ei, cadê minha gorjeta?”. Em um caso, nós demos gorjeta para a guia e ela achou pouco. Ela ligou para o motorista e falou, em árabe, o quanto a gente tinha dado, assim ele já estava esperando para cobrar agressivamente um valor maior. Obviamente, saiu sem nada.

Nos restaurantes também enche o saco. Além do valor que está no menu, as contas vêm com um acréscimo de 12% de serviço e mais 12% de imposto. Ou seja, são 24% de acréscimo sobre o valor que você esperava pagar, e eles ainda esperam gorjeta. Desta forma, não espere troco caso você pague sua conta em dinheiro. É melhor pagar no cartão de crédito, porque daí eles pelo menos precisam perguntar quanto você quer dar de gorjeta.

VENDEDORES AGRESSIVOS

Os guias mesmo aconselham você a não falar com os vendedores, pois eles são realmente agressivos, além de os preços serem absolutamente inflados. Só pergunte o preço de algo quando tiver certeza que quer comprar, pois o vendedor vai ficar atrás de você até fazer a venda. Eles literalmente não desistem e se você começa a ignorá-lo, a coisa pode ficar agressiva bem rápido.

O preço das coisas costuma ser 10% do valor original que eles te passam. Assim, se você quiser comprar algo que o vendedor disse que custa 300 libras, não tenha medo de dizer que paga 10. Ele vai rir da sua cara, falar para você fazer uma proposta séria, mas é assim que funciona. Em uma negociação, eu realmente me senti o tio Patinhas. Foi mais ou menos assim:

– Quanto é?
– 300.
– Ok, obrigado.
– Ei, peraí, quanto você quer pagar?
– Te dou 30.
– Fala sério. Te faço por 250.
– 30.
– 200.
– 30.
– 150.
– 25.
– 100.
– 10.

E assim sucessivamente. Depois de cerca de dez minutos de negociação, acabei levando por um preço próximo aos 10% do valor original. Mas é um saco ter que gastar tanto tempo de uma viagem negociando para não pagar um preço super inflado. Além de que fica difícil de saber o valor real do que você está comprando. Por isso, use essa regra de nunca pagar mais de 10% do preço original, que parece dar certo.

Também tem vendedores onde você menos espera. Nós fizemos um cruzeiro pelo Rio Nilo. Estávamos na cabine e comecei a ouvir um “hello”. Olhei da janela e tinha um carinha num barquinho pequeno navegando do lado do navio querendo vender cacarecos. Saí da frente da janela e ele continuou insistindo. Sem exagerar, 20 minutos depois, já com a cortina da cabine fechada, ainda estávamos ouvindo o cara nos chamando. Os egípcios realmente não sabem quando desistir.

MATANDO A SEDE NO EGITO

Como você já deve ter deduzido diante da postura do povo, não existem bebedouros no Egito. Tem bastante gente vendendo água, mas normalmente eles se concentram na entrada dos templos. Depois que você entrou em um monumento, não tem mais como comprar nada, então administre com muito cuidado. Depois dos primeiros dias morrendo de sede, acabamos decidindo por não fazer nenhuma visita com menos de três litros de água na mochila, pois o país é muito quente e as visitas podem ficar bem longas, pois algum dos templos são enormes.

Além disso, também vale falar que as melhores Coca-Colas que eu bebi foram no Egito. Não estou ganhando nada para dizer isso, mas é uma experiência que eu recomendo. Depois de ficar algumas horas passando sede sob um sol de 45 graus, nada como abrir uma Coca geladinha e dar um golão enorme, daqueles que o gás chega até a machucar a garganta. Faça isso durante sua viagem ao Egito, é inesquecível.

O EGITO É PERIGOSO PARA TURISTAS?

Esta é uma preocupação bastante justa diante das revoluções que aconteceram recentemente por ali. Eu devo dizer que, como praticamente só saímos com guias, não senti que foi perigoso ou fiquei com medo em nenhum momento. Porém, tanques de guerra fazem parte da paisagem urbana do Cairo e cidades próximas, assim como guardas carregando não revólveres, mas fuckin’ metralhadoras.

Sinceramente, eu não me lembro de ter visto tanques e metralhadoras fora do videogame antes, então era algo que chamava a atenção. E não é normal ver tanques fora de um ambiente de guerra.

Apesar disso, nada aconteceu com a gente que seja digno de nota ou que caracterize o país como perigoso.

UM PAÍS DE CONTRASTES

Eu já tinha lido relatos semelhantes ao meu com relação ao povo egípcio, então já sabia o que esperar. Admito que, no início, senti que não era tão ruim quanto esperava, mas com o tempo realmente a postura do povo e sua insistência em receber dinheiro por nada vai cansando.

Acaba formando um contraste um tanto absurdo. É triste ver que milhares de anos atrás, os egípcios estavam tão à frente do resto do mundo, e hoje o povo se desvaloriza dessa forma. Chega a ser chocante pegar na mesma foto um belíssimo templo construído mais de cinco mil anos atrás e um sujeito achando que pode acuar um turista para ganhar dinheiro sem fazer nada.

Eu adorei o Egito, foi o país que eu mais gostei de visitar e recomendo para qualquer um que tenha interesse em história. Só que é melhor já ir sabendo desse lado bem negativo para acabar não ficando bravo na hora e tendo os passeios estragados. Eu realmente me diverti ali e são memórias que vou guardar para sempre, mas fiquei bastante feliz quando fomos embora e o contraste ao chegar na Grécia foi simplesmente impressionante. E não estou me referindo apenas à quantidade de ruivas naturais lindíssimas que vi por ali. Mas isso fica para os próximos textos.

Ainda nesta temporada, você vai visitar comigo alguns dos principais monumentos e museus do Egito, da Grécia e da Turquia, e mantenha-se delfonado para saber se eu consegui visitar DELFOS. Até a próxima sexta-feira.

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