Eu não sei porque eu ainda me surpreendo com a qualidade das bandas nacionais de Metal. Embora já tenha visto alguns shows de abertura péssimos, praticamente todas as bandas cujos CDs chegam às minhas mãos vão de bons a ótimos. Pensando assim, a única coisa surpreendente é pensar como bandas com tamanha qualidade ainda não estouraram no mercado metálico internacional.
Esse é o caso dessa incursão independente da banda Wombat. Formada em 1994 e depois de ter lançado algumas demos, a banda finalmente chega ao seu primeiro CD full-length, intitulado W2K, que conta com 13 faixas.
Recebi este CD do vocalista Nuno Monteiro há algumas semanas, quando estava entrevistando o Márcio Sanches, guitarrista do Queen Cover e Márcio o comparou com o ex-Judas Priest “Ripper” Owens. Realmente não vi muitas semelhanças entre os dois, mas em uma coisa eu concordo com o Márcio: o cara canta muito! Sua voz está localizada em algum lugar entre o Heavy Tradicional e o Thrash, unindo as melhores qualidades de ambos os estilos.
A banda faz um Heavy Metal pesadão, beirando o Thrash Metal, que privilegia as levadas cadenciadas. Os riffs da dupla de guitarristas Dennis Allegri e Ricardo Tokywa, aliás, são outro destaque e devem funcionar muito bem ao vivo, pois são muito empolgantes. Os solos, por outro lado, não chegam a empolgar. Talvez um pouco mais de melodia fosse recomendável.
O álbum é conceitual e conta basicamente a trama do filme Matrix misturada com muitas referências bem claras ao cristianismo, como os 12 apóstolos, a crucificação, a ressurreição e a coroa de espinhos, todas adaptadas para se encaixar à estória do personagem Emm@nuel (que representa Jesus) e que tem a missão de despertar a raça humana que vive em um mundo de realidade virtual.
As letras são todas bem claras e contam muito bem o que está acontecendo, porém apresentam também muitos erros de gramática. O vocalista Nuno também tem alguns erros de pronúncia o que, de forma alguma, diminui a qualidade da música. Não é nada que um Lyrics Consultant (pessoa que revisa as letras e dá toques de pronúncia para o vocalista, muito usado por bandas cuja língua nativa não é o inglês) ou um pouco de estudo não possa resolver. O principal, a técnica e qualidade vocal, o cara tem, e de sobra, mas é recomendável que as letras sejam corrigidas antes de irem para a prensagem final do encarte.
Destaques? A música Rain, que abre o trabalho (após a introdução) é daquelas cujo refrão nos dá vontade de cantar junto. Outra música legal é Cyberdeath, que tem um riff quase igual ao de War Machine do Kiss. A produção do CD também merece destaque, com backing vocals bem colocados e uma ótima gravação. Na verdade, o CD inteiro é tão legal que ele não saiu do meu som desde que o recebi, e ainda não tenho previsão de quando vou tirá-lo.
A banda está no momento à procura de uma gravadora ou um selo para lançar W2K comercialmente. As propostas recebidas estão sendo analisadas e eu acredito que, devido à grande qualidade do trabalho, em breve veremos este CD nas vitrines da Galeria do Rock. Qualidade para isso ele tem.
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