Wander

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O delfonauta gosta de meditar? Se a resposta foi sim, você deve saber que um método bem popular para dar início à meditação é se imaginar em um lugar agradável e tranquilo. Pois se você tem problemas para se transportar mentalmente para este lugar, Wander foi feito para você.

Trata-se de um jogo sem objetivos claros e quase sem gameplay. Ele simplesmente te coloca em uma pacífica ilha e o deixa livre para explorar, apenas curtindo o visual e os sons da natureza ao seu redor. A ideia é boa, e claramente bebe da fonte de jogos como Journey e Flower. A execução, por outro lado, tem sérios problemas.

Apesar de ser comum as texturas não aparecerem ou o corpo do seu personagem ficar submerso em uma pedra, quando tudo dá certo, o visual do jogo é bonito. O som é o grande destaque, pois os barulhos de natureza são realmente relaxantes e tornam explorar o mundo um prazer.

O principal problema é que literalmente não há muito a se fazer. O nome do jogo foi muito bem escolhido, pois o que você faz nele literalmente é andar sem rumo. Às vezes você encontra uma construção, algumas casinhas, cavernas e outras coisinhas interessantes.

Tem também três tipos de pedras. Um dos tipos fala com você, contando uma historinha (e a voz da narradora é muito simpática), enquanto outro ensina uma palavra. Assim como em jogos como Ico ou Shadow of the Colossus, aqui rola um idioma próprio. O objetivo dessas palavras é você se comunicar com outros jogadores.

O terceiro tipo de pedra permite que você se transforme. Você começa o jogo como uma árvore, mas logo no início encontra uma que lhe transforma em uma menina. Um bom tempo depois, eu encontrei outra que me transformou em um lagarto, e parece que existe uma quarta forma possível, a de grifo, mas eu não consegui encontrar essa.

Das três formas que eu encontrei, a única realmente aceitável é a da menina. Isso porque a árvore e o lagarto são muito lentos, e não têm nenhuma habilidade para compensar a perda da velocidade. Imagino que o grifo voe, o que deve ser legal.

Uma vez que você encontra outras formas, pode trocar entre elas acessando o mapa (com o triângulo). E embora eu não tenha encontrado a pedra do grifo, senti que explorei bem todo o cenário, pois as palavras e historinhas estavam se repetindo. Encontrei até uma ilha voadora e, pelo que eu vi nos troféus, tem algum jeito de subir até ela, provavelmente com o grifo.

Talvez o principal dos problemas seja uma aposta do desenvolvedor que não deu resultados. Wander deveria ser um MMO. No entanto, não tem quase ninguém jogando. Eu explorei a ilha por algumas horas até finalmente encontrar um jogador. Nos olhamos. Nos seguimos. Trocamos algumas palavras e nos separamos. E eu não encontrei mais ninguém.

É uma pena, pois se o mundo estivesse realmente habitado por jogadores, Wander poderia ser muito mais interessante. Considerando quão vazio ele é, e quantos problemas técnicos ainda estão presentes no jogo, mesmo depois de um patch de mais de 5Gb, fica difícil recomendá-lo.

O que temos aqui é um conceito forte, que merecia ter sido melhor construído antes de ser lançado. Talvez se fosse um jogo gratuito ou se fosse distribuído como parte da PS Plus, ele seria mais povoado.

No final das contas, Wander parece um trabalho feito em uma faculdade de gamedesign. Tem potencial e um bom conceito, mas precisa de muito trabalho ainda para ser realmente um bom jogo.

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