Vôo Noturno

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Puxa, dois filmes de Wes Craven em menos de dois meses! Este fato era para ser motivo de alegria, mas é com grande tristeza que anuncio ao amigo delfonauta: Wes está a um passo de perder a manha. Não acredita? Então leia a resenha de Amaldiçoados e tire suas conclusões.

Craven traz agora a história de Lisa (Rachel McAdams, de Meninas Malvadas), funcionária de um hotel de Miami que pega o último vôo noturno (o qual os estadunidenses chamam de “olho vermelho”, daí o título original) para lá. Ainda no aeroporto de Dallas, conhece o simpático Jackson (Cillian Murphy, o Espantalho de Batman Begins). Mas não demora muito para ele mostrar uma outra faceta e envolver Lisa em uma trama para assassinar um figurão da política. Tudo muito misterioso e tudo muito mal explicado, numa trama boba e sem nenhuma novidade, mas que tem lá os seus méritos.

Pra começar, Vôo Noturno não é um filme de terror, mas um thriller. Trata-se de um pequeno exercício de tensão, e nesse sentido a película é muito bem executada durante toda a parte que se passa dentro do avião. Aliás, ele lembra Por Um Fio, um bom trabalho de Joel Schumacher (não acredito que acabei de elogiar esse energúmeno que colocou mamilos no uniforme do tremendão dos tremendões, o Batman!), pois se passa praticamente em um só espaço e consegue manter a atenção até o fim. Quando acaba, parece ter passado – prepare-se para um trocadilho infame – voando. Isso acontece em parte porque o filme realmente consegue deixar o espectador de olhos grudados na tela a maior parte do tempo, mas também porque ele tem só 85 minutos de duração.

E se as cenas no avião, cheias de diálogos bem construídos e boas atuações de McAdams e Murphy são o ponto alto, a seqüência final, numa casa, põe tudo a perder ao usar e abusar de todos os clichês possíveis e imagináveis, destruindo inclusive a consistência do personagem de Cillian, que de vilão frio, calculista e assustador, vira apenas mais um maluco com uma faca. Isso mesmo, o filme muda de um suspense mais psicológico para um terror slasher vagabundo num piscar de olhos. O irônico é que Craven brincou com esse monte de clichês com maestria em Pânico. Parece que ele simplesmente esqueceu como fazer isto, o que só contribui para apoiar minha teoria de que seu mojo está no fim.

Pois é, este filme só deve ser assistido naquelas “sessões macabras”, quando você e os amigos alugam uma porrada de filmes de terror e suspense e assistem um atrás do outro. Neste contexto, você vai se divertir. Porém, ainda é pouco para o homem que criou Freddy Krueger e depois revitalizou o gênero horror para uma nova geração (Pânico). Pensar que alguém capaz destas duas proezas, ultimamente só parece conseguir fazer filmes medíocres, isto sim é assustador.

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