Eu fui um dos felizardos a presenciar a turnê de reunião do Viper no já longínquo ano de 2012. Me lembro de ouvir o anúncio dessa turnê no Altas Horas, programa de sábado do plim-plim, e pela primeira vez ficar interessado em ouvir algo da banda. Até então eu só conhecia o trabalho do Andre no Shaman e no Angra, mas depois de ouvir Living For The Night resolvi ir atrás do que a banda tinha produzido.
Fiquei maravilhado com os dois primeiros discos e é claro que não perderia o show que aconteceria no Rio de Janeiro. Não só estive no Teatro Rival assistindo na grade como também estive no Rock in Rio – também na grade – para ver um Viper em ótima forma. Isso me fez ficar bastante ansioso pelo lançamento do CD e do DVD ao vivo que foram anunciados posteriormente, então vocês devem imaginar como eu fiquei feliz em poder resenhar este disco (o DVD ainda não saiu). Pois bem, vamos ao que interessa.
PEOPLE COME ON HEAR THE SOUND
A primeira coisa que eu tenho que dizer é que o setlist deste disco me decepcionou um pouco. O grande mote da turnê foi tocar os dois primeiros discos na íntegra, então foi muito estranho ver a banda retirar três faixas. As músicas retiradas foramKillera (Princess of Hell) e Signs Of The Night, do disco Soldiers of Sunrise, e At Least a Chance, do Theatre of Fate. Killera é uma instrumental que eu não faço muita questão, mas Signs Of The Night e At Least a Chance estão no meu Top 5 dos dois discos, então a ausência delas me incomodou.
Agora, de maneira geral, me chamou bastante atenção a maneira como esse disco soa mais próximo do público do que a maioria dos discos ao vivo. Na entrevista que o DELFOS fez com o Andre Matos ele já havia dito algo a respeito, e vou deixar a frase dele aqui: “O Ritualive é um DVD que eu acho, honestamente, provavelmente o melhor já feito no Brasil por uma banda brasileira desse estilo. (…)A diferença para o Viper é a seguinte: o Ritualive é muito perfeito. Ele é todo grandioso, vamos dizer assim. No caso do Viper, você se sente mais dentro do show. Ele já é um DVD com um clima mais orgânico, mas igualmente interessante.”
Ouvindo o disco eu percebi que a fala do Andre é verdadeira, e alguns detalhes evidenciam isso. A timbragem dos instrumentos está mais crua e suja do que ultimamente se tem feito em discos ao vivo, além de ficar bem claro que os músicos estão mais preocupados em curtir do que em executar as músicas de forma perfeita. Não estou dizendo que eles estão tocando mal, mas sim que você perceberá algumas escorregadas naturais de uma performance ao vivo – como acelerar um pouco a música ou entrar no compasso alguns instantes depois do momento certo.
I’M ALIVE JUST BY THE LIGHT OF YOUR EYES
Falando das performances individuais, o maior destaque para mim foi a bateria de Guilherme Martin, que está beirando a perfeição. Eu não percebi praticamente nenhuma escorregada ao longo do disco, e um baterista de metal ter uma performance tão consistente em um show de duas horas e meia é algo louvável.
O baixo de Pit Passarell ficou um tanto escondido, o que me incomodou um pouco por deixar muitos espaços “em branco”. Mesmo nos momentos em que as duas guitarras fazem base, a impressão que fica é que está faltando alguma coisa, principalmente porque o timbre delas está bastante sujo e não preenche a massa sonora de forma adequada. Assim, mesmo com guitarras carregadas de distorção, o som não fica pesado pois falta uniformidade – o que seria resolvido se o baixo estivesse mais presente.
Já a performance de Andre está bastante diferente do que eu estou acostumado. Sai aquele Andre com performances quase perfeitas e entra um vocalista que foca mais em transmitir a energia necessária, sem preocupação em perder o tempo às vezes ou escorregar a nota em alguns versos. É fato que as músicas do Viper, de maneira geral, não exijam tanto dos atributos vocais quanto músicas do Angra e Shaman, mas é bastante curioso ver um vocalista conhecido por sua perfeição ter uma performance despojada como essa. Tenho certeza de que alguns vão torcer o nariz, mas eu gostei, e pode ser que você goste também.
OUR FAITH IS IN COMMAND
Os shows cariocas da turnê do Viper foram sensacionais, e foi isso que me fez ficar tão empolgado pelo lançamento do disco ao vivo. Ainda que o disco tenha sido gravado no Via Marquês, em São Paulo, o entrosamento da banda faz ele soar realmente vivo, como um álbum desse tipo deve ser, e por isso eu recomendo que quem esteve nos shows dê uma olhada nesse lançamento. Agora resta torcer para o DVD não demorar outros três anos para ser lançado.