Van Halen – The Best of Both Worlds

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Nunca é um bom sinal quando uma banda começa a alternar lançamentos inéditos com coletâneas e CDs ao vivo. Para citar um exemplo, isso vem acontecendo com o Iron Maiden desde Fear Of The Dark (1992), período que muitos classificam como o início da decadência da banda. Porém, isso também vem acontecendo com o Van Halen desde o lançamento de For Unlawful Carnal Knowledge em 1991. Saca só, depois desse disco veio o fabuloso ao vivo Live: Right Here, Right Now (1993), seguido do de estúdio Balance (1995), que precediu a coletânea Best Of Volume 1, que por sua vez veio antes do último de estúdio da banda Van Halen III (1998). E agora, em 2004, chegamos a mais uma coletânea. E pior, como a fase Gary Cherone é completamente ignorada nesse disco, tanto em músicas, como no texto do encarte e até mesmo na discografia apresentada no livreto, o material fonte dessa coletânea foi EXATAMENTE o mesmo da coletânea anterior, ou seja, do disco de estréia Van Halen (1978) até o Balance. Tudo bem que o disco lançado com o ex-Extreme não é nenhuma obra-prima, mas também não chega a ser tão ruim a ponto de ser completamente ignorado nesse álbum. Na verdade, ele não chega nem a ser o pior disco do Van Halen.

Outra semelhança com a coletânea anterior é que aqui novamente a banda está testando uma reunião. Se antes a reunião era com o preferido de todo mundo, David Lee Roth e o disco trazia duas músicas novas, aqui o papo é com o meu preferido, Sammy Hagar e a atração principal são três músicas inéditas(Que você pode baixar e conferir minha primeira impressão aqui e aqui). Vamos torcer para que essa reunião dê certo e que não vejamos a banda voltando por volta de 2010 com uma outra coletânea trazendo quatro músicas novas com Gary Cherone. Uma outra coisa que me faz questionar sobre o futuro do Van Halen e com a perda de sua criatividade é o nome do disco, mesmo nome de uma coletânea do Marillion que tinha exatamente a mesma proposta: colocar juntas as melhores músicas de seus dois vocalistas. Que vergonha, hein, VH? Copiando bandas que provavelmente foram influenciadas por vocês? Tsc, tsc.

Bom, como a grande atração são as músicas novas, vamos começar a resenha por elas. A primeira delas é também a mais legal e se chama It’s About Time. Ela traz o Van Halen típico. Alegre, empolgante, pesado e com um daqueles refrões que grudam imediatamente na cabeça. Essa primeira música remete imediatamente à fase Balance, último disco de Sammy com a banda.

A seguinte é a engraçada Up For Breakfast (em português, De Pé Pro Café, sacou o duplo sentido?), que se não é um som tão cativante quanto a primeira, pelo menos consegue divertir com sua letra cheia de analogias sexuais das quais nem Austin Powers seria capaz.

Para terminar as novidades, temos Learning To See, que é uma balada bem pesada, mais ou menos como Feelin’ e é a pior das três, sem contar com aquelas melodias cativantes tão características das baladas da banda, como a linda Love Walks In (que está presente no álbum). Curiosamente, a banda parece ter optado por uma ordem de qualidade decrescente nas músicas novas e, infelizmente, a única das três que realmente empolga é It’s About Time. Um outro problema nessas três músicas novas é a gravação que está muito abafada e baixa demais, muito diferente daquela qualidade de som animal que temos no disco Balance (Bruce Fairbairn manda muito bem na produção).

Agora falando das músicas antigas… ah, aí sim vemos como o Van Halen é (era?) bom. Assim como a coletânea anterior (cá entre nós, você não acha que as duas coletâneas têm semelhanças demais, não?) esta também começa com uma das maravilhas da história da guitarra mundial, a curtinha Eruption (que vem antes até das músicas novas), que mostra o fantástico guitarrista Eddie Van Halen debulhando suas seis cordas como só ele sabe fazer. Continua abaixo…

Escrito por Carlos Eduardo Corrales às 12:04 AM
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Músicas – CDs – Van Halen – The Best Of Both Worlds (Warner – 2004) – Parte II

Ao contrário da outra coletânea (ei, pelo menos uma diferença, hein?), aqui a ordem das músicas não é cronológica e, com apenas algumas exceções alterna uma pérola da fase David Lee Roth com uma tacada certeira da fase Hagar. E não faltam clássicos na listagem. E adivinha só: quase todos já estavam presentes na coletânea anterior. É o caso das óbvias e fantásticas Ain’t Talkin’ ‘Bout Love, Dreams, Unchained, Right Now, Jump, Can’t Stop Lovin’ You, Panama, etc. Na verdade, todas as músicas da coletânea anterior (sem contar a Humans Being e as duas inéditas) estão presentes aqui.

Algumas injustiças da coletânea anterior também foram corrigidas e agora temos presentes alguns clássicos a mais, como Hot For Teacher (que já estava presente na versão japonesa da outra), Best Of Both Worlds, Finish What Ya Started, Not Enough, Runaround e os covers que praticamente se tornaram propriedade da banda (Oh) Pretty Woman (Roy Orbison) e You Really Got Me (The Kinks).

Mas nem tudo são flores nessa coletânea, pois em meio a tantas músicas nota 10 temos também algumas medianas que acabam abaixando a qualidade geral do CD. É o caso de Dancing In The Street, Black And Blue e Everybody Wants Some, para citar alguns exemplos. Além disso, ainda estão presentes três inexplicáveis músicas repetidas em versões ao vivo que os fãs já conhecem há mais de dez anos do álbum Live: Right Here, Right Now. São elas: Panama, Ain’t Talkin’ ‘Bout Love e Jump.

Uma atitude honesta da gravadora seria substituir essas três músicas ao vivo por Humans Being (da trilha do filme Twister e que não está presente em nenhum disco da banda), Me Wise Magic e Can’t Get This Stuff No More (as inéditas da coletânea anterior) e de repente até acrescentar Respect The Wind (outra presente exclusivamente na trilha de Twister) e simplesmente tirar o Best Of Volume 1 de catálogo, já que ela é bem inferior a esta e custa o mesmo preço nas lojas (brasileiras pelo menos). Putz, como eu sou ingênuo. Imagina só, exigir honestidade de uma gravadora (de grande porte ainda). Daqui a pouco eu vou estar vendo duendes rosas voadores carregando livros sobre cabala por aí.

Uma coisa que estranhei é que, enquanto o disco 1 é bem mais centrado em músicas mais pesadas, como And The Cradle Will Rock…, o segundo tem uma seleção bem mais voltada para músicas mais Pop (não necessariamente baladas), como Feels So Good, por exemplo. Essa opção na ordem deixa o segundo CD meio chato para nós que gostamos mesmo é de guitarras pesadas e rápidas, mas pode ter sido o ideal para os fãs radiofônicos do Van Halen, que vão sem dúvida ouvir bem mais o CD 2.

Um outro problema é o encarte. Problema comum em coletâneas, é verdade. Se bem que o Van Halen nunca foi nenhum especialista nesse quesito, mas a falta de informações e fotos é gritante (sem falar das letras). Pelo menos a capa é legal, remetendo diretamente à famosa guitarra riscada de Eddie. Principalmente se lembrarmos que o último álbum da banda, o Van Halen III, seria um grande candidato para uma das capas mais feias da história. E alguém pode me explicar por que diabos decidiram colocar aquele monte de barulhinhos pentelhos da faixa Strung Out do álbum Balance antes da Not Enough? E pior, na mesma faixa. Isso prejudica animalmente a beleza onipresente nessa música pois, ao contrário do que fazíamos no Balance, quando estavam em faixas diferentes, não podemos pulá-la aqui.

Apesar dos defeitos, Best Of Both Worlds é indispensável para qualquer pessoa que admire um bom Rock. A não ser, é claro, que essa pessoa já tenha a coletânea anterior ou mesmo a coleção completa do Van Halen. Nesse caso, compre apenas se você realmente gostar muito da banda. Foi o meu caso.